Partido do governo quer a retirada da obra intitulada 'A lança' de exposição.
Galeria qualifica as intenções de exclusão como tentativa de censura.
Um quadro do artista sul-africano Brett Murray que retrata o presidente
do país, Jacob Zuma, com seus genitais expostos, levou o partido
governamental a exigir a retirada da obra, enquanto a galeria que a
exibe insiste na liberdade de expressão e no direito à criação
artística.
A obra mostra o presidente Zuma em uma simulação de um popular quadro do líder comunista soviético Vladimir Lênin, mas com a diferença que no retrato do chefe de estado sul-africano seu órgão sexual pode ser visto.A presidência da África do Sul se mostrou revoltada com a pintura "grotesca" de Murray, e desaprovou o artista. "O presidente da África do Sul defenderá sempre os direitos de nossa constituição, inclusive a liberdade artística e de expressão, mas no exercício destes direitos, os cidadãos devem entender que eles não são absolutos", ressaltou nesta sexta o gabinete do presidente Zuma em comunicado."Além de chefe de Estado, o presidente Zuma é um cidadão e tem direito a conservar sua dignidade. Nenhum ser humano merece ser denegrido desta maneira", disse a presidência.Da mesma forma, o partido governante, o Congresso Nacional Africano (CNA), anunciou em comunicado que deu início às ações legais para impedir a exibição da obra e exigir a destruição de todo o material gráfico que a reproduza. "O CNA está extremamente descontente com a maneira indecente e de mau gosto que Brett Murray e a galeria Goodman estão mostrando o presidente Zuma", afirmou o partido em nota oficial.A exposição utiliza referências da arte comunista para mostrar a corrupção política e ideológica do CNA, um movimento de libertação de inspirado no socialismo que teve um papel fundamental na luta contra o regime racista do "apartheid", imposto pela minoria branca sul-africana.
"O retrato grosseiro e a utilização do logotipo do CNA é um abuso da liberdade artística e de expressão e uma violação de nossa constituição, além de ser difamatório", acrescentou o partido governamental, liderado anteriormente pelo ex-presidente Nelson Mandela.O retrato pode ser visto no site do jornal sul-africano "Citypress", apesar de os advogados do CNA reivindicarem a sua retirada ao meio de comunicação. "A reivindicação carece de base jurídica", indicou o jornal em comunicado divulgado em seu site.A galeria Gooodman, onde está exibida a obra de Murray, também afirmou que não retirará o quadro e qualificou as intenções do CNA de "censura". Lara Koseff, porta-voz da galeria, disse nesta sexta que sempre defendeu seus artistas, inclusive durante o "apartheid"."Quando inauguramos a exposição me lembrei do artista chinês Ai Weiwei, que foi perseguido por retratar negativamente seu governo", explicou Koseff para o jornal sul-africano "Times".
"Pensei que nós éramos afortunados por estar em uma situação diferente, por poder ter estes diálogos artísticos. No entanto, parece que alguém quer mudar estas coisas", acrescentou Lara.
Pintura com imagem de Zuma, de Brett Murray, está na The Goodman Gallery, em Johanesburgo (Foto: AFP)
O quadro, intitulado "The spear" ("A lança"), faz parte da exposição
"Deus salve o ladrão II" e está exibido na galeria Goodman de
Johanesburgo desde 10 de maio, informaram nesta sexta-feira (18) os
meios de comunicação sul-africanos.A obra mostra o presidente Zuma em uma simulação de um popular quadro do líder comunista soviético Vladimir Lênin, mas com a diferença que no retrato do chefe de estado sul-africano seu órgão sexual pode ser visto.A presidência da África do Sul se mostrou revoltada com a pintura "grotesca" de Murray, e desaprovou o artista. "O presidente da África do Sul defenderá sempre os direitos de nossa constituição, inclusive a liberdade artística e de expressão, mas no exercício destes direitos, os cidadãos devem entender que eles não são absolutos", ressaltou nesta sexta o gabinete do presidente Zuma em comunicado."Além de chefe de Estado, o presidente Zuma é um cidadão e tem direito a conservar sua dignidade. Nenhum ser humano merece ser denegrido desta maneira", disse a presidência.Da mesma forma, o partido governante, o Congresso Nacional Africano (CNA), anunciou em comunicado que deu início às ações legais para impedir a exibição da obra e exigir a destruição de todo o material gráfico que a reproduza. "O CNA está extremamente descontente com a maneira indecente e de mau gosto que Brett Murray e a galeria Goodman estão mostrando o presidente Zuma", afirmou o partido em nota oficial.A exposição utiliza referências da arte comunista para mostrar a corrupção política e ideológica do CNA, um movimento de libertação de inspirado no socialismo que teve um papel fundamental na luta contra o regime racista do "apartheid", imposto pela minoria branca sul-africana.
"O retrato grosseiro e a utilização do logotipo do CNA é um abuso da liberdade artística e de expressão e uma violação de nossa constituição, além de ser difamatório", acrescentou o partido governamental, liderado anteriormente pelo ex-presidente Nelson Mandela.O retrato pode ser visto no site do jornal sul-africano "Citypress", apesar de os advogados do CNA reivindicarem a sua retirada ao meio de comunicação. "A reivindicação carece de base jurídica", indicou o jornal em comunicado divulgado em seu site.A galeria Gooodman, onde está exibida a obra de Murray, também afirmou que não retirará o quadro e qualificou as intenções do CNA de "censura". Lara Koseff, porta-voz da galeria, disse nesta sexta que sempre defendeu seus artistas, inclusive durante o "apartheid"."Quando inauguramos a exposição me lembrei do artista chinês Ai Weiwei, que foi perseguido por retratar negativamente seu governo", explicou Koseff para o jornal sul-africano "Times".
"Pensei que nós éramos afortunados por estar em uma situação diferente, por poder ter estes diálogos artísticos. No entanto, parece que alguém quer mudar estas coisas", acrescentou Lara.
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