terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PROFISSÃO EM EXTINÇÃO!-Aponte onde há falta de professor em escolas da rede pública de SP

Governos trataram e tratam com descaso a profissão e agora ninguém quer seguir a carreira de Magistério

A falta de professores na rede pública de ensino em São Paulo, municipal e estadual, foi uma reclamação constante de pais de alunos das mais diversas séries e regiões da cidade no ano passado. E, neste ano, o problema continua, segundo relatos ouvidos pelo G1 nos últimos dias. Para retratar o problema e dar a sua dimensão na cidade, o G1 criou um mapa interativo no qual é possível indicar a ausência de professores. Funciona assim:
1 - Entre na página do mapa neste link http://g1.globo.com/sao-paulo/mapa-escolas/platb/
2 - Digite o endereço da escola que você quer citar
3 - Amplie o mapa, clique na seta e preencha os dados
4 - Se quiser, envie uma foto da fachada da escola
Como exemplo, o G1 visitou escolas que tiveram desempenhos abaixo da média nacional no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011.  MAPA: Indique escolas onde faltam professores em São Paulo Na Zona Norte de São Paulo, na região da Freguesia do Ó, a escola estadual Professor Milton da Silva Rodrigues convivia de perto, até o ano passado, com a falta de professores, segundo conta Eloís Raimundo da Silva, pizzaiolo, pai de uma jovem de 16 anos que está no 2º ano do Ensino Médio e estuda na escola há sete anos. “Tínhamos muita falta de professor, principalmente de matemática e educação física.

A situação é bem complicada. Não sei se não há professores adequados ou se os alunos é que são complicados. As aulas recomeçaram agora, nesta semana, e quero ver como vai ser neste ano que minha filha está mais perto do vestibular”, disse o pai, enquanto aguardava a abertura dos portões da escola, na manhã de terça-feira (19). A escola teve, em 2011, o terceiro pior desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio entre as escolas da cidade de São Paulo, com média geral de 457,2. A média nacional, segundo o Ministério da Educação, foi 474,2 nas escolas públicas e 569,2 na rede privada.
Neste ano, o colégio passou por uma reformulação e passou a oferecer o ensino integral, das 7h30 às 17h. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, o quadro docente da unidade está completo e um dos diferenciais do novo programa aplicado na escola é que os professores atuam exclusivamente na unidade, com regime de dedicação integral de 40 horas semanais.

Mãe pediu transferência de filho por qualidade de ensino em escola no Capão Redondo (Foto: Nathália Duarte/G1)
No Capão Redondo, Zona Sul da capital, pais e alunos também reclamam da falta de professores. Na escola estadual Professor Ronaldo Garibaldi Peretti, que ficou entre as cinco piores colocadas de São Paulo no Ideb 2011 - com nota de 2,8 na prova aplicada a alunos da 8ª série ante a média nacional de 4,1 para a série – o transtorno é vivido pelo cobrador Messias Aparecido Rodrigues, que tem filhos de 10 e 12 anos ainda na unidade. “Tive sérios problemas com a minha filha mais velha aqui e precisei mudá-la de escola neste ano. Os alunos ficam muito à toa, com aulas vagas quando faltam professores. Eles falam aos alunos que os professores faltam porque não aguentam mais a indisciplina. Mas isso não é motivo suficiente.
Agora, em outra escola, minha filha tem tido dificuldade com o conteúdo”, contou. A mãe Conceição Maria de Oliveira também preferiu mudar um dos filhos da Escola Municipal Campo Limpo II, no Capão, devido à qualidade do ensino. “Faltam professores e falta respeito com os pais e os alunos. Meu filho perdeu a vontade de estudar e precisei trocá-lo de escola. Agora o meu caçula também quer sair daqui e estou batalhando por uma vaga em outra unidade”, contou a mãe de dois meninos, que cursam a 6ª e a 8ª séries. A escola teve a segunda pior nota no Ideb 2011 entre as escolas municipais de São Paulo, com índice de 3 na prova aplicada aos alunos da 8ª série.

Edson Ramos chega com a filha na estadual Martinho da Silva (Foto: Nathália Duarte/G1)
Ainda na Zona Sul, a escola estadual Martinho da Silva, segunda pior no desempenho no Enem 2011 entre instituições de São Paulo, também enfrenta problemas. O colégio teve média geral de 444,3 no exame, no ano passado. “A escola costuma ter substitutos para suprir a falta de professores, mas o ensino poderia ser melhor. Acho que as aulas não são ruins, mas são mal aplicadas devido à falta de professores. Teria tudo para ser uma instituição melhor”, diz Edson Ramos, pai de uma menina de 8 anos e que estuda há dois anos na escola.
Uma avó de dois alunos da Escola Municipal Presidente Epitácio Pessoa, na Zona Leste da capital, que preferiu não ser identificada, conta que os alunos da 7ª série ficaram meses sem uma das professoras em 2011, por afastamento médico. "Não tinha ninguém para dar a aula e no fim do ano meu neto ficou com notas baixas. O ensino está uma tristeza. Neste ano nos prometeram que haverá substitutas, mas alguns prejuízos não podem ser corrigidos", disse ao G1, na quarta-feira (20). A escola da Vila Jacuí é considerada por alguns moradores do bairro a melhor da região e teve índice 4,8 no Ideb 2011 para a 8ª série, acima da média nacional de 4,1. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou, em nota ao G1, que não é possível contabilizar o déficit de docentes na rede estadual uma vez que o processo de atribuição de aulas ainda não foi encerrado.
A pasta informou ainda que “as estaduais dispõem de professores eventuais, que cobrem licenças de até 15 dias, faltas pontuais de docentes titulares ou aulas em processo de atribuição. O conteúdo ocasionalmente não ministrado é reposto dentro do calendário escolar”. A Secretaria diz que, desde 2011, já foram nomeados mais de 33 mil professores em todo o estado, dos quais 10.360 ingressaram na rede estadual neste ano, sendo 1.045 só em São Paulo. A Secretaria Municipal de Educação foi procurada pela reportagem, mas não deu retorno até a publicação desta reportagem.

Alunos da Escola Estadual Milton, na Zona Norte, esperam a abertura dos portões (Foto: Nathália Duarte/G1)

Fachada da escola municipal Presidente Epitácio Pessoa, na Zona Leste (Foto: Nathália Duarte/G1)

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