França, Reino Unido, Qatar e Noruega anunciaram na manhã desta sexta-feira (18) que participarão das intervenções militares na Líbia, autorizadas nesta quinta-feira (17) pelo Conselho de Segurança da ONU. As operações internacionais, que incluem ataques e a implementação de uma zona de exclusão aérea, acontecerão "rapidamente... em algumas horas", segundo o porta-voz do governo da França, François Baroin.Baroin se negou detalhes de operação, mas disse que a intervenção não é uma ocupação do território "e, sim, um dispositivo de índole militar para proteger o povo líbio e permitir que coroe seu impulso de liberdade e, portanto, a queda do regime de Gaddafi".
Segundo o correspondente da BBC em Paris Christian Fraser, a França pode enviar à Líbia jatos Mirage que estão posicionados em bases militares na ilha da Córsega. Outros aviões franceses posicionados na costa do Mediterrâneo, com ajuda de sistemas aéreos de alerta e controle, têm sido enviados a missões específicas 24 horas por dia desde quinta-feira da semana passada. Ainda segundo Fraser, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, já defendia ataques "cirúrgicos" nos bunkers de controle e nos sistemas de radar de Gaddafi e não descarta realizar bombardeios contra forças líbias em terra.
A Royal Air Force britânica também se prepara para agir. O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, disse que a resolução constitui uma "resposta positiva à chamada da Liga Árabe" e que "é necessário tomar essas medidas para evitar um maior derramamento de sangue".Segundo fontes ouvidas pela BBC, é improvável que os Estados Unidos participem da ofensiva no início, que devem ter apoio logístico de nações árabes. Já a Itália está disposta a ceder três de suas bases militares no sul do país para a intervenção. Por enquanto, o governo de Silvio Berlusconi, segundo a imprensa local, descarta a possibilidade de aviões italianos participarem das ações, porque a Itália era antiga metrópole da Líbia, país com o qual assinou um Tratado de Amizade em 2008. Mas, sempre que seus aliados da Otan solicitarem, o governo italiano prometer estar disposto a permitir que os aviões da Aliança operem desde suas bases no sul do país, as mais próximas do território líbio.
O Conselho de Segurança aprovou na noite de ontem uma resolução que permite "todas as medidas necessárias" para proteger áreas civis e exige um cessar-fogo de Muammar Gaddafi, que anunciou uma ofensiva militar contra Benghazi, a principal cidade dos rebeldes. O texto foi aprovado com 10 votos dos 15 membros do Conselho.A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deve debater nesta sexta-feira seu papel nas operações em uma reunião do Conselho do Atlântico Norte, que reúne os embaixadores dos 28 países aliados. Já Alemanha, China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança, se abstiveram da votação e não pretendem participar das ações.
Líbia diz não ter medo
Um dos filhos de Gaddafi, Saif al Islam, afirmou nesta sexta-feira que a Líbia não tem medo. "Venham! Não vão ajudar o povo se bombardearem a Líbia para matar líbios. Destruirão nosso país. Ninguém está feliz com isso", disse ele, de Trípoli, ao programa News Nightline, do canal americano ABC.Saif classificou a decisão da ONU de "injusta" e disse que nunca foram feitos ataques aéreos contra civis por parte do Exército líbio. "O Exército e os voluntários líbios lutaram contra os rebeldes armados e libertaram cinco cidades e não morreu nem um só civil", afirmou.Perguntado sobre as intenções militares em Benghazi, cidade dos rebeldes em cujas portas estão as tropas de Gaddafi, ele disse que a segunda maior cidade do país está vivendo "um pesadelo" ao ficar nas mãos dos insurgentes, que mantêm "a população aterrorizada". "Há gente armada por todos os lugares, com suas próprias leis e executam quem fica contra eles", afirmou.Saif também confirmou que os quatro jornalistas de "The New York Times", desaparecidos há vários dias perto da cidade de Ajdabiya, estão nas mãos do Exército, porque, segundo ele, entraram ilegalmente no país. Ele mencionou a possibilidade de que a única mulher do grupo possa ser liberada amanhã.
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