segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

EUA querem apagar dados de 50 milhões de usuários do Megaupload nesta semana

Do UOL, em São Paulo*
  • Advogado diz que dados de 50 milhões de usuários correm o risco de ser apagados Advogado diz que dados de 50 milhões de usuários correm o risco de ser apagados
O conteúdo do site de compartilhamento de arquivo Megaupload pode ser apagado ainda nesta semana -- um dos advogados da página diz que os dados de 50 milhões de pessoas correm riscos. Segundo promotores públicos envolvidos no caso, esses dados devem ser deletados até quinta-feira (2). No día 19 de janeiro, o site foi bloqueado pelo FBI (polícia federal dos EUA) e os responsáveis pela página, presos. Dos sete suspeitos de terem envolvimento com o site – acusado de promover pirataria em massa --, seis foram detidos e um está foragido. Desses seis presos, dois já foram soltos.
A empresa afirma que milhões de usuários armazenam arquivos pessoais no site, incluindo fotos de família e documentos pessoais. O conteúdo está indisponível desde que o Megaupload foi bloqueado, há mais de uma semana. O Megaupload contrata empresas terceirizadas para armazenar o conteúdo, pagando por isso. Mas Ira Rothken, um dos advogados da companhia, afirmou no domingo (29) que esse pagamento não pode ser realizado porque as contas foram congeladas pelo governo. O site é baseado em Hong Kong, mas alguns de seus servidores ficam na Virgínia – por isso os EUA teriam autoridade para agir, apagando parte dos dados.
Uma carta de sexta-feira (27) dos procuradores do Distrito Oeste de Virgínia afirma que as empresas de armazenamento Carpathia Hosting e Cogent Communications Group podem deletar os dados na quinta-feira (2). Procurados pela agência de notícias AP, os porta-vozes das companhias não responderam à solicitação de entrevista. A carta, que faz parte do processo, afirma que o governo obteve alguns dados dos servidores, mas não os confiscou.
 
Foto de arquivo mostra Kim Schmitz em Hong Kong, em 1999. Ao fundo, um helicóptero. Com 37 anos, o homem aparece no grupo de dez pessoas mais ricas da Nova Zelândia. Ele é considerado apaixonado por carros de luxo, mulheres e mansões Reuters
Rede de pirataria
As autoridades dos EUA tiraram o Megaupload do ar por considerar que o site faz parte de "uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial" que causou mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. Em resposta, os hackers do Anonymous atacaram sites do governo e de gravadoras, tirando-os do ar.
O site Megaupload tem mais de 150 milhões usuários registrados, 50 milhões de visitantes diários e soma 4% de todo tráfego da internet mundial.Kim Dotcom teve a liberdade sob pagamento de fiança negada e permanecerá na prisão até 22 de fevereiro, enquanto as autoridades dos Estados Unidos buscam sua extradição acusando-o de pirataria em massa. Segundo autoridades, o serviço rendeu a seu fundador, somente em 2011, US$ 42 milhões. A Justiça da Nova Zelândia congelou o equivalente a R$ 15,6 milhões em bens do fundador do site naquele país.
Segundo o FBI, sete pessoas são suspeitas de operarem o Megaupload e sites relacionados: das seis detidas, duas já foram soltas. Um suspeito está foragido. O detalhamento da ação inclui lavagem de dinheiro e infrações graves de direitos autorais.A acusação diz ainda que o MegaUpload recompensava usuários -- o documento não detalha quanto -- que subiam para o site os programas mais baixados. Aqueles que faziam upload de conteúdos ilegais, como cópias de programas e DVDs de filmes populares, eram os mais bem pagos. A pena máxima pelos crimes é de 20 anos.
“Indústria do crime”
O FBI definiu os negócios de Kim Schmitz como “indústria do crime”. “Por mais de cinco anos, o site operou de forma ilegal reproduzindo e distribuindo cópias de trabalhos protegidos por direitos autorais, incluindo filmes – disponíveis no site antes do lançamento –, músicas, programas de TV, livros eletrônicos e softwares da área de negócios e entretenimento”, diz o órgão.De acordo com o FBI, o modelo de negócios do site de compartilhamento de arquivos promovia o upload de cópias ilegais. Tanto é que o usuário era recompensado pelo site quando incluía arquivos que eram baixados muitas vezes. Além disso, o Megaupload pagava usuários para criação de sites com links que levavam para o serviço.Conforme alegado no processo, os administradores do site não colaboraram na remoção de contas que infringiam direitos autorais, quando solicitados pelas autoridades. Para citar o “descaso” da empresa, o FBI comenta que quando solicitado, o site ia lá e removia apenas uma cópia, deixando disponível outras milhares de cópias do arquivo pirateado.
Milionário excêntrico
Kim Schmitz, que fez 38 anos na prisão, foi detido na mansão onde morava com a mulher grávida e três filhos em Coatesville, cidade próxima a Auckland (Nova Zelândia). A casa está avaliada em US$ 30 milhões (cerca de R$ 52,7 milhões). Apesar de ter gasto cerca de R$ 5,7 milhões em uma reforma, a casa não pertence a Dotcom: ele tentou comprá-la sem sucesso por causa de problemas na Justiça, fazendo então um contrato de leasing com o proprietário.De acordo com o detetive da polícia de Auckland, Grant Wormald, o fundador do Megaupload tentou se esconder em uma sala fortificada (bunker) de sua mansão quando notou a chegada das autoridades. “Ele ativou uma série de mecanismos eletrônicos para fechar portas. Quando a polícia neutralizou as fechaduras, ele se trancou dentro da sala cofre”, disse Wormald.
Quando conseguiram abrir a sala, as autoridades encontraram Dotcom com uma espingarda de cano cortado. “Definitivamente não foi tão simples quanto bater na porta da frente e entrar”, comentou o policial.
Os policiais confiscaram ainda vários veículos de Dotcom, entre eles um Cadillac rosa de 1959 e um Rolls Royce Phantom -- este último avaliado em mais de US$ 400 mil (cerca de R$ 705 mil). Também foram confiscados jet skis.Dotcom nasceu na Alemanha e tem também cidadania finlandesa. No entanto, tem residência fixa na Nova Zelândia e o site é baseado em Hong Kong -- lá o serviço Megaupload está barrado desde 2009. Os serviços do Megaupload também tinham sido anteriormente bloqueados na Índia e na Malásia.
*Com AP
 
Imagine um mundo sem internet, onde você precisa enviar um arquivo, seja ele qual for, a um amigo, alguém da família, um cliente. Impossível, não é? Mas essa era a realidade das pessoas há cerca de quarenta anos. Antes da rede mundial de computadores, compartilhar arquivos dependia de mídias físicas – fitas magnéticas e disquetes, por exemplo. E desde aquela época havia a discussão do direito sobre a propriedade intelectual (e pirataria).

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