sábado, 22 de setembro de 2012

Vida e obra de Ney Matogrosso são destaque no Festival de Brasília

Produtora afirma que 'Olho nu' retrata a intensa personalidade do cantor.
Documentário foi feito com base em acervo de imagens do próprio Ney.

Jamila TavaresDo G1 DF

Cenas de 'Olho nu' documentário que está no 45º Festival de Cinema de Brasília (Foto: Reprodução / Divulgação)Cena de 'Olho nu', documentário que está no 45º Festival de Cinema de Brasília (Foto: Reprodução / Divulgação)
Em turnê pela Europa, o cantor Ney Matogrosso não vai acompanhar a estreia de “Olho nu”, documentário de Joel Pizzini que será exibido neste sábado (22) no 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O longa retrata a vida e a obra de Ney, mas não se baseia em entrevistas com familiares, amigos ou pessoas que trabalham ou trabalharam com o cantor.
“O Joel é um documentarista ensaísta, ele não gosta de trabalhar com entrevistas. Há apenas um comentário curto da mãe do Ney sobre o parto”, explica a produtora do filme Paloma Rocha, que está representando o diretor no festival – por motivos profissionais, Pizzini está em Berlim.
O Ney é um artista de uma integridade muito grande, ele não faz nada por fazer e isso é uma característica que você percebe ao ver o filme. O discurso dele é algo muito original, que está presente na vida pessoal e na obra dele"
Paloma Rocha,
produtora de 'Olho nu'
A base do documentário é um acervo do próprio Ney com mais de 300 horas de gravações. Pizzini começou a pesquisar o material há cerca de quatro anos para produzir uma série de televisão sobre o cantor para o Canal Brasil.
“A gente percebeu nessa pesquisa a força das imagens e percebeu que precisava fazer um trabalho que transcendesse a televisão, até porque a história do Ney transcende até mesmo este documentário”, conta Paloma.
Pizzini, que é amigo de Ney há mais de vinte anos, usou o acervo para mergulhar no universo criativo e na vida do cantor.
A forma como Ney usou o corpo como ferramenta artística ao longo dos quase 40 anos de carreira é retratada no documentário, assim como o cotidiano do cantor. O título do longa, veio justamente da ideia de conhecer o Ney por trás da imagem de figura exótica da música brasileira. Paloma afirma que o resultado mostra quão intensa é a personalidade do cantor.
“O filme é um olhar desnudado sobre esse mito, busca focar na essência da criação do Ney. O Ney é um artista de uma integridade muito grande, ele não faz nada por fazer e isso é uma característica que você percebe ao ver o filme. O discurso dele é algo muito original, que está presente na vida pessoal e na obra dele.”
Natural de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, Ney morou em Brasília por sete anos e trabalhou como técnico de laboratório no Hospital de Base, o maior da rede pública do Distrito Federal.
Em entrevista ao BDDF na última terça-feira (18), ele afirmou que gostaria muito de estar presente na sessão deste sábado porque a cidade foi fundamental em sua formação.
“Foi aqui [em Brasília] que entendi que era a arte que me interessava. Aqui tive contato com o teatro, com a música”, disse o cantor.
O único filme brasiliense selecionado para a mostra competitiva do festival completa a programação de documentário deste sábado. Dirigido por Zé Furtado, “A ditadura da especulação” aborda o choque entre empresas imobiliárias e a comunidade indígena instalada na área onde está sendo construído o Setor Noroeste, bairro de classe média alta onde o valor do metro quadrado chega a R$ 10 mil.
A sessão começa às 19h na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, o ingresso custa R$ 6, a inteira. Com entrada gratuita, os filmes serão exibidos simultaneamente no Teatro Newton Rossi; no Sesc de Ceilândia; no Teatro de Sobradinho; no Teatro Paulo Autran, no Sesc Taguatinga e no teatro do Sesc do Gama.

Entrevista com Ney Matogrosso

O cantor comenta sobre o filme Olho Nu e revela o que sentiu quando assistiu ao longa pronto pela primeira vez.

Olho Nu (Foto: Olho Nu; Ney Matogrosso)Ney Matogrosso em cena de Olho Nu (Foto: divulgação)
Como surgiu a ideia de fazer esse longa? 
A ideia foi do Paulinho (Mendonça, diretor do Canal Brasil), de fazer algo para televisão, e quando eu vi a quantidade de coisa que eu tinha, pedi que fizéssemos em película, para poder ter uma qualidade melhor e poder rodar com isso. Ou seja, fazer um filme mesmo, como deveria ser. Eu tinha 300 horas de material, de onde tiramos muita coisa, e posteriormente eles filmaram também para complementar e montar o filme. E aquilo não é nem 10%, nós temos material para uma série ainda. E o Paulinho pretende fazer.

São arquivos impressionantes.
Não sabia que existiam muitas daquelas imagens de arquivo, mas dei sorte de encontrar tudo isso. Não existia celular, essa coisa hoje do registro a qualquer momento. Era muito específico, era alguém que realmente quis filmar.
Tem muita coisa boa de número musical, isso tem que sair de alguma forma. Nem que façamos um só com os clipes, uns 20 números musicais. Sempre tive isso do apelo audiovisual. De certa forma, intuí que haveria esse formato de DVD, sempre soube que em algum momento as pessoas poderiam ver e ouvir ao mesmo tempo. Fazia sabendo que haveria, que em algum momento as pessoas iam precisar disso e eu queria oferecer.

É notável uma concepção artística diferenciada no filme, não há aquele formato clássico de documentário em que envolvidos dão depoimentos no sofá de casa, coisas do tipo. Você esteve envolvido nesse processo de elaboração? Desde sempre?
 Participei de tudo, inclusive do processo de edição. Estive bem próximo da feitura desde o começo, totalmente dentro, cheguei a ver uns seis cortes diferentes e fui opinando.
Partimos de tudo que tínhamos e depois o Joel (Pizzini, diretor) me pediu uma entrevista.
Mas ele tinha me dito lá no começo que o material era muito coerente, que parecia existir apenas uma entrevista em toda minha vida. É tudo muito coerente dentro do tempo e da trajetória. Então partimos disso e fomos acrescentando coisas. E eu gosto que seja assim, um pensamento que percorre o tempo todo, com unidade.

O Ney agora está no cinema. Que influência teve/tem o cinema na sua formação artística? 
Sempre fui ligado ao cinema, desde criança. Eu fui criado em Padre Miguel e, nos fins de semana, na igreja, eles faziam um cinema e vi muita coisa ali. Grande Otelo e Oscarito eram como os Trapalhões.

Qual foi sua impressão ao ver o filme pela primeira vez? 

Tem pouco tempo que vi pela última vez a versão final. Mas tudo depende da manipulação da imagem, para um lado, para o outro.
Da penúltima vez que vi, me achei um ser tristonho, fechado e não era para ser assim. Eu parecia um ser solitário. Então, perguntei pelas partes alegres, pelos anos 80, aquele desbunde todo, tudo que havia ficado um pouco de lado em uma das versões.
Quando colocaram isso, achei o filme mais leve, alegre, menos sisudo. Não podia prevalecer aquele primeiro espírito, aquela primeira impressão que tive, porque não era real.

Há uma pluralidade, um ritmo de edição com cortes secos, uma inquietação nas imagens, que estão totalmente em sintonia com a sua trajetória artística. Essa ligação foi consciente?Foi uma opção deles. Eu queria mais números musicais. Eu tenho mais de 20 participações, que não couberam, em seguida tive que reduzir para nove, que viraram apenas algumas passagens, com Toquinho, Fagner. De certa forma, me incomoda não ter números musicais, mas entendo e respeito a linguagem que foi para o filme.

Cruzando alguns pontos do filme - como contestar o seu pai já com 13 anos, sair de casa com 17 para o Rio de Janeiro, os filmes com Grande Otelo e Oscarito na televisão, os cantores de rádio -, é possível chegar a um pequeno corte da sua atitude nos palcos. Mas quando você viu que era possível subir em um palco com o corpo quase nu, as penas, a maquiagem, os colares etc?
Isso foi uma necessidade já dos Secos & Molhados, quando fui me apresentar com eles pela primeira vez, porque até então, cantando em Brasília, na década de 60, eu não achava que aquilo seria a minha vida. A minha meta era teatro, o palco de teatro. Eu cantava paralelamente por causa do coral e fui chamado para participações com alguns cantores, em Brasília, e foi a primeira vez que cantei MPB. Eu gostava, mas não encarava como uma realidade, não via um futuro com aquilo. A coisa aconteceu mesmo quando eu cheguei no Secos e nós íamos estrear, quando perguntei: “o que vai sobrar de espaço pra mim?”. Eu não queria ser crooner - eu vinha do teatro, assumia três personagens na mesma peça, esse lado já estava exercitado. Aí, no grupo, quando entrei no palco pela primeira vez, eu assumi aquela persona. No início ainda tinha um bigode, que depois vi que me atrapalhava. E, quando tirei o bigode, abandonei aquele personagem e assumi o outro, definitivo.

A primeira imagem do filme mostra você se maquiando, vestindo penas, assumindo uma persona, e a última coisa, enquanto aparecem preparativos pré-show e o Theatro Municipal, é uma frase em que você diz “isso que você vai ver aqui hoje; isso aqui acaba, eu vou embora e não levo isso comigo, não”. Aquele Ney do palco é, restritamente, um personagem? Isso sempre foi claro pra você? Desde os tempos do Secos & Molhados? Ou a maturidade trouxe esse distanciamento?
Aquilo nunca saiu do palco comigo, sempre vi aquilo como um personagem, desde o início, desde o primeiro dia. Sempre entendi como um personagem, mas que liberava uma parte do meu inconsciente. Como eu não tinha um rosto, eu não era alguém, eu era um ser ambíguo, isso me deu uma liberdade impressionante, sendo que eu era uma pessoa que não trocava de camisa na frente dos outros. E percebi, então, com essa coisa de não ter rosto, que eu desenvolvi uma coragem para a exposição física, que eu não supunha que existisse dentro de mim. Foi uma coisa de psicanálise, de catarse.

Em um momento do filme você diz “ser filho de militar já me fez transgressor”. Foi sempre assim? Você sempre peitou o senso comum? Isso foi fator determinante para a persona que você desenvolveu no palco?
Sim, sempre peitei, desde criancinha eu encarava o meu pai. Mas tinha limites, eu o enfrentava até certo ponto – até o dia em que ele saiu atrás de mim com um revólver. Aí eu saí de casa e ele não saberia mais nada de mim. Depois o Brasil me conheceu por completo, e consequentemente ele também, já bastante tempo depois, visto que saí de casa com 17 anos para ir para o Rio de Janeiro. E, com certeza, esse sentimento guardado da infância foi para o palco, lá na frente. Por mais que eu o enfrentasse, tinha um limite e eu guardava o sentimento.

Você fala que quando descobriu, no coral em Brasília, que conseguia chegar na região de contralto foi uma alívio saber que aquilo era uma coisa boa, e que não precisaria mais ter vergonha da sua voz. Descobrir essa sua voz te libertou para o personagem do palco?
Eu fui integrar o Secos & Molhados justamente por essa razão, por causa da voz de contralto. Sabia que aquela voz provocaria certa confusão e provocou. As pessoas ouviam no rádio e não entendiam, achavam que era uma mulher, e em seguida, quando descobriam que era um homem, vestido daquela maneira, ficava tudo ainda mais estranho. A minha intenção era provocar estranhamento, mas nunca quis ser mulher. Mas também isso nunca foi esforço, eu abria a boca e a minha voz saía assim. Logo quando comecei a cantar, vi depoimentos de professores e especialistas falando que eu não conseguiria levar aquilo por muito tempo, que eu estava forçando demais. Mas aquilo era sem esforço, aquele meu registro agudo era normal, natural.

Você estava em Brasília quando houve o Golpe de 64 e, depois, no começo da década de 70, quando a repressão era a pior no país, você estava à frente do Secos & Molhados, que era um grupo esteticamente impactante e musicalmente poético. O que isso representou naquele cenário do país? No filme você diz: “eles tinham a metralhadora como arma, eu tinha a libido”. Como a postura de vocês, e ainda mais a sua, atingiu a sociedade brasileira?Acho que foi como um atentado àquilo que mandava. Agora, também tem o fator de a preocupação deles, na época, ser com política institucional, partidária, comunismo, etc. Eu não ligava para a ditadura, nunca abri minha boca pra falar de política. A minha manifestação era artística, era outra arma, e eles não estavam preparados para isso. Houve uma brecha e com isso nós chegamos, por exemplo, à Globo, à televisão, e as crianças gostavam.
Eu penso, talvez ingenuamente, que o fato de as crianças gostarem era uma barreira para o pensamento de me impedirem de fazer aquilo. Afinal, eles podiam ter me jogado de um avião, como faziam, mas não. A coisa foi além, transcendeu aquele tipo de protesto direto, de “abaixo a ditadura”. E, no fim das contas, eles não estavam preparados para entender uma manifestação desse tipo. Eles esperavam terrorismo e aquilo não era, era artístico.

E a crítica?
A crítica recebeu muito bem, mas claro que com ressalvas. Havia uma mentalidade conservadora naquele tempo, o Brasil era um país machista – e eu sabia o país em que eu vivia. Eu estava mexendo com uma coisa que, até então, ninguém tinha tocado e tinha consciência disso, mas me fazia de morto, desentendido. Toda vez que alguém insinuava algo sobre as minhas atitudes, eu fingia que não sabia o que estavam falando. A censura perguntava “e esse olhar?” e eu falava que não sabia, mas sabia. Queriam proibir um olhar. Eu dizia que era ficção científica, além da minha compreensão, mas eu sabia de tudo, tinha completa noção do que estava fazendo.

De todos os movimentos brasileiros, talvez a Tropicália seja o que mais se conecte à sua música e performance – e o filme sublinha isso com um depoimento seu sobre Caetano e imagens do próprio. Quanto o Ney Matogrosso tem dos tropicalistas?
Eu não tinha nada dos tropicalistas, a não ser uma liberdade comportamental, que foi provocada em mim por eles. E é importante dizer que o tropicalismo tirou o poder da bossa nova, que renegava o passado e considerava as coisas cafonas. O tropicalismo veio e recolocou tudo no contexto, que era a minha maneira de ver, de pensar. Tudo valia, tudo era dentro do contexto.
E aí sim, a bossa nova era mais uma coisa dentro daquele caldeirão. Sem contar que os baianos tinham uma coisa do corpo, uma relação com a imagem. Quando vi o Caetano de rosa foi uma transgressão, que eu pensei “quero ser artista assim, desse jeito”. Um homem não se vestia daquela forma no Brasil, não podia ter um detalhe cor-derosa na meia. Enquanto isso, ele aparecia dos pés à cabeça de rosa, e do outro lado a Bossa Nova era careta, conservadora, velha. Os baianos tinham a mentalidade mais aberta naquele momento e eu me identificava com isso.
Em um dos pontos do filme, você fala que a coisa mudou com o “Pescador de Pérolas”, que já é na segunda metade da década de 80. O que mudou e por quê?
O “Pescador de Pérolas” foi o meu momento de decisão. Eu, até então, acreditava no que as pessoas falavam a meu respeito – que fazia sucesso por ser escandaloso, ficar nu, etc. Eu estava ensaiando um show novo, o Bugre, com banda, cenário, figurino, tudo pronto, e não estava feliz e pensei: vou fazer direito, sim, mas é uma coisa que eu já venho fazendo, repetida, que não sabia se queria continuar fazendo. E de repente tive o estalo de que não queria fazer aquilo tudo de novo e parei. Claro, paguei os envolvidos e tudo mais, e resolvi esperar por algo.
Enquanto isso o jornal falava que eu não estava bem da cabeça, que tinha parado, essas coisas. Mas eu me sentia muito bem por ter tido coragem de fazer o que a minha intuição me dizia. Eu vinha acelerado, de show, de fantasia, de loucura... e aí fiquei parado. Então, recebi uma proposta do Arthur Moreira Lima para fazer o espetáculo “A Luz do Solo”, e quando nos encontramos resolvemos que devíamos abrir para mais músicos - com Paulo Moura, Raphael Rabello. E aquilo foi um teste, me vesti com um terno branco e o Arthur dizia “dança, Ney”, e eu falava “não, não é isso”.
Queria me concentrar no ato de cantar, queria ter certeza da minha capacidade. Mas na primeira vez, no Copacabana Palace, na hora em que eu entrei no palco com o terno, eu me senti nu e não conseguia cantar – foi o efeito contrário. Aquele terno era um figurino, não significava que eu tinha ficado comportado. Nesse momento da minha carreira, eu tive certeza que eu podia até enlouquecer de novo, como aconteceu depois, mas eu precisava dar esse passo.

O que o filme revela para o público do artista Ney Matogrosso?
Meus pensamentos mais profundos, minhas reflexões. Mas eu não tenho mais nada escondido hoje. Durante muito tempo, em termos de sexualidade, tudo me era permitido. Todas as minhas transgressões sexuais eram permitidas, aceitas e até exigidas. E aí, a primeira vez em que falei em espírito, disseram, no jornal, que eu era xarope. Isso é engraçado, havia a permissão para a sexualidade, mas não para o espiritual. Precisavam do lado sexual, mas eu precisava mais do que aquilo.

Voltando um pouco à frase que fecha o filme – que você diz que quando você vai embora, aquilo (o personagem) não vai com você. O que o Ney leva do palco para a sua vida pessoal?
Não levo, mas claro que cresci, amadureci e me conheci muito mais. Fui capaz de coisas que eu não supunha. Nunca na minha vida tinha pensado em um dia desafiar as autoridades, por exemplo, mas eu desafiava. Eu já vivia à margem, por uma opção, era hippie, o que eles odiavam. Mas nunca imaginei que ia subir num palco e desafiar publicamente o poder, o sistema.

E daqui pra frente, após esse filme, o que ainda pode mudar no Ney?
Nada. Já tenho repertório pronto para um próximo trabalho, toco meu barco daqui pra frente, como sempre toquei. E uma vez pronto, não sei o que esperar do filme.
Tenho tido boas notícias de quem se aproxima dele. É artístico, foge do básico de documentário, pessoas dando depoimento sobre o outro.
Há um diferencial que acho muito interessante. As frases soltas, como acontecem em alguns cortes, dão outra percepção, que talvez não fosse possível com um depoimento convencional de documentário.
Não me preocupo com os prêmios, mas queria fazer algo bonito, que atingisse as pessoas do meu tempo - e que elas soubessem o que eu penso.

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