segunda-feira, 18 de abril de 2011

Maurício Stycer-"Eu não podia entrar na escola, e um estranho pode?", protesta mãe de menina morta em Realengo

Mauricio Stycer
Enviado especial do UOL Notícias
No Rio de Janeiro



 Hiago Rodrigo, aluno do sétimo ano, vai à escola Tasso da Silveira, em Realengo, buscar informações sobre a volta às aulas  Ricardo Cassiano/UOL
Mãe de duas meninas gêmeas que estavam numa das salas invadidas pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira, Renata dos Reis Rocha esteve na manhã desta segunda-feira (18) na Escola Municipal Tasso da Silveira.Veio buscar o histórico escola de Brenda, que levou tiros nas duas mãos e não quer mais estudar no local. A outra menina, Bianca, foi uma das vítimas da chacina.“Eu não podia nem levar merenda pra minha filha lá em cima. E um estranho pode?”, dizia, entre lágrimas, Renata. “Minha filha não volta mais pra cá. Já tirei.”
Recepcionista numa empresa de segurança, Renata acha que a escola falhou grosseiramente ao deixar o atirador entrar, sem ser incomodado por ninguém. “Foi um absurdo.”
Segundo Renata, Brenda ainda está hospitalizada, mas passa bem. “Ela está aterrorizada. Só quer dormir comigo”, contou. Muito abalada, a mãe repetia aos repórteres que a cercaram: “Minha filha não saiu de casa pra craquear (usar crack), para roubar ou para traficar. Ela saiu pra estudar”.
E concluiu: “O Wagner diz: ‘É só mais uma estatística. Não quero que minha filha seja só mais uma estatística.”. Trata-se de uma frase dita pelo ator Wagner Moura no filme “Tropa de Elite”, comentando mortes violentas ocorridas no Rio.
Escola de Realengo terá psicólogo e guarda, diz secretária
Alunos da escola tentam retomar a rotina nesta segunda-feira. Foto: Douglas Shineidr/Futura Press Alunos da escola tentam retomar a rotina nesta segunda-feira
Foto: Douglas Shineidr/Futura Press

Luís Bulcão Pinheiro /Direto do Rio de Janeiro
A Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin, garantiu nesta segunda-feira a escola Tasso da Silveira, em Realengo, passará a ter um psicólogo permanente, um agente da Guarda Municipal, um posto de primeiros socorros e dois monitores. As medidas atendem a recomendações de um grupo de pais e representantes dos alunos da escola. "É bom lembrar que nenhuma dessas solicitações teria impedido a tragédia que aconteceu aqui, mas elas melhoram a segurança e colaboram com o enfrentamento do trauma", disse Costin, após reunião com grupos de alunos de outras escolas, psicólogos e colaboradores nesta manhã na Tasso da Silveira.
As salas invadidas pelo atirador foram transformadas em biblioteca e laboratório. Um aquário foi instalado em uma delas. Nas atividades lúdicas das próximas três semanas, os alunos vão ter a oportunidade de remodelar o espaço da escola. A ideia, segundo Costin, é que os estudantes voltem a se sentir parte do lugar. De acordo com a secretária, a maior parte dos pedidos de transferência - um total de 20, segundo o diretor da escola, Luiz Marduk - foram cancelados. Ela acrescentou que todas as quartas-feiras ocorrem reuniões entre os professores da rede municipal e que, na última semana, foi abordado o massacre de Realengo. As demandas para a melhoria das escolas serão recebidas a partir dessas reuniões, informou Costin. A secretária lembrou que, na escola, o psicólogo não fornece tratamento ao aluno, mas ajuda os professores e os pais a identificarem problemas e, se preciso, encaminhá-los a um tratamento.

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