GIBA BERGAMIN JR./CRISTINA MORENO DE CASTRO/CLÁUDIA IZUMI
DE SÃO PAULO
RAPHAEL SASSAKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DE SÃO PAULO
RAPHAEL SASSAKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A 15ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), realizada neste domingo (26) em São Paulo, levou cerca de 4 milhões de pessoas para a avenida Paulista, região central, segundo estimativas da organização.
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
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Parada Gay leva 4 milhões de pessoas para a avenida Paulista |
A parada deste ano teve como tema a frase "Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia" e ganhou um aspecto comemorativo depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu a validade da união estável homoafetiva no Brasil .A festa começou por volta das 13h30 com uma valsa dançada em frente ao Masp, que logo se transformou em música eletrônica e deu início ao desfile de uma sequência de 16 trios elétricos que animaram a multidão fantasiada e colorida que chegava. O último trio passou por volta das 18h30 na praça Roosevelt, levando uma mensagem da organização para os participantes: "Pecado é ser intolerante! Contra a homofobia, a luta é todo dia!".
PARADA
A Parada Gay de São Paulo é considerada a maior do mundo. A passeata teve início após discursos da senadora Marta Suplicy (PT-SP) e do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).
O evento é muito mais heterogêneo do que o nome sugere. Ao lado de drag queens com perucas gigantes e transsexuais de seios expostos se encontram pais com filhos pequenos, casais de namorados heterossexuais e idosos.
Rahel Patrasso/Frame/Folhapress | ||
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"É um dia gostoso para se divertir com a mistura de raças e sexo", afirmou a auxiliar administrativa Ana Carolina Oliveira, 34, ao lado do filho de três anos e da filha de 15. Esse é o quinto ano que ela participa do evento. O casal de empresários Bete Paiva, 48, e Roger Camargo, 55, também marcaram presença e destacaram a importância da luta contra o preconceito. "Vamos até o final. A chuva não desanima" disse ele. "A gente vem dar apoio contra qualquer tipo de preconceito", afirmou Bete. Até mesmo grupos normalmente associados a atitudes homofóbicas demonstraram seu apoio.
Integrantes da Igreja Cristã Evangelho para Todos distribuíam panfletos com a frase: "Para Deus somos todos iguais. Amor não é pecado". Um grupo de punks e skinheads, chamados Ação Antifascista, também participou da Parada Gay. Cerca de 40 integrantes apareceram na Paulista com uma faixa dizendo "punks e skinheads contra a homofobia".
Mas o show é mesmo dos LGBT's. Com roupas e fantasias confeccionadas especialmente para o evento, travestis, gays, lésbicas, bissexuais e transformistas ignoraram a chuva que caía e dançaram ao som de clássicos como "It's Raining Man" e hits da artista-fetiche do mundo gay, Lady Gaga.
O grande sucesso foi o estilo moicano Neymar. Eram muitos os gays que usavam o cabelo espetado, tingido nas pontas. "Foi o Neymar quem copiou os gays, e não nós que copiamos ele", disse o cabeleireiro Gustavo Cley, 19.
COMÉRCIO
Apesar da proibição da prefeitura da circulação dos vendedores ambulantes durante a Parada Gay, eles invadiram a avenida Paulista e comercializaram desde bebidas até chocolates em formato de pênis e tiaras de diabinho.
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
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Um camelô ofereceu à Folha uma dose de whisky a R$ 10. "Se quiser levar a garrafa, é R$ 80", disse.
Já o vinho doce, em garrafa de plástico, saía por R$ 5. A reportagem não conseguiu identificar se era vendido vinho químico --uma mistura com muito álcool e corantes, que foi vendida na Virada Cultural e é alvo de fiscalização da PM.
Enquanto alguns vendedores ambulantes tentavam ser discretos, outros nem se importavam com a fiscalização e carregavam isopores na cabeça, que podiam ser vistos de longe. O preço médio da cerveja vendida era de R$ 4 e as garrafas de vinho eram comercializadas a R$ 6.
Já um grupo de vendedores ambulantes lamentava a atuação da polícia, que dificultou a venda das pulserinhas coloridas (R$ 3) bastante populares no evento.
"Não dá pra vender quase nada, ganhei só R$200", disse o vendedor Fernando Machado, 40. Além disso, ele conta que além de apreender as mercadorias, a polícia também levou dinheiro de um dos seus amigos. "Só porque o rapaz era menor de idade os policiais pegaram o dinheiro que ele tinha ganho", reclama.
Foram espalhados banheiros químicos durante todo o percurso. Apesar disso, eles não atenderam à demanda do público. Era possível sentir o odor à distância. Sem dinheiro ou apertadas, muitas pessoas acabam urinando nas ruas.
SEGURANÇA
A Parada Gay transcorreu sem grandes tumultos ou ocorrências graves registradas pela Polícia Militar, mas criminosos fizeram um arrastão logo no início do evento, em frente ao Masp, que deixou muitos participantes sem celular e carteira.
Uma adolescente de 19 anos que não quis se identificar reclamou que ficou sem o celular. "Tá faltando polícia e tá tudo muito desorganizado", disse ela.
Participantes da parada apontam que um grupo de cinco jovens teria participado do crime, roubando inclusive óculos de sol. Segundo a polícia, duas vítimas do grupo reconheceram um rapaz como responsável pelos roubos. Ele foi preso.
"Ele vai ter que devolver meus óculos. Eu paguei R$1.600", disse o ajudante de cozinha Leandro Marcos dos Santos, que trabalha na região e entrou em luta corporal com o adolescente.
Ao menos três pessoas foram detidas neste domingo durante a Parada Gay de São Paulo, após serem flagradas com entorpecentes, entre elas uma garota menor de idade que carregava 166 frascos de lança perfume e 53 invólucros de cocaína. Mais de 1.400 policiais militares foram escalados para reforçar o policiamento na região. Um helicóptero da polícia também sobrevoava a multidão de tempos em tempos. Um possível confronto entre as torcidas que saíam do jogo Corinthians e São Paulo no Pacaembu não ocorreu. Os números de atendimentos feitos pelos postos médicos foram considerados normais. No posto da rua Maria Antônia foram atendidas cerca de 75 pessoas, a maioria por embriaguez.
O sentimento geral é de que a 15ª edição da Parada foi um sucesso. "Ninguém jogou bomba na gente", disse Charlotte Wolff, 25, referindo-se à Marcha da Maconha, em maio deste ano, em que a polícia usou balas de borracha e bombas de efeito moral contra manifestantes. "Foi a melhor edição, sem violência, e não sofremos 'bullying'", acrescentou.
Participantes da Parada Gay comentam prós e contras do evento
CLÁUDIA IZUMI
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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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A reportagem da Folha conversou com alguns dos participantes para ver qual a opinião deles ao final da 15ª Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) de São Paulo, que se encerrou na praça Roosevelt, no centro de São Paulo.
Lalo de Almeida/Folhapress |
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Multidão estende bandeira com referência aos gays e dança atrás do terceiro trio elétrico no desfile da avenida Paulista |
Não é fácil agradar as 4 milhões de pessoas, número estimado pela organização do evento neste domingo, em São Paulo.
Mas, embora todos apontem um e outro problema, a maioria elogiou a festa, que chega a sua 15ª edição.
"Foi melhor do que o ano passado, com menos briga e menos hetero", comentou Henrique Dantas, 18.
Houve ocorrências de roubos de celulares, comércio de drogas e bebidas alcoólicas durante a festa, mas a segurança predominou no evento. "Ninguém jogou bomba na gente", disse Charlotte Wolff, 25, referindo-se à Marcha da Maconha, em maio deste ano, em que a polícia usou balas de borracha e bombas de efeito moral contra manifestantes. "Foi a melhor edição, sem violência, e não sofremos 'bullying'", acrescentou.
Catarina Correa, 22, com a amiga Silvia Vamos, 22, que veio da Hungria, aprovou o evento, mas criticou parte da infraestrutura. "O clima é bem legal, assim como as músicas e as pessoas. Mas os banheiros químicos são péssimos", reclamou. Em alguns, havia pelo menos 25 pessoas esperando na fila para usá-los.
A maioria do comércio na avenida Paulista, de onde partiram os primeiros trios elétricos, não abriu suas portas neste domingo devido à multidão. Uma banca de jornais, localizada dentro da área reservada ao policiamento e ao atendimento médico, perto do Masp, permaneceu aberta. Apesar do movimento baixíssimo de fregueses, um vendedor comentou: "Todo ano é assim, mas não dá para ir contra o evento". Ao ser questionado se iria abrir o ponto novamente na Parada Gay do ano que vem, respondeu: "Vou sim!"
Já um grupo de vendedores ambulantes lamentava a atuação da polícia, que dificultou a venda das pulserinhas coloridas (R$ 3) bastante populares no evento.
"Não dá pra vender quase nada, ganhei só R$200", diz o vendedor Fernando Machado, 40. Além disso, ele conta que além de apreender as mercadorias, a polícia também levou dinheiro de um dos seus amigos. "Só porque o rapaz era menor de idade os policiais pegaram o dinheiro que ele tinha ganho", reclama.
Chuva, vinho barato, ''Marcha Nupcial'' e provocação à Igreja marcam a 15ª Parada Gay
Mauricio StycerEspecial para o UOL Notícias Em São Paulo
Com o tema mais provocador até hoje, “Amai-vos uns aos outros. Basta de homofobia”, a 15ª Parada do Orgulho LGBT em São Paulo foi, porém, prejudicada pela chuva, que atingiu a avenida Paulista em diferentes momentos do evento.
26.jun.2011 Manifestantes posam para foto na 15ª Parada do Orgulho LGBT, na av. Paulista, em São Paulo Para as drag queens fantasiadas, que fazem a alegria dos fotógrafos, a água causou sérios transtornos em suas plumas, paetês e maquiagem. Já os vendedores de capa (a R$ 5) fizeram a festa. Os vendedores de guarda-chuva, que invariavelmente surgem nestes momentos, aproveitaram o domingo para descansar.
Participante vem de "Dilma Ruimseff"
Um pequeno grupo distribuía panfletos da Igreja Evangélica Cristã para Todos, cuja sede fica no centro de São Paulo. O seu lema é “Para Deus somos todos iguais”.
Um dos integrantes da igreja, identificado como Jony, repetia as palavras do panfleto ao público, mas não sabia explicar como é a reação de outros grupos evangélicos à ação que eles fazem junto aos gays. “Quem sabe dizer isso melhor é a fundadora, mas ela não veio”, explicou.Uma outra imagem religiosa decorava um dos carros alegóricos da Parada, bem como vários postes ao longo da avenida Paulista. “Nem santo te protege. Use camisinha”. Um dos trios tocou os primeiros acordes da “Marcha Nupcial”, numa alusão ao casamento gay.Entre os participantes, gente fantasiada de Batman, Robin, Super-Homem, Zorro, anjinhos, diabos, reis, rainhas, trapezistas, integrantes do grupo Men At Work, mas nenhum padre ou freira, apesar das provocações de cunho religioso da parada.
Diferentemente do que ocorreu na última Virada Cultural, que proibiu a venda de bebidas alcoólicas por ambulantes, o comércio correu solto durante a Parada Gay. Vinho em garrafa de plástico (a R$ 5), cerveja, uísque, conhaque, licor e cachaça eram vendidos livremente na Paulista.
Skinheads também participam de Parada Gay
CRISTINA MORENO DE CASTRO/FOLHA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Um grupo de punks e skinheads, chamados Ação Antifascista, também participa da Parada Gay. São cerca de 40 integrantes com uma faixa dizendo "punks e skinheads contra a homofobia".
Eles foram detidos pela polícia quando chegavam ao evento, mas liberados quando os policiais perceberam que a manifestação era a favor da diversidade. Segundo o skinhead Danilo Henrique, 29, um dos organizadores do grupo, eles também foram detidos pela polícia quando organizavam o movimento na quinta-feira, na praça da República. Danilo, que é homossexual, disse que é a primeira vez que eles participam do evento. "O objetivo é desmitificar a ideia de que todo skinhead é homofóbico. A Parada Gay tem de servir de plataforma para reivindicações e não só para mostrar o orgulho de ser gay", declarou. O jovem estava com o braço quebrado porque participou da marcha da maconha e esbarrou contra um ônibus quando fugia de uma bomba. O estudante Bruno Cavalcante, 18, não é homossexual, mas defende que são contra todo tipo de preconceito. "A mídia fala que a gente é homofóbico, mas nem todos são. A gente não é", diz. Ele afirma que também são vítimas de intolerância.


A organização da Parada Gay de São Paulo fez uma estimativa na noite deste domingo (26), pouco depois do término do evento, de aproximadamente 4 milhões de participantes.
“A gente bateu o recorde. Achamos que a chuva ia atrapalhar, mas foi o contrário. A Parada foi muito tranquila. Foi incrível. Nossa mensagem foi passada”, afirmou Leandro Rodrigues, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros. O tema deste ano foi: “Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia!”
Rodrigues disse que o número passará por uma checagem e que o dado preciso do número de frequentadores deverá ser divulgado até esta segunda-feira (27).
Segundo o major da PM Wagner Rodrigues, foram feitas oito prisões durante o evento referentes a furtos, roubos e tráfico de drogas. Os principais objetos alvos dos criminosos foram máquinas fotográficas e telefones celulares.
O major disse que a Polícia Militar não fará estimativa de público presente à Avenida Paulista.
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