Mais de uma semana após a tragédia, cerca de 35.500 pessoas continuam em abrigos improvisados em 15 províncias, incluindo Tóquio.
Ken Shimizu/AFP | ||
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Cachorro passa por exame de radiação em Koriyama, em Fukushima; crise nuclear tem altos e baixos |
Este número inclui, segundo a agência de notícias Kyodo, 20 mil moradores de áreas próximas à usina nuclear de Fukushima Daiichi, retirados diante do vazamento de radiação. Eles foram levados para sete outras prefeituras, entre elas Niigata, Yamagata e Tochigi. "Os corpos levados pelo tsunami serão recuperados aos milhares todos os dias a partir de agora", disse o chefe de polícia de Miyagi, Naoto Takeuchi. Na cidade de Otsuchi, em Iwate, o prefeito Koki Kato foi encontrado morto neste sábado. Ele estava desaparecido desde o tsunami, quando realizava uma reunião de emergência.
Segundo a Kyodo, o número de vítimas é tão grande que os crematórios nas áreas atingidas pelo desastre não conseguem atender a demanda. Algumas prefeituras, Higashimatsushima, em Miyagi, estão permitindo enterros sem os procedimentos de higiene padrão.
CRISE NUCLEAR
Além dos esforços das equipes de resgate para encontrar sobreviventes e corpos, o governo japonês enfrenta a crise nuclear em Fukushima, onde os sistemas de refrigeração dos reatores foram danificados pelo tremor. Neste domingo, um inesperado aumento na pressão dentro do reator 3 preocupou as autoridades japonesas, que comemoravam a estabilidade nos reatores após vários dias de uma operação de lançamento de água do mar para conter o superaquecimento da usina. O aumento da pressão no reator pode forçar os operadores a liberar gás com material radioativo, prolongando a crise nuclear gerada pelos danos ao sistema de resfriamento da usina de Fukushima Daichii, atingida pelo terremoto de magnitude 9 do último dia 11.
Wally Santana/AP | ||
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Carros fazem fila em estrada para conseguir gasolina em Fukushima; racionamento continua no tremor |
A mudança na pressão foi registrada após uma operação de mais de 13 horas, encerrada às 3h40 deste domingo (15h40 de sábado em Brasília), na qual os bombeiros lançaram toneladas de água na piscina de combustível nuclear usado do reator. O objetivo primário desta operação é impedir qualquer vazamento massivo de materiais radioativos da piscina que abriga o combustível usado para o ar. O aumento da temperatura da água desta piscina, normalmente de 40ºC, faz com que a água se dissipe e exponha as varetas de combustível nuclear usado. Sem o líquido, que as isola do exterior, elas ficam então suscetíveis às altas temperaturas e podem derreter. No pior dos cenários, podem liberar material altamente radioativo
Segundo a agência de notícias Kyodo, mais de 2.000 toneladas de água foram lançadas no reator 3, superando a capacidade da piscina de 1.400 toneladas --um sinal de que a água continuaria a ferver e se transformar em vapor (o que aumentaria a pressão interna). O reator 3, contudo, é o único com um sistema misto de plutônio e urânio, que é mais difícil de controlar do que o sistema comum de urânio.
A agência de segurança nuclear do Japão disse que a pressão na câmara de contenção do reator 3 está aumentando na manhã deste domingo e que é necessário agir para contê-la. A operadora da usina, Tokyo Electric Powe Co., disse mais tarde que não agiria imediatamente, já que a pressão sinalizava estar estável.
O secretário de Gabinete do governo, Yukio Edano, disse em entrevista a jornalistas que sempre há reviravoltas neste tipo de operação. 'Haveria viradas e reviravoltas mesmo se o processo de manter a estabilidade e melhorar a situação fosse tranquilo', disse Edano, minimizando a notícia do aumento da pressão.
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