quarta-feira, 20 de agosto de 2014

GESTÃO ALCKMIN-Alunos do ensino médio em SP têm pior desempenho em seis anos, mostra avaliação do governo

O desempenho em português e matemática dos alunos do ensino médio da rede estadual de São Paulo piorou em 2013 e é o mais baixo desde 2008, conforme avaliação do governo do Estado. No fim do ensino fundamental (9.º ano), a nota média da rede caiu em língua portuguesa e teve leve aumento em matemática — mas mostrou estagnação nos últimos seis resultados. O 5º ano do ensino fundamental, fim do primeiro ciclo, manteve a melhora. Os resultados são da última edição do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), que ocorre anualmente em toda a rede. Eles mostram problemas no ciclo final do ensino fundamental e no ensino médio, apontados como gargalos da educação. Ambas as etapas estão desde 2008 no patamar baixo de proficiência — a escala ainda demarca o abaixo do básico, adequado e avançado. No ensino médio, a nota média caiu nas duas disciplinas. Passou de 268,4 para 262,7 em língua portuguesa — quando o adequado é acima de 300. A nota significa que os alunos não percebem, por exemplo, que personagens emitem opiniões diferentes sobre um mesmo tema em uma tira de quadrinhos. Em matemática, a nota média da rede passou de 270,4 para 268,7 — a nota adequada é 350. Nesse caso, não se consegue interpretar os dados de uma tabela simples. A distância entre a nota obtida e o considerado adequado nesta disciplina representa mais de três anos de estudo, aproximadamente.

Em março deste ano, quando o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que o ensino médio havia apresentado queda no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado) entre 2012 e 2013, não era possível indicar se o aprendizado tinha piorado. O Idesp também leva em consideração dados como aprovação e adequação entre a série e idade. A Secretaria de Estado da Educação não divulgou em março os dados do Saresp — até mesmo agora não houve, a exemplo do Idesp, divulgação oficial dos resultados. A pasta atualizou as planilhas no site oficial da secretaria estadual. Segundo o professor da USP (Universidade de São Paulo) Ocimar Alavarse, especialista em avaliação, o que mais preocupa é que os indicadores estejam há anos em níveis tão baixos.

Para ele, os índices reforçam a avaliação de que as iniciativas do governador Geraldo Alckmin (PSDB) não têm surtido efeito, além de indicar que o modelo educacional implementado há anos também precisa ser repensado. — Esses números colocam a necessidade de rediscussão dessa política, que foi estabelecida com bonificação a professores vinculada aos dados, disse ele. "Outros fatores pesam, como a complexidade da rede e o grande número de professores eventuais.

Mas alguma coisa no modelo precisa ser revista." Na avaliação do 9.º ano, os estudantes da escola do Estado tiraram 226,3 em Português e 242,6 em Matemática. Para o professor Mozart Ramos Neves, diretor do Instituto Ayrton Senna, os resultados mostram uma crise do modelo de escola para os jovens. — O resultado é claramente o efeito do distanciamento entre a escola e o jovem, que se manifesta e se perpetua de forma intensa no ensino médio, diz ele. "Temos um currículo que não dialoga com o jovem e ao mesmo tempo professores de Geografia dando aula de Química, ou o contrário."

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