quinta-feira, 21 de abril de 2011

0,25%-Veja a repercussão da decisão do Copom de subir a taxa de juros

Selic teve alta de 0,25 ponto percentual, para 12%, na 3ª alta consecutiva.Decisão surpreendeu grande parte dos analistas de mercado.

Do G1, em São Paulo
 
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros da economia brasileira era esperada pelo mercado, mas a dúvida estava em torno do ritmo da alta. Nesta quarta-feira (20), o Banco Central anunciou alta de 0,25 ponto percentual, para 12%, surpreendendo a maior parte dos analistas do mercado financeiro, que acreditava em um aumento maior, para 12,25% ao ano.
Esta é a terceira alta consecutiva da Selic e a coloca no patamar mais alto desde janeiro de 2009, quando a taxa básica de juros chegou a 12,75% ao ano. A taxa já havia sido elevada em janeiro e março deste ano.
Veja o que analistas de mercado e entidades civis acharam da decisão do Copom:
Carlos Stempniewski, professor do curso de Política e Economia das Faculdades Integradas Rio Branco
“O governo queria quebrar a barreira psicológica dos 12% e isso tem toda uma simbologia – de que a taxa está aumentado, o governo está combatendo a inflação, a autoridade monetária vê na taxa de juros um instrumento efetivo das pressões inflacionárias. Todo o mercado financeira esperava [aumento de ] 0,5 ponto percentual. Para o mercado financeiro, taxa mais alta, maximiza o resultado. O trabalhador, a sociedade, que é quem paga efetivamente esta conta, esperava que diminuísse a Selic, porque sinaliza um aumento generalizado para o mercado. Iludem-se aqueles que imaginam que com esse 0,25 a inflação está domada, deixa de existir ou será menos agressiva. É uma medida paliativa. Podemos esperar aumento de entrada de dólares, o real deve ficar mais forte.
Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados"É importante dizer que não foi uma votação unânime, o que indica que mesmo dentro do Copom existe certo dissenso em relação ao tamanho da elevação de hoje. O Copom ressalta que dadas as incertezas todas, preferiu adotar estratégia de implementação de ajuste por um período suficientemente prolongado. Essa é a chave para dizer que não é a último [aumento]. Todo mundo vai aguardar a ata para entender melhor o detalhamento e quais os próximos passos. Mas, pelo menos para a próxima reunião, a gente deve ter mais 0,25 [ponto percentual]."

Silvia Matos, economista e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV)
“Entendo esse 0,25 [ponto percentual] porque temos alguns sinais de que a economia está desacelerando, assim como a economia mundial tem mostrado sinais de arrefecimento. Olhando os dados, vejo cenário um pouco preocupante, tanto do ponto de vista de inflação, quanto de atividade. Acredito que o Banco Central vai aumentar mais 0,25 na próxima reunião. Ontem, saiu o dado do Caged, mostrando menor contratação; o IBC-Br, indicador mensal do PIB, mostrando crescimento; o dado das vendas do varejo mostraram queda. Tanto fevereiro quanto março, com a mudança do carnaval, dificulta a análise. Seria mais interessante analisar o trimestre. Nesta perspectiva, a média de contratação no primeiro trimestre de 2011, comparado com último trimestre de 2010, mostra estabilidade. O IBC-Br dos três últimos meses comparado aos três primeiros meses deste ano, também mostra certa estabilidade. Parece que tem alguns sinais, mas não estão muito fortes. Na minha percepção, teria que ser 0,50."
Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
"Apesar de ser uma medida desagradável e que terá reflexos negativos sobre a economia, ela se tornou inevitável para tentar atuar sobre as expectativas. O melhor seria que o governo agisse de forma mais efetiva no controle dos gastos para reforçar a ação do Banco Central.”
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
“A elevação de 0,25 ponto percentual não vai reduzir os preços mundiais de commodities, que pressionam os preços internos. Vai, sim, aumentar ainda mais o gasto público brasileiro. O Brasil dá mais um passo atrás no estímulo de seus setores produtivos e da geração de empregos. Quem defende uma taxa de juros nesse patamar não está defendendo os interesses do Brasil. Esta minoria está defendendo seus próprios interesses."
Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ
“O Banco Central não teve saída. Infelizmente, a elevação de 0,25 ponto percentual, além de tornar o crédito ainda mais caro, representa uma despesa extra com juros para o setor público de R$ 2,65 bilhões. A decisão agrava o quadro fiscal do país e exige ações mais efetivas."
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical
"Esta decisão desastrosa do governo caminha na contramão do desenvolvimento econômico com distribuição de renda. O governo, mais uma vez, atende os interesses do capital especulativo, com uma clara demonstração de que o espírito conservador continua orientando a política monetária."
Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
“Estão aumentando a dose de um remédio que já não surtiu efeito, e que não é adequado para a doença em questão. É preocupante, porque esse remédio, em doses muito altas, pode matar o paciente ao invés de curá-lo.O governo precisa conseguir novas estratégias para conter a demanda, porque o problema é que não há oferta suficiente, e muito provavelmente chegaremos a 2012 com inflação acima do teto da meta, de 6,5%. O Brasil precisa de infraestrutura condizente com sua capacidade de consumo, e o aumento de juros vai na direção contrária de resolver essa questão."
Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio)
“Manter inflação baixa com juros altos é incoerente. Em relação ao câmbio as medidas tomadas a conta gotas prejudicam a imagem do Brasil no cenário mundial.”
Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio)
“Manter inflação baixa com juros altos é incoerente. Em relação ao câmbio as medidas tomadas a conta gotas prejudicam a imagem do Brasil no cenário mundial.”
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT
“O Banco Central mais uma vez cedeu à chantagem do mercado financeiro, que faz terrorismo com o risco inflacionário e com suposto descontrole das contas públicas, mesmo com a redução do ritmo de geração de empregos em março, o que indica desaceleração de importantes setores da economia, e do superávit fiscal de R$ 40 bilhões nos primeiros três meses do ano.”
Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro)
"O novo aumento da taxa básica de juros expõe a carência de uma política fiscal que contribua para conter a inflação e a persistente apreciação cambial. Em um cenário que combina elevada liquidez internacional com expressivos diferenciais de juros e crescimento econômico, a redução dos gastos públicos é o único remédio para esses males. No entanto, o comportamento das contas públicas é desanimador. (...) A opção de arrefecer os aumentos dos preços exclusivamente através da política monetária, além de limitar a geração de empregos, comprometer o crescimento econômico e privilegiar as importações, dificilmente será exitosa."

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