sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vivendi coloca GVT à venda por R$ 19 bilhões; 4 grupos estão interessados

JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO


A francesa Vivendi, controladora da GVT, está vendendo a operadora brasileira de telefonia e internet no momento em que ela chega à capital paulista, sede no Brasil da espanhola Telefónica -que perdera a disputa pela GVT para a Vivendi em 2009. As propostas começaram a chegar há duas semanas e nenhuma será levada adiante se for inferior a R$ 19 bilhões, mais do que o dobro dos R$ 7,7 bilhões pagos pela Vivendi para a GVT.

A Folha apurou que a Vivendi avalia quatro propostas, sendo três de fundos de "equity" (participações em empresas). Um deles é o BTG Pactual, de André Esteves. O Gávea, de Armínio Fraga, está num segundo grupo, com fundos estrangeiros. Nenhuma operadora de telefonia está em negociação. A DirecTV fez proposta, abaixo de R$ 16 bilhões. A Telecom Italia, dona da TIM, interessou-se, mas, endividada, teria de aceitar um aporte bilionário de um de seus acionistas que levaria os demais a uma diluição. Os italianos preferiram aguardar uma nova rodada de negociações, porque acreditam que a Vivendi aceitará propostas abaixo do patamar mínimo estipulado.
Além da GVT, a Vivendi está procurando interessados na Maroc Telecom, operadora de celular do Marrocos, e na Activision Blizzard, empresa de games.
A Vivendi é um dos maiores grupos de mídia do mundo e, com essas vendas, pretende retomar o foco nesse tipo de negócio. Ela é dona dos estúdios Universal. Com essa retomada, a companhia acredita que dará ainda mais retorno aos acionistas, apesar de os resultados (incluindo os negócios de telecom) ficarem acima do esperado. As ações da companhia estão cotadas a cerca de R$ 46, e a expectativa dos acionistas era algo em torno de R$ 32, considerando os impactos da crise na Europa.
ABERTURA DE CAPITAL
A Folha apurou que o prazo máximo para a venda da GVT é março de 2013. Caso nenhuma das quatro propostas seja fechada até essa data, a Vivendi colocará em prática um "plano B": a abertura de capital da GVT. Para essa tarefa, já foram contratados três bancos para estruturar a possível oferta de ações -o Deustche Bank, o Credit Suisse e o Rothschild. O modelo ainda não está fechado, mas a ideia inicial é ir direto para o Novo Mercado -onde são negociadas ações ordinárias, com direito a voto, e que exigem da companhia maior grau de transparência. O valor da oferta, nesse caso, será um pouco superior a R$ 20 bilhões.

ANTECEDENTES
Antes de ser vendida para a Vivendi, a GVT tinha 65% de suas ações pulverizadas, o que permitiu que os franceses adquirissem o controle diretamente no mercado. A Telefónica tentou comprá-lo por meio de uma OPA (Oferta Pública para Aquisição de Ações). Mas os franceses anunciaram, antes do leilão, ter obtido o controle de acionistas diretamente. A operação foi considerada irregular pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), porque parte das ações não estava integralmente garantida para a Vivendi. Editoria de Arte/Folhapress Esse caso terminou com o pagamento de uma multa pela Vivendi de R$ 150 milhões à CVM, a maior da história, para que o processo não fosse a julgamento. A Telefónica move uma ação contra a Vivendi porque, segundo a CVM, a empresa francesa não tinha o controle da GVT quando fez o anúncio ao mercado. Com a manobra, a companhia impediu a oferta dos espanhóis. Dias depois, a Vivendi concluiu a compra do controle no mercado. Procurados, Vivendi e GVT não quiseram comentar, assim como o BTG e o Gávea.

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