quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Polícia conclui que jornalista morto em Gaibu sofreu latrocínio

Do NE10

Os dois suspeitos pela morte do jornalista goiano Lucas Cardoso Fortuna, 28 anos, na Praia de Gaibu, no Grande Recife, já estão presos. As investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontaram que a vítima, ativista dos direitos homossexuais, sofreu latrocínio (roubo seguido de morte). A hipótese de o crime ter tido motivações homofóbicas foi descartada.

Lucas Fortuna foi morto na madrugada do último 18 (Foto: Facebook)
De acordo com os delegados responsáveis pelo caso, Gleide Ângelo e Alfredo Jorge, os suspeitos viram Lucas Fortuna falando ao celular nas proximidades da pousada onde estava hospedado. Com a intenção de roubar o telefone, aproximaram-se, conversaram com o jornalista, convidando-o para ir às pedras que marcam a paisagem de Gaibu. Imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos locais mostram quando Lucas Fortuna passa com os dois suspeitos em direção ao local onde seria morto. Em cima das pedras, segundo os depoimentos, tem relações sexuais com um dos suspeitos - Felipe Maurício da Silva Livino, 20 anos, conhecido como Felipe Truta. O parceiro o golpeia com uma "gravata" e dá voz de assalto pedindo dinheiro.
O jornalista tinha apenas R$ 24 na carteira, além do documento de identidade e do cartão de acesso ao quarto onde estava hospedado. De acordo com a delegada Gleide Ângelo, querendo mais dinheiro, os suspeitos espancaram Lucas Fortuna até que ele desmaiasse. "Os dois chegaram a colocar a camisa que Lucas estava vestindo na boca dele e pisar na sua barriga. Por isso, havia tanto sangue", afirmou. Ao ser agredido, segundo relato dos suspeitos à polícia, Lucas chegou a gritar para que levassem apenas o celular (Foto: Amanda Miranda/NE10) Percebendo que a vítima ainda não estava morta, apenas desacordada, os suspeitos o teriam arrastado até a ponta da pedra, a cerca de 10 metros de altura, e jogado no mar. O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que a morte foi causada por afogamento, o que indica que ele caiu no mar apenas desmaiado, embora já estivesse machucado e com dificuldades para respirar, e as escoriações e perfurações encontradas no corpo provavelmente foram feitas ao bater em pedras embaixo da água. Depois do crime, segundo relatos dos dois à polícia, eles voltaram para a pousada para pegar os pertences de Lucas Fortuna que estavam no quarto. No entanto, foram impedidos de entrar por um recepcionista. O percurso de ida e volta entre a pousada e as pedras foi feito em um tempo médio de meia hora. O DIA DO CRIME - Lucas Fortuna, que morava em Goiás, estava na Praia de Gaibu para participar de um torneio de vôlei como árbitro. Por gostar de aproveitar a noite, era escalado para apitar jogos no período da tarde. Na noite do último 17, pouco antes de ser morto, o jornalista foi jantar com nove outros árbitros em um restaurante. Depois do jantar, imagens das câmeras de segurança mostraram Lucas na rua fazendo uma ligação para uma companhia aérea, quando adiou a viagem de volta para Goiás do domingo para a terça-feira. Foi nesse momento que conheceu os seus possíveis assassinos. A polícia encontrou o corpo do jovem trajando apenas cueca, ensanguentado e com marcas de espancamento. O celular e uma carteira com o documento de identidade estavam próximos ao corpo. Inicialmente, isso poderia descartar a hipótese de latrocínio. Colegas da vítima chegaram a levantar a hipótese de que o crime foi cometido por homofobia.
Os delegados afirmaram que a carteira que o jornalista levava tinha apenas os R$ 24, o documento e o cartão para acesso à pousada. De acordo com a polícia, a que tinha cartões bancários e de plano de saúde estava dentro do quarto.

HOMOFOBIA - Mesmo depois da divulgação dos resultados das investigações policiais, concluindo que Lucas Fortuna sofreu o roubo seguindo de morte, militantes de movimentos dos direitos homossexuais ainda acreditam que a homofobia foi a causa da morte dele. A polêmica chegou a causar burburinho na apresentação das conclusões das investigações policiais, na manhã desta quinta-feira (6), na sede da Polícia Civil, no Centro do Recife. "O Fórum LGBT não admite os argumentos da Defesa Social de que o crime não é de homofobia", afirmou Raphael Negrão. A alegação é que os suspeitos confessaram cometer quatro assaltos antes da investida contra Lucas e apenas ele foi agredido e morto. O DHPP, no entanto, diz que os suspeitos também costumavam se relacionar com homens e, por isso, não tinham sentimento homofóbico. As primeiras linhas de investigação consideravam quatro hipóteses: suicídio, homicídio, afogamento acidental e latrocínio. PRISÕES - Os suspeitos - Felipe Maurício e Leonardo Manoel da Silva, 18 - são apontados por várias testemunhas como autores de vários furtos e roubos em Gaibu. "Os dois são de Escada (município da Zona da Mata de Pernambuco) e costumavam ir a Gaibu para praticar assaltos. Usando facas, chegaram a roubar quatro celulares em dois dias", afirmou Gleide Ângelo. Felipe foi preso dois dias depois da morte de Lucas Fortuna acusado de assaltar uma loja em Escada e levado para a cadeia pública do município, onde aguarda decisão judicial. A ação da polícia não foi divulgada anteriormente para não atrapalhar o andamento das investigações. O outro suspeito foi preso na noite dessa quarta-feira (5), também em Escada. Ainda na sede do DHPP, na Zona Sul do Recife, Leonardo deve ser conduzido para o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima. Os delegados têm nove dias para concluir o inquérito policial sobre a morte do jornalista. Até lá, esperam fazer uma reconstituição do crime para solucionar contradições nos depoimentos dos suspeitos. De acordo com Gleide Ângelo e Alfredo Jorge, ambos confessaram o latrocínio.

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