segunda-feira, 14 de março de 2011

Japão registrou 250 terremotos moderados nos últimos dias

Alex Rodrigues /Da Agência Brasil
Em Brasília


Quatro dias após ser atingido pelo pior terremoto de sua história recente, o território japonês continua sendo sacudido por sucessivos tremores de terra. Só nas primeiras horas de hoje (14), o site da agência norte-americana de pesquisa geológica (do inglês USGS) registrou 17 ocorrências acima de 5 pontos de magnitude. O maior deles, por volta das 16h local (madrugada no Brasil), atingiu 6,1 pontos na escala Richter.Entre a última sexta-feira (11) - quando um terremoto de 9 pontos seguido de um tsunami deixou milhares de desaparecidos, um número ainda incerto de mortos e danificou uma usina nuclear - e esta manhã, já foram registrados 249 tremores de mais de 5 pontos de magnitude. A maioria deles (118) na própria sexta-feira. Em comparação, na véspera da tragédia, houve apenas cinco ocorrências. A lista é muito maior quando considerados os tremores de menor intensidade.

Japão após terremoto e tsunami

14.03.11 - Na cidade de Natori, província de Miyagi, mulher chora em meio aos destroços provocados pelo tsunami que atingiu a costa nordeste do Japão na sexta-feira  Asahi Shimbum/Reuters
Segundo o chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB), Lucas Vieira Barros, um tremor de magnitude 5 é algo moderado, mas que, dependendo da localização de seu epicentro, pode produzir graves danos. Ainda segundo Barros, os chamados abalos secundários, ou réplicas, são esperados e devem diminuir aos poucos já que as placas rochosas que formam a crosta terrestre - e cujo deslocamento provoca os tremores – tende a se acomodar em um novo ponto de equilíbrio. De acordo Barros, isso reduz as chances de que um novo tremor de igual intensidade ocorra nos próximos dias.
“Esses abalos são resultado da acomodação das placas tectônicas que continuam deslizando. Quando a placa se quebra para se acomodar é liberada energia na forma de um novo tremor, cuja intensidade tende a diminuir com o tempo, embora seja impossível dizer quanto tempo isso ainda vai acontecer. O sismo do Chile [no início de 2010] continua produzindo réplicas”, explicou Barros à Agência Brasil.
De acordo com Barros, as réplicas, em tese, podem atingir uma magnitude até 1,2 grau menor que o sismo principal. Portanto, segundo ele, no Japão seria possível a ocorrência de um novo terremoto de até 7,6 graus de magnitude, “embora isso seja pouco provável”, pondera Barros.“Dificilmente isso vai acontecer no mesmo local porque as forças que poderiam liberar a energia necessária para que isso ocorra já foram liberadas. Se um outro magnitude semelhante vier a acontecer será em outro local.”O técnico do Grupo de Sismologia da Universidade de São Paulo (IAG-USP), José Roberto Barbosa, também considera difícil o Japão voltar a ser atingido por um terremoto de igual ou maior magnitude, mas previne que não é possível prever como a natureza irá se comportar.“Dificilmente acontecerá um terremoto maior que este de sexta-feira. E, se acontecer, ele deixará de ser uma réplica para se tornar o tremor principal, enquanto o de sexta-feira passará a ser visto como um terremoto premonitor”, explicou Barros, lembrando que na quarta-feira (9) da semana passada já havia ocorrido um terremoto de 7,2 graus próximo à costa japonesa.
“No Japão, terremotos acontecem o tempo todo. Nos dias que antecederam o que causou toda esta destruição ocorreram uma série de tremores que eles entenderam como natural. Este mesmo de 7,2 assustou as pessoas, mas como não causou nenhum problema, foi interpretado como mais um tremor forte. Ninguém podia imaginar que dois dias depois fosse acontecer um terremoto cem vezes mais potente”, disse Barbosa.

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EUA detectam radioatividade em militares e reposicionam navios

14 de março - Militares apressam idosa para evacuar área de risco durante alerta para novo tsunami, em Soma. Foto: AP Militares apressam idosa para evacuar área de risco durante alerta para novo tsunami, em Soma
Foto: AP

O Pentágono informou nesta segunda-feira que 17 militares que participaram dos trabalhos de assistência no Japão após o terremoto que devastou parte do país deram positivo para "baixos níveis" de radioatividade, e reposicionou temporariamente seus navios com base na cidade de Yokosuka.
Um oficial da Marinha americana informou à Agência Efe que os militares se encontram em bom estado de saúde e, por se tratar de um nível mínimo de contaminação, a radiação pode ser eliminada com água e sabão. A Marinha dos EUA também informou em nota oficial que decidiu movimentar seus navios e porta-aviões para longe da região da usina nuclear de Fukushima após detectar contaminação de "baixo nível" perto de onde eles operavam. O porta-aviões USS Ronald Reagan se encontrava a 160 quilômetros a nordeste da usina no momento do tsunami que se seguiu ao terremoto de magnitude 8,9 que sacudiu o Japão. Os militares afetados integravam as tripulações dos três helicópteros que realizavam tarefas de socorro próximo à região de Sendai. A Marinha explicou que a dose máxima de radiação à qual a tripulação a bordo do porta-aviões foi exposta foi "menor do que a recebida em um mês de exposição à radiação de fontes naturais como as rochas, a terra e o sol". "Seguimos comprometidos com nossa missão de proporcionar assistência ao povo do Japão", ressaltou a Marinha em seu comunicado.
Terremoto pode ter movido o Japão 4 m para o leste
13 de março - Sobreviventes tentam retomar a vida dois dias após o terremoto que destruiu boa parte da cidade de Tagajo. Foto: AFP
Sobreviventes tentam retomar a vida dois dias após o terremoto que destruiu boa parte da cidade de Tagajo
Foto: AFP

A costa do Japão pode ter se movido cerca de 4 m para leste após o terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o país na última sexta-feira, afirmaram especialistas.
Dados da rede japanesa Geonet - recolhidos de cerca de 1,2 mil estações de monitoramento por satélite - sugerem que houve um deslocamento em grande escala após o terremoto. Roger Musson, da agência geológica britânica (BGS, na sigla em inglês), disse á BBC que o movimento ocorrido após o terremoto era "compatível com o que acontece quando há um terremoto deste porte". O terremoto provavelmente mudou o equilíbrio do planeta, movendo a terra em relação a seu eixo em cerca de 16.5 cm. O tremor também aumentou a velocidade da rotação da Terra, diminuindo a duração dos dias em cerca de 1.8 milionésimos de segundo.

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