terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Kadhafi reaparece e tenta salvar regime com repressão feroz

O ditador líbio Muamar Kadhafi mostrou-se decidido a permanecer no poder, horas depois de suas forças de segurança terem protagonizado os mais violentos momentos da repressão contra os protestos que exigem sua renúncia, após 42 anos no poder.Enquanto vários países condenam a virulência das forças de segurança, o Conselho de Segurança da ONU terá uma reunião de emergência nesta terça-feira para discutir a situação no país. Vários diplomatas líbios renunciaram a seus cargos nos últimos dias, em protesto contra o massacre da população.O coronel Kadhafi, de 68 anos, no poder há 42, fez uma breve aparição na noite de segunda-feira na televisão estatal líbia - "ao vivo", segundo a emissora - para atacar a mídia ocidental, criticando informações de que teria fugido para a Venezuela."Vou ver os jovens na Praça Verde. Só para mostrar que estou em Trípoli e não na Venezuela, e desmentir as televisões, essas cadelas", disse Kadhafi, que entrou em um carro para proteger-se de uma tempestade com um guarda-chuva em frente à residência-quartel de Bab Al Aziziya.Uma chuva forte caiu na noite de segunda-feira na capital líbia.Apesar do pronunciamento de 22 segundos, o poder de Kadhafi parece caminhar sobre a corda bamba: a rebelião chegou no último domingo à capital, onde os manifestantes saquearam a sede de uma emissora de TV e de rádio estatais. Ao mesmo tempo, houve ainda mais deserções, incluindo os pilotos que se negaram a bombaredear os manifestantes.
A TV estatal informou na segunda-feira sobre uma operação das forças de segurança "contra os sabotadores e aqueles que semeiam o terror", na qual "várias pessoas morreram".Moradores de Trípoli denunciaram um massacre nos bairros de Tayura e Fashlum.Neste distrito, os residentes denunciaram a chegada em helicópteros de mercenários africanos que abriram fogo indiscriminadamente contra a população.A emissora oficial de televisão desmentiu nesta terça-feira informações sobre "massacres", e denunciou "mentiras e rumores".Antes dos confrontos de segunda-feira, organizações internacionais de defesa dos direitos humanos indicavam entre 200 e 400 mortos vítimas da repressão aos protestos.A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, exigiu nesta terça-feira o início de uma "investigação internacional independente" sobre a violência na Líbia e pediu o "fim imediato das graves violações dos direitos humanos cometidas pelas autoridades líbias".
Além disso, Navi Pillay advertiu as autoridades líbias que "os ataques sistemáticos contra a população civil podem ser considerados crimes contra a humanidade".

Brasileiros presos em Benghazi prepararam saída por navio

Grupo de 130 funcionários da Queiroz Galvão estão desde o dia 16 fechados em uma casa e um hotel da cidade aguardando possível retirada.

BBC
Um grupo de 130 brasileiros fechados desde a semana passada em uma casa e em um hotel da cidade de Benghazi já se prepara para uma alternativa para deixar o país caso não seja possível tomar um avião fretado preparado para retirá-los de lá.
A possibilidade em estudo é a saída por mar, pelo porto de Benghazi, em direção a Malta ou à Itália. Segundo informações ainda não confirmadas, a pista do aeroporto da cidade teria sido danificada durante os protestos, prejudicando a possibilidade de saída com avião.A cidade de Benghazi, segunda maior do país, é o principal foco das manifestações contra o governo do coronel Muammar Khadafi, no poder no país há mais de quatro décadas.Dezenas de pessoas teriam morrido em consequência da repressão aos protestos no fim de semana. Grupos opositores teriam tomado o poder na cidade.
Os brasileiros do grupo são funcionários da empresa Queiroz Galvão, que tem contrato para seis projetos de obras de infraestrutura na região de Benghazi.
Roberto Roche Moreira vive há mais de dois anos na Líbia com a família (Foto: Arquivo pessoal/BBC)Roberto Roche Moreira vive há mais de dois anos na Líbia com a família (Foto: Arquivo pessoal/BBC)
A empresa mantém as famílias de brasileiros e também de empregados portugueses na casa do diretor da empresa para o Norte da África, Marcos Jordão. Há várias crianças no grupo. Os funcionários solteiros estão alojados em um hotel próximo.'Estamos todos bem. Temos suprimentos para mais de cinco dias, mas esperamos uma definição para conseguirmos a retirada entre hoje e amanhã', afirmou Jordão em entrevista à BBC Brasil por telefone.Segundo ele, os planos de retirada estão sendo coordenados entre a empresa e as Embaixadas do Brasil e de Portugal na Líbia.'A ansiedade é grande, todo mundo aqui está com sua malinha pronta para ir embora', afirmou à BBC Brasil Roberto Roche Moreira, que está na casa de Jordão em Benghazi com a mulher e dois filhos.
Empenho
A filha mais velha de Moreira, Mariana, que vive no Rio de Janeiro, disse à BBC que espera do governo brasileiro um empenho maior na retirada dos brasileiros presos em Benghazi.'O governo brasileiro precisa agir. Queria saber o que eles estão fazendo a respeito, mas tudo o que eu consegui ouvir nos contatos que fiz lá (no Itamaraty) foram respostas padrões. Eles só respondem que estão negociando, tudo muito vago', disse Mariana, de 27 anos.
Roberto Moreira, porém, diz que todos na casa estão 'bens e tranquilos' e diz que tanto a Queiroz Galvão quanto as embaixadas do Brasil e de Portugal estão empenhadas em conseguir a retirada dos funcionários da empresa.'Em nenhum momento nos sentimos abandonados', disse. 'O problema maior é de logística, saber quem vai liberar nossa saída', afirmou, observando que o salvo-conduto para a movimentação do grupo pode ter que ser negociado com os grupos de oposição que teriam tomado conta da cidade.
'Queremos sair o mais rápido possível, mas temos que sair com segurança, com a certeza de que não vamos enfrentar nenhum perigo pelo caminho. Aqui está todo mundo bem, todo mundo tranquilo, mas não vamos nos arriscar', afirmou.
Tiros
Segundo Marcos Jordão, o grupo de cerca de 50 pessoas que está fechado em sua casa desde a quarta-feira não chegou a observar a violência decorrente da repressão aos protestos populares.
'Nos primeiros dias, ouvíamos de longe sons de tiros, mas desde sábado à noite não temos ouvido mais nada. A cidade parece estar tranquila agora', diz.Segundo ele, as informações que o grupo recebe são escassas, por conta do bloqueio à internet e a censura na imprensa local. A única fonte de informação são os canais internacionais da TV por satélite, que não tem sido bloqueada.Os serviços telefônicos também estão prejudicados. Os brasileiros contam que conseguem receber ligações, mas não conseguem ligar para fora.
Jordão foi o único do grupo a deixar a casa, para visitar os demais funcionários alojados pela empresa em um hotel próximo. Ele contou ter visto sinais das manifestações nas ruas, como pilhas de lixo e pneus queimados e materiais militares abandonados, mas afirmou não ter visto pessoas protestando nem episódios de violência.Segundo ele, o comércio para suprimentos, como supermercados, permanecia aberto na cidade.'As informações que temos ainda são desencontradas. Sabemos que houve algo pesado, pela quantidade de tiros que ouvimos, mas cada um diz uma coisa e todos tendem a aumentar um pouco', diz.
'Temos procurado ficar distantes desses eventos, sem nos envolver', afirma.A Queiroz Galvão é a única empresa brasileira instalada na região de Benghazi. Outras três companhias do país - Petrobras, Odebrecht e Andrade Gutierrez - mantêm escritórios e funcionários na capital do país, Trípoli.

'Líbia está isolada', informa correspondente da TV Globo-País vive dias de fúria em protestos antigoverno.Ari Peixoto relata dificuldade de comunicação e de acesso a informação.

Do G1, com informações do Bom Dia Brasil
Uma 'guerra de informação e contrainformação' mantém a Líbia isolada, informa nesta terça-feira (22) o correspondente da TV Globo no Oriente Médio, Ari Peixoto. "O país está realmente isolado, [...] por exemplo com relação ao número de mortos há relatos que vão de 233 a 800 mortos. Há informações de ministros renunciando, de diplomatas entregando cargos e de militares desertando em protesto contra a violência empregada pelo governo na repressão aos manifestantes. Mas nada disso pode ser confirmado."
O ditador líbio, Muammar Kadhafi, apareceu ao vivo na TV estatal nesta segunda em imagens transmitidas de sua residência em Bab Al Azizia, na capital Trípoli. A rápida aparição seria uma maneira de negar rumores que circularam mais cedo de que Kadhafi teria deixado o país. Manifestações na Líbia pela saída de Kadhafi, no poder há 42 anos, deixaram dezenas de pessoas mortas, segundo relatos de testemunhas, após confrontos com as forças de segurança.
Segundo o correspondente em Jerusalém, brasileiros que vivem em Trípoli reclamam da falta de comunicação. "Tudo funciona razoavelmente bem até 13h, a partir daí, telefone, internet e celulares entram num modo que é impossível funcionar bem."
A Liga Árabe marcou para estar terça-feira uma reunião de emergência  para discutir a situação na Líbia. Também irá acontecer uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU. Nesta segunda, o secretário-geral da ONU ligou para o ditador Khadafi para reclamar da violência na repressão aos protestos.

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