terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sobrevivente de incêndio no RS diz que fogo foi causado por vocalista

Cantor confirmou que usou sinalizador, mas negou ter provocado incêndio. Jéssica Montardo Rosado perdeu o irmão na tragédia em Santa Maria.

Paulo Toledo Piza

Do G1, em Santa Maria (RS)

Jéssica e o irmão, Vinicius, morto no incêndio em Santa Maria (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Uma fã do grupo que tocava na boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo (27) afirmou que foi um sinalizador soltado pelo vocalista da banda Gurizada Fandangueira que causou o incêndio. A versão da auxiliar de escritório Jéssica Montardo Rosado, de 24 anos, contraria o que o cantor Marcelo Santos disse à Polícia Civil gaúcha em depoimento. De acordo com o promotor criminal Joel Oliveira Dutra, que acompanha o caso, o vocalista Marcelo Santos admitiu ter segurado um sinalizador aceso durante o show, mas acrescentou que as faíscas do artefato não provocaram o incêndio que matou 231 pessoas. Jéssica disse ao G1 que estava bem em frente ao palco. "Ele [cantor] estava com uma luva com o sinalizador. Ele usou no começo e depois, quando cantava um funk." Segundo a jovem, uma faísca atingiu o teto e a espuma acústica. O fogo se espalhou rapidamente. "Deu uma labareda. Ele tentou apagar com garrafas de água, mas não conseguiu", afirmou a jovem, que perdeu o irmão mais velho, Vinicius, na tragédia. Ela não foi chamada pela polícia para depor. As causas do incêndio ainda são investigadas pela polícia. Além de Jéssica, outras testemunhas relataram que o fogo começou depois que o vocalista acendeu o sinalizador. Delegados aguardam o resultado da perícia para verificar o que ocorreu e onde as chamas começaram. O delegado Marcos Vianna, responsável pelo inquérito, disse ao G1 que uma soma de quatro fatores contribuiu para a tragédia: 1) o fato de a boate ter apenas uma saída e a porta ser de tamanho reduzido; 2) o uso de um artefato sinalizador em um local fechado; 3) o excesso de pessoas no local e 4) a espuma usada no revestimento do teto, que pode não ter sido a mais indicada e ter influenciado na formação de gás tóxico, contribuindo para as mortes.
A promotora Waleska Agostini, responsável pelo caso, disse nesta terça (29) que, ao depor à polícia, um integrante da banda "deu a entender" que o fogo não foi causado pelo sinalizador. "Ele disse que o material não tinha pólvora e que seria de fogo frio. Portanto, não teria a capacidade de queimar", afirmou a promotora, sem dizer quem foi o integrante que deu a declaração. O vocalista e um responsável pela segurança do palco da banda foram presos na segunda-feira (28) por determinação judicial. Além deles, Mauro Hoffmann, um dos sócios da boate, teve a prisão temporária decretada pela Justiça por 5 dias e foi encaminhado ao Presídio de Santo Antão, a cerca de 7 km do Centro de Santa Maria. Elissandro Spohr, o Kiko, que também é sócio da casa noturna, foi detido em um hospital de Cruz Alta e está sob custódia da polícia. Ele está internado para tratar uma intoxicação causada pela fumaça. Depoimentos apontam para uso de sinalizador Segundo o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Ranolfo Vieira Júnior, os depoimentos prestados até o momento apontam para a versão de que o vocalista usou o sinalizador. "Tanto depoimentos colhidos por nós com o público quanto com integrantes da banda comprovam que o vocalista usou o sinalizador", afirmou. Em entrevista ao G1, o baterista Eliel de Lima, de 31 anos, e o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos, disseram que não viram quem acionou o efeito pirotécnico.

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