Pobres produtores do Oscar. Gastam milhões de dólares em efeitos sensacionais, convidam dezenas de estrelas para o show e passam meses ensaiando cada mínimo detalhe.
E tudo isto para quê? Para a cerimônia de 2013 entrar para a história como aquela em que Mãe Lucinda foi premiada.
Tudo começou quando anunciaram o vencedor na categoria de melhor cinematografia: o chileno Claudio Miranda, por "As Aventuras de Pi" (uma vitória meio questionável, já que o deslumbramento visual do filme se deve mais à pós-produção do que à luz propriamente dita).
O vitorioso ergueu-se lá do fundo da plateia e ainda nem havia chegado ao palco quando as redes sociais já lhe arrumavam um apelido.
Graças a suas longas madeixas brancas, houve gente que o chamou de versão mais jovem e imberbe do mago Gandalf, de "O Senhor dos Anéis".
Mas aí um engraçadinho percebeu que o "look" capilar de Miranda era mesmo chupado da Mãe Lucinda, a icônica personagem de Vera Holtz em "Avenida Brasil". Foi o que bastou para a senhora do lixão escalar os "trending topics" do Twitter, meses depois do final da novela.
E não ficou por aí. Outros dois vencedores de categorias técnicas também ostentavam cabeleiras lisas e grisalhas, numa prova incontestável de que Mãe Lucinda é mesmo tendência. Até Barbra Streisand aderiu ao visual, aparecendo bem mais magra do que de costume e com os cabelos compridos e muito claros.
Claro que não foi o único "TT" da noite. Outro assunto que bombou nas redes foi o suposto "farol aceso" de Anne Hathaway. A vencedora do troféu de atriz coadjuvante (por "Os Miseráveis") subiu ao palco num estado de, digamos, visível excitação.
De nada adiantou os entendidos em moda jurarem que não era nada disso: apenas o corte do vestido Prada da moça. Mas, vem cá, você também não ficaria excitadíssimo se ganhasse um Oscar?
Adele foi outra que dominou as conversas. Tudo nela é grandioso: a beleza, o corpo, o talento, o vozeirão. A moça é tão grande que, ao receber o prêmio pela melhor canção ("Skyfall", do último filme de James Bond) das mãos do elenco de "Chicago", fez a parruda Queen Latifah parecer "mignon".
E por falar em vozeirão, que delícia foi ver Shirley Bassey cantando "Goldfinger", tema de um antigo filme de 007, e mostrando para as Beyoncés e Rihannas da vida quem é a verdadeira poderosa.
A grande injustiçada da noite foi a francesa Emmanuelle Riva, que, no esplendor de seus 86 anos completados ontem, foi derrotada na corrida pelo prêmio de melhor atriz pela novata Jennifer Lawrence (por "O Lado Bom da Vida"). Mas pelo jeito até Deus torcia pela veterana, haja vista o tombo que a vitoriosa levou ao galgar as escadas para o palco.
Já o apresentador Seth MacFarlane dividiu opiniões. Conhecido pelo humor cáustico de suas séries de animação "Family Guy", "American Dad" e "The Cleveland Show", o rapaz não teve a coragem de ser tão iconoclasta como foi Ricky Gervais nos Globos de Ouro, por três anos seguidos.
MacFarlane exibiu dois esquetes ácidos - um tributo aos peitos nus das atrizes famosas e uma paródia do filme "O Voo" em que os atores foram substituídos por meias - como se tivessem sido recusados pela produção, num telão sobre o palco. No resto do tempo, foi tão bem-comportado e previsível como Celso Portiolli apresentando o Troféu Imprensa.
A cerimônia de entrega do Oscar invariavelmente decepciona os cinéfilos como eu, e desta vez não foi diferente. Queremos mais luxo, mais glamour, mais gafes homéricas. Nada disso faltou à edição deste ano, mas somos uns insaciáveis. Que venha 2014.
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