Daniel Day-Lewis quebrou o recorde de estatuetas de melhor ator no Oscar. Com a vitória por seu trabalho em “Lincoln”, ele agora tem três prêmios na categoria, feito jamais alcançado. A 85ª edição da cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood aconteceu neste domingo (24) em Los Angeles. Antes do reconhecimento pelo filme de Steven Spielberg, o britânico havia vencido por “Meu pé esquerdo” (1989) e “Sangue negro” (2007).
A nova estatueta encerra uma temporada especialmente próspera para Day-Lewis, 55, conhecido pelo método quase obsessivo com que costuma se preparar para seus papéis. Sua intepretação do 16º presidente dos Estados Unidos garantiu, por exemplo, os prêmios do Globo de Ouro, no sindicato dos atores (SAG), do Critics Choice Awards e do Bafta (considerado o Oscar britânico).
Já em 2012 havia quem antecipasse esse acúmulo de troféus. Em sua edição de 5 de novembro, a revista “Time” estampou Day-Lewis na capa e assim resumiu: “O maior ator do mundo”.
Daniel Michael Blake Day-Lewis nasceu em Londres em 27 de abril de 1957. É filho do poeta inglês Cecil Day-Lewis (que também assinava Nicholas Blake), informa a biografia no portal IMDb. Estudou atuação na Bristol Old Vic School e debutou no cinema em “Domingo maldito” (1971). Após a estreia, deixou os filmes de lado, em favor do teatro. Integrou as companhias Bristol Old Vic e Royal Shakespeare, e só voltou à tela grande em “Gandhi” (1982).
Nos anos seguintes, atuaria em “Minha adorável lavanderia” (1985) e “A insustentável leveza do ser” (1988). Terminou aquela década com seu primeiro Oscar de melhor ator, por “Meu pé esquerdo”, conseguido logo em sua primeira indicação. A nomeação seguinte veio com “Em nome do pai” (1993). Na primeira metade da década de 1990, consolidou-se ainda com “O último dos moicanos” (1992).
Um perfil de Day-Lewis publicado no final de outubro passado pelo “The New York Times” menciona os “sacrifícios” já feitos pelo ofício. “Para ‘O último dos Moicanos’, ele aprendeu sozinho a construir uma canoa, a usar arma de fogo, a fazer armadilhas para capturar animais e a tirar a pele deles”, exemplifica o texto.
A minúcia teria se repetido em outros filmes. “Para a cena de abertura de ‘Meu pé esquerdo’, que retrata Christy Brown, um artista com paralisia cerebral, Day-Lewis aprendeu sozinho a usar os dedos dos pés para colocar um disco na vitrola; fora das gravações, também insistiu em permanecer numa cadeira de rodas e em ser alimentado na boca pela equipe.”
De acordo com a reportagem, contabilizam-se ainda aulas de boxe – e um nariz quebrado – na preparação para “O lutador” (1997); aulas de manipulação de facas e cortes para viver Bill, o Açougueiro em “Gangues de Nova York” (2002); e finalmente um processo de “autoconvencimento” de que ele era o próprio Abraham Lincoln para o projeto que lhe rendeu o recorde do Oscar.
Em dezembro, o TMZ informou que Daniel Day-Lewis não saiu do personagem de “Lincoln” ao longo dos três meses de filmagens. Citando uma fonte não identificada – descrita como “uma das estrelas do filme” –, o site de celebridades informou na época que o ator exigia que o elenco, a equipe e “até mesmo Spielberg” se dirigissem a ele apenas como “Mr. President”. O blog Vulture, da “New York Magazine”, contribuiu para o assunto dizendo que Day-Lewis enviava mensagens de celular para a atriz Sally Field, que faz sua mulher em “Lincoln”, e assinava: “Do seu, A.”.
Nesta sexta-feira (22), o jornal britânico “The Guardian” publicou um infográfico em que enumera (e ironiza) facts sobre Daniel Day-Lewis. Dentre outras coisas, está dito que ele é “avesso a holofotes” e é casado com a filha do dramaturgo Arthur Miller, ex-marido de Marilyn Monroe. Mas a publicação aproveita para corrigir uma informação “errada” a respeito das extravagâncias do ator: ele não teria quebrado duas costelas durante a gravação de “Meu pé esquerdo”.
Por outro lado, mantém-se o dado de que certa noite, em 1989, Day-Lewis abandonou o palco – “em lágrimas” – durante uma apresentação de “Hamlet”, da qual era protagonista. Desde então, ele jamais voltou a trabalhar com teatro, informa o jornal. A causa do surto: o ator teria visto o fantasma do próprio pai.
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