ANA PAULA SOUSA/FOLHA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Foi preciso que a internet atingisse a maioridade para que o Brasil começasse a ser levado a sério. Nesses 18 anos, a indústria fonográfica perdeu toda uma geração para o download ilegal e a pirataria espraiou-se. Mas a indústria cinematográfica começa, enfim, a mover-se.
A pergunta que resta é: encontrará um público disposto a pagar para baixar filmes?
"O Brasil está pronto para pagar pelo serviço de video-on-demand", aposta o argentino Eduardo Costantini, um dos fundadores do site de filmes Mubi, que acaba de fechar nova rodada de negócios, no valor de U$S 2,4 milhões (R$ 3,9 milhões). Parte desses recursos terá o Brasil como destino. O Mubi, que possui 1.500 títulos negociados com produtores e distribuidores, está criando uma nova plataforma, no Vale do Silício (EUA), e pretende oferecer download de filmes por, no máximo, R$ 5. "Dizer que 2011 será o ano da virada é exagero. Mas será o ano da entrada do Brasil no negócio dos filmes on-line", diz Fábio Lima, criador do site MovieMobz, que usa a internet para "mobilizar" sessões reais de cinema. Conforme a Folha adiantou, a americana Netflix também planeja aterrissar no Brasil com serviços de assinatura para filmes e séries.
Nos EUA, a Netflix é apontada como causa da falência da Blockbuster e é vista como ameaça à rede HBO. Questionado pelo "New York Times" se a Netflix atrapalhava os negócios da Time Warner, Jeff Bewkes, presidente do grupo --ao qual a HBO pertence--, recorreu à ironia. "Você imagina o exército da Albânia assumindo o controle do mundo?" De acordo com a revista especializada "Screen", porém, a empresa de serviços digitais teve, em 2010, um crescimento maior em Wall Street que a Time Warner.
Uma pesquisa feita pelo JP Morgan diagnosticou, ainda, que 47% dos usuários ativos do Netflix consideram a possibilidade de cancelar seu serviço de TV por assinatura. Em janeiro, o similar europeu da Netflix, a LoveFilme, foi comprada pela Amazon.
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Cena do filme "2001: Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, um dos filmes mais baixados no site Mubi |
PRATICIDADE
"Está provado que as pessoas não pagam pelo que baixam na web [www], mas que podem pagar por serviços e conveniência", diz Lima.
É esse o eixo de um longo artigo escrito por Chris Anderson, editor-chefe da revista "Wired", que declara a morte da web como negócio. O futuro, de acordo com ele, está na internet. Traduzindo: perdem força as páginas www e ganham força as plataformas fechadas e os "dispositivos", como os iPads. "Por mais que admiremos os serviços abertos, no fim do dia buscamos é praticidade", analisa Anderson.
Se for preciso pagar pelo conforto de ter um filme à mão com um simples clique, diante de um cardápio vasto e bem organizado, muitos pagarão, defende Anderson. A aposta dos investidores que colocam o Brasil no radar é que, conforme as conexões em altíssima velocidade, as TVs com internet e os smartphones forem se espalhando pelo mundo, se espalhem também esse serviços.
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