terça-feira, 3 de julho de 2012

Marrocos impede cruzeiro gay de visitar centro econômico do país

El País F. J. Pérez e I. Cembrero
Em Málaga e Madri (Espanha)
  • Evaristo Sá/AFP
O "Nieuw Amsterdam" é uma ilha de liberdade para seus 1.564 passageiros - na grande maioria homossexuais, 95% homens -, e um verdadeiro pesadelo flutuante para os homófobos de todos os signos. Enquanto em dezenas de capitais ocidentais se comemorava o Dia do Orgulho Gay, Marrocos negava a entrada desse navio de cruzeiro de bandeira holandesa no porto de Casablanca, uma escala confirmada havia meses. E acabou em Málaga, Espanha.
"Eu estava no cabeleireiro quando o capitão anunciou por megafone que a escala em Casablanca estava cancelada por motivos de segurança e porque a chegada do barco havia se transformado em um assunto de controvérsia pública", afirma Eric, de Washington (EUA), funcionário do governo americano que pagou cerca de 7 mil euros por passagens para duas pessoas.
Segundo a companhia de navegação Holland America Line e a empresa que organizou a viagem, a RSVP Vacations, especializada no mercado gay, foram as autoridades do país africano que rejeitaram o desembarque dos homossexuais, a metade deles americanos.Mas o ministro do Turismo, Lahcen Haddad, veio a público para desmentir o veto. "Não proibimos nenhum navio e não perguntamos a nossos visitantes suas preferências sexuais", declarou. Não foi ele quem tomou a decisão de vetar o desembarque, mas seu homólogo do Interior, Mohand Laenser. Os gays previam visitar a Grande Mesquita de Casablanca, a única em que podem entrar os não muçulmanos fora do horário de culto; 1.500 homossexuais concentrados ali poderiam, segundo temia o ministro, provocar uma tempestade de protestos entre os setores mais conservadores.
No Marrocos, como em quase todos os países muçulmanos, a homossexualidade é um crime. O artigo 489 do Código Penal prevê penas de três meses a três anos de prisão para quem a praticar e multas de 120 a 1200 dirhams (de 11 a 111 euros). Quase nunca é aplicada. Alguns jornais, como "Al Khabar", lembraram a contradição entre a legislação vigente e autorizar o desembarque maciço dos passageiros gays. Outros indicavam, por outro lado, que numerosos visitantes de Marrakech, a cidade que recebe mais turistas, são gays.Desde janeiro, quando o primeiro-ministro islâmico, Abdelilah Benkirane, encabeçou pela primeira vez o governo marroquino, uma onda de rigor percorre o país.
Não poder visitar Casablanca - o destino mais exótico do cruzeiro - representou uma decepção para os passageiros. "No ano passado estivemos na Tunísia com o mesmo barco e tudo correu muito bem", afirma John Ribson, de Toronto (Canadá).
Alguns viajantes haviam contratado uma excursão optativa para Marrakech, destino que tiveram de trocar pelo Museu Picasso e a praia de La Malagueta. "Não deixaremos nosso dinheiro no Marrocos, vamos deixá-lo na Espanha." Os californianos James e Nat, que estão juntos há 16 anos, disseram: "Pensávamos que os marroquinos fossem mais sofisticados".
Foto 3 de 23 - Pessoas participam da marcha anual do Orgulho Gay em Paris (França); o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, disse na sexta-feira (29) que seu governo aprovará o casamento gay e a adoção por casais do mesmo sexo Thomas Samson/AFP
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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