VANESSA CORREA/FOLHA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
A vendedora Verônica Aparecida Martins, 26, espera desde as 9h desta terça-feira para conseguir transportar o corpo do irmão do IML (Instituto Médico Legal) para o cemitério da Vila Alpina (zona leste de São Paulo), onde ele seria velado. Com os funcionários do Serviço Funerário de São Paulo em greve, não há previsão de quando ela conseguirá o transporte. "Estou me sentindo péssima. Não dói neles [funcionários] porque não é parente deles", lamenta Verônica. O irmão dela, Alessandro, morreu no domingo, depois de ser atropelado por um caminhão na avenida Professor Francisco Morato, na zona oeste da cidade. Ele passou dois meses internado, mas por um mês a família não conseguiu encontrá-lo em nenhum hospital --foi necessário comparar a impressão digital para descobrir onde Alessandro estava.
Segundo Verônica, amigos e parentes estão no cemitério aguardando o velório. Ela já pagou cerca de R$ 2.000 pelo serviço, o que a impede de procurar um serviço de transporte particular ou ainda de tentar enterrar o irmão em outro município.
GREVE
O serviço em greve faz o transporte dos corpos de hospitais e IML para os velórios. Nas 12 agências credenciadas pela prefeitura, funcionários disseram que a adesão à greve atinge motoristas, atendentes e sepultadores (veja abaixo). Em alguns cemitérios, velórios iniciados ontem, que deveriam ter enterro hoje, ainda não foram realizados. Em outros casos, como nos cemitérios da Saudade e Vila Formosa (zona leste), funcionários da limpeza fizeram os enterros. De acordo com o Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo), que representa os servidores, eles reivindicam aumento salarial de 39,79%, estender gratificações a todos os funcionários, plano de carreira e melhores condições de trabalho.
Os funcionários Serviço Funerário dizem estar sem reajuste real há mais de 20 anos. De acordo com a presidente do Sindsep, Irene Batista de Paula, a prefeitura tem dado aumento de 0,01% nos últimos anos --índice menor que a inflação. A prefeitura afirma manter 'um canal permanentemente aberto às negociações com os servidores' e que, desde 2005, concede 'gratificações que visam valorizar o desempenho e a produtividade'.
Na sexta-feira (17) afirma ter enviado projeto de lei à Câmara estendendo a Gratificação de Atividade a todos os servidores ativos de níveis básico e médio do Serviço Funerário.
SITUAÇÃO NAS AGÊNCIAS DO SERVIÇO FUNERÁRIO:
Araçá: Todos os funcionários estão parados, e parentes não conseguem nota de serviço para que os corpos sejam transportados para os velórios
Beneficência: Todos os funcionários estão parados
Butantã: Apenas um funcionário trabalha, avisando as famílias sobre a greve. Ele afirma que trabalha há muitos anos no Serviço Funerário e nunca viu ocorrer uma greve
Central: Funcionário diz que o atendimento é normal
Lapa: Não atendeu o telefone
Planalto: Agência foi assaltada na madrugada de ontem (20) e não está atendendo as famílias desde então, pois aguardam perícia. Apenas duas famílias procuraram o local no período
Quarta Parada: Não atendeu o telefone
Santana: Funcionário disse que estão mantendo 30% do atendimento, mas que as famílias estão revoltadas. Um pessoa, por exemplo, disse que está com o corpo de um parente em casa e teme que o transporte até o cemitério demore muito.
Santo Amaro: Funcionário diz que o funcionamento é normal
Saudade: Todos os funcionários estão em greve, inclusive sepultadores. Há famílias desesperadas para enterrar os parentes que disseram que vão registrar boletim de ocorrência. Hoje de manhã funcionários da limpeza chegaram a fazer dois enterros, o que é proibido
Servidor Estadual: Funcionário diz que o atendimento é normal
Servidor Municipal: Funcionário não deu informações
Funeral Home: Não atendeu o telefone
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