sábado, 9 de abril de 2011

Novas imagens mostram ataque de atirador dentro de escola no Rio

Doze crianças morreram no tiroteio da manhã de quinta-feira.
O atirador se matou após ser alvejado pela polícia na Zona Oeste.

Do G1, com informações do Jornal da Globo
Novas imagens do circuito interno de segurança da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, mostram o ataque do atirador Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que matou 12 crianças na manhã desta quinta-feira (7). Segundo a Secretaria estadual de Saúde, 11 vítimas continuam internadas.
Wellington atirou contra alunos em salas de aula lotadas, foi atingido por um policial e se suicidou. O crime foi por volta das 8h30. De acordo com polícia, Wellington não tinha antecedentes criminais.
O vídeo mostra, também, momentos antes do crime. Nele, é possível ver os alunos chegando para mais um dia de aula e um professor entrando acompanhando por alunas. Em pouco tempo, esse professor se transformaria num dos heróis desse dia de tragédia.
De acordo com os registros, alguns garotos ainda estão no corredor quando Wellington chega. Os alunos estranham a presença dele que para em frente à porta e espera que todos entrem para começar o massacre. Depois, as imagens mostram as crianças fugindo desesperadas. Elas rastejam pra tentar escapar do assassinato.
Uma das crianças sai com a mão no ombro, aparentemente ferida. O professor fica na porta, ajudando os alunos. Outra câmera registrou o momento em que a maior parte das crianças consegue fugir. O professor corre e o assassino sai armado. Em seguida, ele aparece no canto da outra sala, e atira contra os alunos.Depois é possível ver o atirador entrando e saindo da sala para recarregar a arma, e volta a fazer o mesmo. Em seguida, ele vai até o início do corredor, perto das escadas, mas volta para a classe. As imagens mostram ainda o momento que Wellington é atingido por um tiro, provavelmente do sargento da Polícia Militar Márcio Alves, do Batalhão de Polícia Rodoviária do Rio.
No vídeo, é possível ver que os policiais, ainda sem saber se Wellington tinha comparsas, entram com cautela. Dois PMs dão cobertura para o sargento que chega na sala onde há crianças mortas. Alguns alunos que conseguiram sobreviver saíram com a ajuda dos policiais.
Fotos
Fotografias feitas de dentro de uma das salas em que o assassino esteve revelam o drama que os estudantes viveram. Nelas, é possível ver mochilas, cadeiras espalhadas, muitas cápsulas de bala e marca de sangue por todo lado.Do lado de fora da escola, um cinegrafista amador registrava o que parecem ser tiros. O vídeo do YouTube mostra as crianças que esperam pra receber atendimento. Dentro do prédio, uma mãe grita em desespero.
Gritaria e confusãoOutras imagens feitas no interior da escola mostram muita gritaria e confusão. Elas mostram os pais à procura dos filhos. No caminho, o corpo do assassino no chão. O vídeo mostra, ainda, alunos feridos sendo retirados às pressas. Do lado de fora, crianças esperam em macas.
Wellington Menezes de Oliveira, homem que atirou contra escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo (Foto: Reprodução/TV Globo)Wellingtoncometeu suicídio após atirar contra
alunos (Foto: Reprodução/TV Globo)
“Teve uma época que soltaram bombinha dentro da escola, por isso pensamos que era brincadeira, fomos ver o que era, a turma do lado começou a sair, um monte de gente baleada”, disse Bruna Vitória, de 14 anos.Enquanto as crianças eram retiradas das salas, pais e amigos chegavam desesperados: “Todo mundo estava em casa, foi um ligando para o outro, mãe ligando para mãe, vizinho chamando vizinho e todo mundo desceu”, disse a mãe de um dos alunos.Muitos alunos em estado de choque foram amparados na porta da escola. Tainá passou mal quando ficou sabendo que as amigas morreram. Até semana passada, ela fazia parte da turma que foi atacada: “Era ela da sala deles, aí essa semana minha cunhada mudou ela de turno, passou ela pra noite. Porque ela estaria aqui, agora de manhã”, disse Stefany Folha, tia de Tainá.
Ainda com imagens feitas pelo celular, o cinegrafista amador registrou a revolta da população, que queria linchar o autor do massacre. Mas neste momento Wellington já havia sido ferido pelo policial militar e logo em seguida se matou com um tiro na cabeça.
Homenagens
Um grupo de três jovens veio foi até a escola na noite desta quinta-feira para prestar uma homenagem às crianças que foram assassinadas. Os três adolescentes eram amigos de três meninas que foram mortas. Eles rezaram, acenderam velas, escreveram uma carta pra elas e choraram muito.

Professor salva turma da fúria de assassino em escola no Rio

Luciano Anderson Faria começava a dar aula quando foi interrompido pelos tiros. Ele deixou os alunos dentro da sala e empurrou cadeiras, impedindo que Wellington Menezes de Oliveira entrasse e atirasse nas crianças.

Uma das turmas da escola conseguiu escapar da mira do assassino com a ajuda de um professor.
Seria a primeira aula do dia na turma 1903. A matéria: Geografia. O professor Luciano Anderson Faria se preparava para falar sobre as duas Grandes Guerras Mundiais. Mas os ensinamentos foram interrompidos pelos tiros, que partiram da sala ao lado.
“Eu na hora não sabia que eram tiros, eu ouvi barulhos. Quando saí da sala, dei de cara com alunos se atropelando na saída da sala ao lado e tentei impedir para que eles não se machucassem. Até então, eu não sabia o que estava acontecendo. Eu cheguei a colocar a mão no peito de alunos para impedi-los de passar e machucar outros, quando, de repente, olhei pra o chão e observei que tinha uma criança no chão com sangue, com a camisa toda suja de sangue”, lembra Faria.A primeira preocupação foi salvar a turma de 40 alunos. “Eu entrei na sala, joguei todo mundo que tinha para trás, falei para todo mundo ir para o fundo da sala primeiro. Muitos alunos foram para trás da minha mesa – que era uma mesa grande – pra se esconder. Eles se esconderam no chão, abaixados. Alguns alunos que estavam ali do lado começaram a arrastar as mesas e as cadeiras para prender a porta. E eu fiquei na porta com o pé de lado para segurar, caso ele viesse para empurrar a porta”, conta.Mesmo assim, o assassino tentou invadir a sala. “Ele empurrou um pouco a porta e a porta estava travada. Eu consegui sentir pelo pé, ele empurrando um pouco a cadeira neste momento. Quando ele viu que tinha muitas cadeiras e olhou pelo vidro e não viu nenhum aluno – porque estavam todos no fundo, deitados no chão escondidos- eu acredito que ele tenha desistido pelo volume de cadeiras e mesas. Foram mais de 40 que colocamos na frente da porta”, ressalta.
Quando teve uma chance, Luciano foi buscar socorro. “Eu vi que ele voltou para dentro da sala e tinha parado de atirar por um momento, eu achei que ele tivesse voltado para recarregar a arma. Então, eu abri a porta devagar e desci desesperado, e ainda escutei uns tiros atrás de mim. Eu não sei se ele atirou em mim. Eu desci correndo, passei na secretaria gritando para ligar para polícia. Lá fora, eu tomei o telefone de uma pessoa na rua e liguei”.Quando retornou ao colégio, o atirador estava morto. Nenhum aluno dele se feriu. Uma das estudantes é deficiente visual e recebeu a ajuda dos amigos. “Na hora que ela correu, os alunos a ajudaram a descer e ela chegou em segurança lá embaixo, graças a Deus”.Os alunos estão traumatizados. E é para eles que o professor deixa uma mensagem. “Queria pedir que eles tivessem muita força neste momento e que eles continuassem acreditando no trabalho dos professores e da equipe da escola. E nós juntos, unidos, vamos conseguir resgatar o que a escola é para a gente: uma família, um lugar de formação de cidadania, um lugar de paz, de conhecimento e aprendizagem. Um lugar que resgata pessoas para sociedade”.

PMs reencontram menino que pediu socorro logo após ataque à escola

Sargento e cabo visitaram Alan, de 12 anos, no hospital da Polícia Militar.Mesmo ferida, criança conseguiu escapar do colégio para pedir ajuda.

Do Jornal Nacional

O sargento Márcio Alves e o cabo Ednei Feliciano, do Batalhão de Polícia Rodoviária do Rio, estiveram no fim da tarde desta sexta (8) no Hospital da Polícia Militar para fazer uma visita especial a Alan, de 12 anos. Foi o menino quem avisou os PMs de que havia um atirador na Escola Municipal Tasso de Oliveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. Ele está internado no hospital após ser baleado na cabeça, no ombro e na mão, mas agora passa bem. O encontro foi marcado pela emoção.“Tá todo mundo falando que eu sou um herói, mas você é tão herói quanto nós, hein. Se não fosse você nós não chegaríamos lá. Como é que nós íamos saber o que estaria acontecendo se não fosse você?”, disse o sargento Alves ao garoto.“Você que é um herói...”, retribuiu o menino, no quarto do hospital, ao lado da mãe.“Mas você foi a pessoa que chegou lá para falar com a gente”, retrucou o sargento.
Mãe orgulhosa
A mãe do menino assistia a conversa orgulhosa. "Além de ser um bom aluno, excelente filho, é um ótimo garoto. Ajudou a salvar a vida dos colegas todos", disse a mãe de Alan, orgulhosa, enquanto torce pela recuperação do filho.Desde a manhã de quinta-feira (8), quando conseguiram evitar uma tragédia ainda maior na escola de Realengo, não houve muito tempo pra descansar. As imagens da tragédia iam e vinham na cabeça. "Quando fecha os olhos vem aquela lembrança das crianças, aquela situação toda, aquele cenário", disse o cabo Ednei Feliciano.Mas o carinho dos filhos, ao voltar para casa, foi essencial. "Eu abracei o filho, dei um beijo nele. Ele acordou, aí olhou pra mim e falou que estava orgulhoso", contou o sargento Alves, sem esconder o sorriso de satisfação pelo dever cumprido.

Reconhecimento
No batalhão, o veterano sargento Alves recebeu o elogio de um de seus primeiros comandantes ."Como cidadão, eu não tenho dúvida que esse policial é um herói pra mim. Como policial militar, ele cumpriu muito bem o seu papel. É pra isso que a gente tá preparado e a gente se sente muito orgulhoso de ter um policial desses nas fileiras da corporação", afirmou o comandante do 14º BPM (Realengo), Djalma Beltrami.
RICKY MARTIN LAMENTA MASSACRE

Ricky Martin prestou solidariedade às vítimas do massacre que ocorreu nesta quinta-feira (7), em uma escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Por meio de uma mensagem na página de relacionamento, Twitter, nesta quinta-feira (8), o cantor pediu paz para o Brasil.
“Meus sinceros pêsames as famílias envolvidas no trágico incidente que ocorreu hoje na escola Tasso da Silveira no Rio de Janeiro. Paz #Brasil”, escreveu Ricky Martin.

‘Puros’ e ‘impuros’ esqueceram o corpo de Wellington


O assassino que friamente planejou e executou um massacre sem precedentes na história do Brasil, com 12 crianças assassinadas dentro da sala de aula, programou também como queria seu funeral. Em carta, Wellington Menezes de Oliveira exigia, entre outras loucuras, um lençol branco, e que “os impuros” não o tocassem.Até o momento, ninguém, nem “puro” nem “impuro”, seja lá o que o perturbado assassino quis dizer com isso, reclamou seu corpo. E, se dentro de 15 dias ninguém se pronunciar, ele será enterrado como indigente – e aqui caberá um pedido de perdão a todos os indigentes, pela inclusão incidental do criminoso nessa classificação.Wellington Menezes de Oliveira entrou para a história como o assassino de Realengo. Apesar da dura recordação que deixou aos brasileiros, ou exatamente pelo trauma que representa, sua família parece tentar esquecer desde já a tragédia e o envolvimento com o rapaz. Ninguém se lembrou de ir ao Instituto Médico Legal (IML) reclamar o corpo.Encerrado o prazo de 15 dias para que a família procure o IML, Wellington será enterrado como ‘sepultado não reclamado identificado’. Esse é o novo termo usado para substituir a palavra indigente. Enquanto ninguém da família se manifesta, o corpo do assassino permanece na geladeira do instituto.
A primeira frase da carta deixada por Wellington era o pedido para que o seu corpo não fosse tocado por ‘impuros’ sem luvas. “Somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem luvas”, escreveu, antes de matar 11 crianças na escola municipal Tasso da Silveira. Ele também pediu que fosse enterrado nu e com um pano branco. “Os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco”, diz um trecho da carta.As luvas estão sendo usadas. Não por qualquer consideração à solicitação do morto, mas por precaução do próprio IML. Também está nu, como regra do instituto. Os demais pedidos, como ser envolvido em um pano branco, só serão atendidos se alguém da família quiser enterrar o assassino.No final da carta, usa a memória dos pais mortos para convencer os leitores a seguirem os seus desejos. “Eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que pedi.” Sem qualquer consideração pelos pais dos 11 jovens que morreram alvejados por ele, sua própria família ainda não se solidarizou com os pedidos finais do assassino.
Cecília Ritto e Rafael Lemos, do Rio de Janeiro/Estadão
Cremado corpo da última vítima de massacre em escola do Rio
Foi cremado na manhã deste sábado o corpo da adolescente Ana Carolina Pacheco da Silva, 13, vítima do massacre na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio.
A cremação do corpo da jovem aconteceu no cemitério do Caju, na zona portuário do Rio. Os outros 11 mortos na ocasião, já tinham sido enterrados ontem (8).

Danilo Verpa/Folhapress
Parentes e amigos durante cremação da adolescente Ana Carolina Pacheco, 13, no Caju, na zona portuária do Rio
Parentes e amigos durante cremação da adolescente Ana Carolina Pacheco, 13, no Caju, na zona portuária do Rio

Além das 12 mortes em decorrência do ataque, outros 12 estudantes da unidade também foram feridos, sendo que dez permanecem internados. O atirador Wellington Menezes de Oliveira, 23, que era ex-aluno da unidade, se matou após o crime. Ontem, a polícia localizou e prendeu dois suspeitos de vender uma das armas usadas por Oliveira no ataque. Segundo informações da Divisão de Homicídios, a Polícia Civil encaminhou à Justiça um pedido de prisão preventiva contra os dois suspeitos.

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