EDUARDO OHATA/DO PAINEL FC/MARTÍN FERNANDEZ/DE SÃO PAULO /FOLHA
A Globo e a CBF venceram esse round. O Clube dos 13 rachou e corre sério risco de ser extinto. A entidade, que congregava os 20 maiores clubes do país e que tinha como função negociar os contratos de TV do Campeonato Brasileiro, sofreu várias deserções.
O Corinthians foi o primeiro a sair. Logo atrás foram os quatro do Rio, Coritiba, Grêmio, Goiás e Vitória.
Eduardo Knapp - 14.fev.2011/Folhapress | ||
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O presidente do Corinthians, Andres Sanchez, durante entrevista de despedida do futebol de Ronaldo |
A lista tende a aumentar: Santos, Palmeiras, Portuguesa e Cruzeiro devem abandonar o Clube dos 13 em breve. A debandada se deu no mesmo dia em que o C13 preparou o edital que nortearia a negociação do próximo contrato de transmissão do Brasileiro, no triênio 2012-2014. O Campeonato Brasileiro deste ano não muda: será transmitido por Globo, Band e Sportv. Para o ano que vem, os dissidentes acenam com a criação de uma liga, sem os clubes do C13. A ideia tem a simpatia da CBF, que desde o ano passado é inimiga do Clube dos 13, mas ainda é embrionária. Os descontentes --Corinthians e clubes cariocas à frente-- argumentam que podem conseguir mais dinheiro se negociarem isoladamente. A entidade rebate que, em grupo, vai arrecadar mais. De acordo com o atual contrato, que termina neste ano, a Globo paga cerca de R$ 400 milhões por ano para o C13. O contrato inclui TV aberta, TV paga, internet, pay-per-view e placas de publicidade. A associação anunciou ontem que, com o novo modelo de concorrência, espera arrecadar no mínimo R$ 1,3 bilhão por temporada. Para essa negociação não existe mais a "cláusula de preferência", que permitia à Globo tomar conhecimento de outras proposta feita pelo torneio e igualar esse valor. A cláusula foi derrubada no ano passado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
O C13 definiu que as propostas para compra dos direitos dos três próximas edições do Brasileiro serão com envelopes fechados. O valor mínimo, só para TV aberta, é de R$ 500 milhões por ano.
Outros R$ 800 milhões anuais viriam, segundo o C13, de pay-per-view, celular, internet, TV fechada e placas de publicidade. A intenção do C13 era vender cada pacote separadamente.
Até anteontem, Globo, Record e RedeTV! se mostravam interessadas em comprar as próximas três edições do Brasileiro. Ontem, assim que Corinthians e os quatro do Rio saíram, a Globo afirmou que não faria proposta. "A emissora saiu de sua zona de conforto ao perder a cláusula de preferência", criticou Ataíde Gil Guerreiro, diretor-executivo do Clube dos 13. "Não quer fazer a concorrência com a lisura e a transparência que queremos." A Globo não comentou. Andres Sanchez não escondeu a satisfação quando a Globo se retirou da concorrência. "Do jeito que estava, só poderia dar nisso."
Saiba o que muda para o telespectador com o racha no C13
A disputa pelos direitos de transmissão do Brasileiro não terá efeito sobre a competição deste ano. A discussão que está esfarelando o Clube dos 13 é sobre como serão transmitidos os jogos do triênio 2012-2014. Neste ano, as partidas da Série A continuarão a ser transmitidas em conjunto por Band, Globo e Sportv. Mas, no ano que vem, tudo pode mudar radicalmente. Um grupo de clubes quer negociar a transmissão de suas partidas do Brasileiro de forma separada do C13, que é atualmente quem cuida da venda dos direitos. Só que, caso esses times vendam seus jogos para uma emissora diferente da vencedora da licitação feita pelo C13, pode acontecer uma grande confusão. No Brasil, as duas equipes que participam de um jogo dividem os direitos sobre o mesmo. Assim, o encontro só poderá ser transmitido caso os dois times estejam sob contrato com a mesma emissora de TV ou se houver um acordo. Um cenário possível é que a emissora detentora dos jogos de oito clubes, por exemplo, só possa veicular as partidas entre eles. Neste caso, confrontos entre times ligados a redes diferentes ficarão longe da TV. Esse não é o primeiro racha desse tipo no Brasil. No fim dos anos 90, o Clube dos 13 rompeu contrato com a TVA para a transmissão dos jogos da primeira divisão pelo canal ESPN Brasil. O que aconteceu? A emissora de TV por assinatura teve de se contentar em exibir apenas as partidas que não envolvessem os clubes filiados àquela entidade. As disputas pelo dinheiro da TV não são exclusividade do país. Na Espanha, cada time pode negociar seu acordo. Mesmo assim, o Sevilla reclama de um modelo que julga favorecer Real Madrid e Barcelona. Por isso, alguns jogos do time ficaram sem nenhuma transmissão nos últimos anos.
O Campeonato Inglês, a liga nacional mais rica do planeta, adota a venda coletiva dos direitos, como era no Brasil antes do racha.
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