Retirada de pelos pubianos ajuda a prevenir parasita, dizem especialistas.
Inseto que vive em partes íntimas não é mais tão comum, segundo agência.
Eduardo Carvalho
Do G1, em São Paulo
Após a publicação de reportagem na imprensa americana que relaciona a depilação pubiana à redução de casos de "chato", doença sexualmente transmissível causada pelo inseto Phthirus pubis, médicos ouvidos pelo G1 concordam que o método contribui para prevenir esta infestação e explicam que o procedimento estético não oferece riscos, desde que sejam aplicados de forma correta e higiênica.
Neste domingo (13), a agência “Bloomberg” publicou texto sobre o método brasileiro de depilação, conhecido em alguns países como “Brazilian Wax”, e como ele pode ter contribuído para a diminuição da incidência do inseto em alguns países.
O texto cita, por exemplo, que na principal clínica de saúde sexual de Sydney, na Austrália, não aparece um caso de "chato" em mulheres desde 2008.
E, entre os homens, a redução do aparecimento desse parasita foi de 80% em uma década.
De acordo com o médico ginecologista José Bento, a depilação pubiana não impacta o sistema reprodutivo da mulher e é considerada uma das soluções para o desaparecimento do Phthirus pubis. “Na antiguidade os pelos pubianos protegiam a mulher da entrada de bichos na vagina. Hoje isso já não é preciso, já que as condições de higiene são melhores”, explica.
De acordo com o especialista, a doença é contraída durante o contato pele a pele, principalmente aquele ocorrido em relações sexuais com alguém que já tenha este parasita. “O nome 'chato' é devido à coceira que o inseto provoca”, complementa.
Método deve ser aplicado com cuidado
A médica dermatologista Valéria Freire Marcondes, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, concorda que a depilação das partes íntimas feita a laser, com cera ou lâmina contribui para reduzir a incidência de "chato".
A especialista explica que não há risco para a pele sensível da região genital feminina.
No entanto, quanto aos métodos aplicados, a médica orienta para que as clientes procurem profissionais com experiência e locais higiênicos para realizar o procedimento.
Sobre a depilação a laser, ela explica que já existem aparelhos que depilam toda a área genital. “Mas é preciso ter cuidado com esta área [do corpo], que pode apresentar um tom de pele mais escuro, confundindo com a cor do pelo. [O procedimento] precisa ser feito por uma pessoa bem treinada, principalmente se ele ocorrer na região anal”, explica a especialista.
A respeito de métodos de depilação considerados mais baratos, como aqueles que usam cera ou lâmina, a médica explica que é preciso seguir algumas recomendações. “Por ser uma região do corpo mais delicada, ao usar a lâmina é preciso escolher produtos mais sensíveis, voltados para o público feminino”.
Quanto à cera, Valéria explica que o produto não pode estar em uma temperatura muito alta, pois pode provocar queimaduras na pele. “Se a pessoa tiver alguma reação alérgica ao método, deve trocar o tipo de cera ou interromper o uso dela por algum tempo, substituindo-a pela lâmina”, explica.
No entanto, ela cita que a reutilização da cera de depilação pode oferecer riscos de contaminação de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A dermatologista explica que o material utilizado uma vez deve ser descartado.
Entre as enfermidades que podem ser transmitidas ao reutilizar uma cera de depilação, estão o vírus da hepatite, do papiloma vírus humano (HPV) – que causa verrugas nos genitais –, micoses e infecções bacterianas como impetigo, que dá uma ferida, dói, coça e pode virar uma úlcera. “Desde que a depilação seja feita maneira correta, não há consequências”.
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