Intensificou-se nos últimos dias o esforço de Gloria Perez, autora de “Salve Jorge”, e da própria Globo em convencer o espectador de que o drama da protagonista da novela, Morena (Nanda Costa), baseia-se em fatos reais.
Mal teve início o capítulo desta quinta-feira (31), uma mulher não identificada apareceu na tela para dar um depoimento de um minuto sobre o seu infortúnio:
“Infelizmente, meu sonho virou pesadelo. Fui traficada, maltratada, lançada na prostituição sem querer e resgatada a tempo ainda. Infelizmente, minha amiga não teve a mesma sorte do que eu e outras meninas. Infelizmente, alguém tinha que morrer para a gente poder ser salva.”
Ao final do primeiro bloco da novela, Zeca Camargo e Renata Ceribelli apareceram no vídeo para informar que o “Fantástico” vai mostrar este domingo uma reportagem sobre o assunto. O texto dito pelos apresentadores reforçou a ideia de que “Salve Jorge” não está inventando nada e, mais que isso, está ajudando no combate ao tráfico de mulheres.
O problema maior de Gloria Perez, creio, não é convencer o público que tráfico de mulheres existe. O problema é a novela.
O tema é ótimo. A dificuldade de convencer o espectador deve-se não a um eventual desconhecimento do assunto, mas à má condução da trama. O excesso de inverossimilhança atrapalha. Morena tinha um perfil no início da novela e, de uma hora para outra, mudou. Era esperta e arrojada e ficou boba, quase idiota. Os vilões são cômicos quando deveriam ser trágicos.
Quase nada faz sentido nas mirabolantes tramóias de Lívia (Claudia Raia) e sua turma. A mais recente, o sequestro de Morena por Russo (Adriano Garib, na foto acima) para levá-la de volta à Turquia beirou o cômico.
O esforço deveria ser no sentido de tornar a novela mais atraente e convincente.
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