segunda-feira, 7 de abril de 2014

Xavier-“Meu Pedacinho de Chão” estreia com proposta estética inovadora

Esqueçam as referências a Tim Burton, Fellini, Cao Hamburguer, Monteiro Lobato, Júlio Verne e até Dias Gomes. Quem conhece a obra do diretor Luiz Fernando Carvalho na televisão bem sabe que inovação estética parece ser sempre sua meta. Já em “Renascer” – do próprio Benedito Ruy Barbosa, de 1993 – o apuro visual fez toda a diferença. Depois vieram trabalhos como “Hoje é Dia de Maria”, “A Pedra do Reino”, “Capitu”, “Afinal, o Que Querem as Mulheres?” e “Suburbia”. “Meu Pedacinho de Chão”, a novela das seis da Globo que estreou nesta segunda, dia 7, tem tudo o que Luiz Fernando já fez e um pouco mais. O resultado na tela é lindo. Tudo parece meticuloso, calculado, pensado. Desde a tela em cinemascope nas sequências que lembram o faroeste do cinema, até os cortes com desenho animado e as imagens propositalmente desfocadas, retorcidas ou saturadas.

A princípio, o exagero de cores confunde os olhos pouco acostumados. É uma explosão colorida nunca vista antes em uma novela. Por conta de tudo isso, essa aura de novidade e inovação para o formato. “Meu Pedacinho de Chão” soa como mais um experimento. E eles são sempre bem vindos. Foi experimentando que a teledramaturgia se firmou na década de 1970 – lembram das novelas do antigo horário das dez da Globo? Esse movimento às seis horas vem acontecendo desde “Cordel Encantado”, em 2011. Propostas estéticas diversas, que já alcançaram inclusive o horário das sete, com “Além do Horizonte”, ainda no ar. A televisão e os hábitos dos telespectadores vêm mudando mais rápido do que nunca. A TV se apressa para acompanhar e se reinventar. Direção, produção e elenco impecáveis nesta estreia, com destaque para Bruna Linzmeyer, Rodrigo Lombardi, Osmar Prado, Juliana Paes e Paula Barbosa (a Gina), todos falando caipirês. E as graciosas crianças do elenco, Geytsa Garcia (a Pituquinha) e Tomás Sampaio (o Serelepe). Benedito Ruy Barbosa, já escreveu para crianças. É dele o roteiro da versão de 1977 do “Sítio do Picapau Amarelo”, a mais famosa de todas. O texto original de “Meu Pedacinho de Chão”, de 1971, com seu realismo em preto e branco, foi deixado para trás. A nova novela é completamente diferente. A princípio, parece que o foco são as crianças, que, certamente vão se encantar com a atração. Mas a nova “Meu Pedacinho” suscita muito mais. Os problemas do homem do campo e os temas sérios da novela original agora têm contornos caricatos. Mas a mensagem é uma só e atemporal.

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