segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CD-“Gravei sozinho pra mostrar pros engraçadinhos que eu também canto”, diz Marrone

No mês de setembro, chegou às lojas o CD/DVD “Pela Porta da Frente”, do Bruno e Marrone.
Com participações de Michel Teló, Jorge e Mateus e George Henrique e Rodrigo, o projeto tem nome de uma canção antiga da dupla, e ainda traz Marrone cantando a primeira parte de “24 horas de amor” sozinho.
Em 5 anos de blog, tudo o que se falou de Bruno e Marrone deu discussão, muito provavelmente por todas as gerações, até os mais novos, se sentirem mais “entendidos” de Bruno e Marrone, já que apesar de não ser exatamente recente, o sucesso deles já é dos anos 2000.
Nos últimos anos, em meio a ascensão da nova turma de cantores sertanejos, a dupla correu pra se adaptar, e a adaptação não foi das mais fáceis e nem das mais elogiadas.
Após o criticado-jovem “Sonhando”, veio o “Juras de Amor”, que se não voltou 10 anos atrás, ao menos teve mais a cara de Bruno e Marrone.
Na semana passada, conversei com a dupla, inclusive com o Marrone, que não costuma falar tanto nas entrevistas. A conversa pode ser conferida abaixo.
Vocês sempre foram muito bem em DVD’s. Discute-se um detalhe ou outro, mas todos são considerados de bom pra cima. O “Pela Porta da Frente” mantém o padrão alto?
Marrone: O repertório tá muito bacana. Foi feito com calma e sem preocupação. Nós pegamos coisas do momento e misturamos com coisas nossas do passado. Pela experiência, sabemos que não pode fugir muito do que é Bruno e Marrone, tanto que pegamos algumas coisas passadas fortíssimas. Tem um grande diferencial sempre que é a voz do Bruno, isso conta muito. Do que a gente escolheu pro momento, tem a parceria com o Michel Teló, que é mais uma brincadeira, e tem a participação do Jorge e Mateus, de quem a gente gosta muito e que são nossos fãs também. A “Não vou aceitar” em pouco tempo já virou uma das mais tocadas do país, é uma das músicas fortes do DVD.
Bruno: Eu acho que a gente conseguiu atingir o nosso objetivo. Gravar Bruno e Marrone com uma pitada do novo. Quem comprar esse DVD vai gostar do vídeo, do áudio e do repertório. Claro que não vai agradar todo mundo, todo mundo tem consciência disso, mas com certeza é um trabalho muito bem feito.
Pela primeira vez, o Marrone gravou uma música, “24 horas de amor”, fazendo a primeira voz. De onde veio a ideia?
Marrone: Essa música eu sempre gostei de cantar. Pra diferenciar um pouco, como a gente já fez tudo o que tem direito, a gente decidiu que eu ia cantar a primeira parte. E tem outra coisa também. Serviu pra mostrar pra muita gente que o Marrone também canta. Quem entende de música, sabe do meu trabalho, cantei sozinho no DVD também pra mostrar pros engraçadinhos que eu também canto. (a canção pode ser ouvida no tocador abaixo).
Os problemas do ano passados, que começaram com o acidente e resultou no seu afastamento do palco, foram superados?
Marrone: Graças a Deus hoje tá tudo bem. O ano passado foi complicado por vários motivos, e principalmente foi chato o povo falar que a gente ia acabar, ia separar. A gente foi na TV, explicou que não tinha nada a ver com separação, mas mesmo assim, por maldade, falavam que a dupla ia acabar. Só cascata, mentira. Depois das dificuldades que eu passei, hoje nós estamos muito mais unidos e muito mais felizes.
Vocês já passaram da marca de uma década fazendo sucesso, são praticamente 11 anos no primeiro escalão da música sertaneja. Como se faz pra conseguir isso e não ser engolido por uma nova geração?
Bruno: A época que a gente surgiu foi meio que um divisor de águas. Teve o pessoal dos anos 1990, teve o Rionegro e Solimões no finalzinho da década e aí veio a gente. Nós meio que lançamos esse negócio do jovem gostar de música sertaneja, essa coisa do jovem sair da faculdade de ir pro show. Tanto que muita gente que faz sucesso hoje, o Michel, Luan, Jorge e Mateus, citam a gente como referência.
Mas se manter, se colocar no mercado, é muito dificil. A gente sabe que o que tá rolando hoje tem menos qualidade, mais ritmo que letra, quanto mais fácil melhor. É complicado decidir o que fazer, pra qual caminho ir.
Marrone: Nossa trajetória acho que pesa muito. É um conjunto de coisas. Nós sempre trabalhamos muito, as pessoas que trabalham com a gente nunca se acomodaram, sempre foram pra cima dos problemas. Nós até hoje arregaçamos a manga e enfrentamos tudo, somos jovens, a voz do Bruno tá cada vez melhor, então continuamos enfrentando os desafios como sempre fizemos. Eu acredito que esse seja um dos principais motivos pra gente estar nesse patamar até hoje. Em 26 anos de carreira acontece muita coisa, e a gente usa essa experiência pra não repetir os erros.
Vocês hoje formam uma dupla estabilizada, consagrada, mas mesmo com todo o respeito conseguido, o penúltimo CD de vocês, “Sonhando”, foi muito criticado por ter uma linguagem voltada para o novo sertanejo. Foi um erro?
Na verdade eu acredito que a gente arriscou na hora certa. A gente tava no meio de um turbilhão, uma guerra e ninguém sabia o que fazer. Era música diferente de todo lado e muita gente ficou perdida. Eu tava sem produtor, quem produzia era o Kwen, que trabalha com a gente, mas era eu quem mandava. Aí junta com o escritório querendo algo mais “pra frente”, e eu tendo que aceitar mesmo sem querer.
Quando a gente trouxe o Dudu (Borges, produtor), as coisas mudaram bastante. Ele serviu como filtro, foi o cara que falava “isso pode”, “isso não pode”. A gente precisava de alguém assim. Eu confesso que sou meio molão pra essas coisas, eu gosto do que todo mundo gosta, então não sou a melhor pessoa pra discutir essas coisas. Ele voltou a dar uma cara de Bruno e Marrone pra dupla, e pra gente cantar esse estilo mais nosso é a coisa mais fácil e prazerosa do mundo.
Quem acompanha a fundo a música sertaneja, diz que você é, sem muita discussão, uma das maiores vozes que nós já tivemos. Como você vê isso?
Bixo, tem muita gente muito boa, o que varia é mais o estilo. O Xororó, o Zé Rico, o Matogrosso… Eu não penso nisso e nem quero pensar, prefiro que as pessoas fiquem com essa discussão. Mas eu fico feliz, claro.
É raro o cantor sertanejo com bastante estrada que não tenha tido algum problema nas cordas vocais. O que você faz pra conseguir manter a voz com qualidade depois de 26 anos cantando profissionalmente?
Você deve saber que, na verdade, o grande lance da voz é a forma de cantar, aquele papo de cantar com técnica. Quando a gente cantava em bar, tinha dia que era 4 ou 5 horas de música, e eu acabei tendo que ir numa fono, então eu aprendi a técnica lá no começo da carreira. Tenho 43 anos e não tenho problema, devo isso a ter aprendido a cantar direito lá atrás.
E o personagem do “Pânico”, Marrone?
Rapaz, acho bacana demais. Fazem isso porque me admiram, o menino que me imita (Guilherme Santana) é fã da gente, e ele achou que o personagem podia ser popular e dar certo. É legal ser lembrado sem ser por coisa negativa.
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Sobre o novo DVD, eles foram unânimes em escolher a música preferida: o bolero “Sem ninguém me ver chorar”, composição do Bruno e do Felipe.

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