Do UOL, no Rio
Os atores Rodrigo Lombardi e Carolina Ferraz beijam-se durante gravação de "O Astro" na praia do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio (12/7/2011). Na série, eles vivem os personagens Herculano e Amanda. Na sequência, prevista para ir ao ar no dia 28 de julho, o casal passeia na praia após mais uma noite de amor AgNews
Leia, abaixo, a entrevista completa com a atriz:
UOL – Você assistiu à novela “O Astro”, em 1977?
Carolina Ferraz – Quando passou, eu tinha oito anos. Me lembro do turbante do Francisco Cuoco, da ametista, da abertura da novela, mas não é uma imagem tão concreta. Também me lembro da Dina [Sfat], mas é uma coisa bem vaga. Nessa hora eu também já estava na cama. Mas não pesquisei e não vi nada para fazer a Amanda. Fiz questão de não ver nada.
UOL – Como foi sua preparação para o papel, então?
Carolina Ferraz – Tivemos várias leituras de núcleos. E eu passeei por várias leituras de outros núcleos. Até para entender o tom, quem estava fazendo o quê e de que jeito. Eu li muito e deixei a Amanda chegar e tomar conta de mim.
UOL – Ela é uma mulher inteligente, linda, culta. E vai se apaixonar pelo esperto Herculano. O que mais te atrai no casal Amanda e Herculano?
Carolina Ferraz – O mais legal é que eles são um casal que namora mesmo. Não tem aquela coisa de novela do casal ficar junto, a relação se estabelecer e depois acontece algo que separa os dois e eles só vão se acertar no final. É uma relação de amor mesmo! O tempo todo eles estão juntos. Eles têm crises, brigam, mas se amam e estão juntos. Desde Milena e Nando eu não vi isso! Casal que se ama, que namora! Não tem essa coisa de ‘a gente se ama, mas nossas famílias não entendem’.
Dina Sfat interpretou Amanda na 1ª versão de "O Astro", papel que agora é de Carolina Ferraz
Carolina Ferraz – A Milena e o Nando foram um casal que namorou a novela inteira. Mesmo na cadeia! [risos] Isso é muito legal. As pessoas sentem falta disso. Torna a história mais realista. Uma relação é assim. As pessoas caminham juntas com a relação. Essa coisa que está se estabelecendo em “O Astro” é muito interessante. Tem uma intriguinha, uma crise, mas eles estão juntos.
Carolina Ferraz – Nesse esquema de 60 capítulos, por exemplo, a gente pode dar uma densidade muito maior ao trabalho. Quando é uma novela, você não consegue ler todo o capítulo. Chega uma hora em que o volume de cena é muito grande se o seu personagem é importante ali. Aqui, tudo está amarrado, a serviço de uma função dramatúrgica dentro da história. Isso a Janete consegue fazer e o Geraldo [Carneiro] está mantendo.


Carolina Ferraz, sobre o amor de Amanda e Herculano
Carolina Ferraz – Acho que a própria Globo quer aproveitar o horário e resgatar isso com bom gosto. Temos uma equipe maravilhosa. Mas a história não é sobre isso, nem tem tanto.
UOL – E a classificação indicativa? Você acha que ainda vai dar problema a exibição de tantas cenas de nu?
Carolina Ferraz – O politicamente correto atrapalha muito qualquer expressão artística. Mas a gente está aqui para ser subversivo e encontrar soluções.
UOL – Como é a sua relação com o Rodrigo Lombardi?
Carolina Ferraz – Ele é muito querido, um cara divertido, desencanado, muito disponível. É totalmente normal, não é afetado, é uma delícia. É inteligente, bom ator, divertido.
UOL – “O Astro” aborda astrologia, tarologia, vidência? Você acredita nessas coisas?
Carolina Ferraz – Eu não posso ver uma tenda, uma mesinha que eu me jogo [risos]. Se você for minha amiga e disser que está com baralho na bolsa, eu vou pedir para jogar agora para mim. Sou mística, mas sou prática. Adoro astrólogo, tarólogo, acho divertido, acho engraçado. Não tenho nenhum problema com isso.
UOL – O que você acha da obra de Janete Clair?
Carolina Ferraz – A Janete faz personagens muito humanizados. O próprio Herculano [Rodrigo Lombardi] deu um golpe na cidade dele. Mas foi traído e se deu mal porque tinha um parceiro mais canastrão que ele. A Amanda já tem as questões da família. Apesar de ser arquiteta, fica à frente da empresa da família. Até para não deixar o patrimônio se perder. E o romance dela com o Herculano é interessante porque vem de um universo diferente. Ela é uma heroína muito moderna, mesmo sem ser escrita nos dias de hoje. As cenas com o Reginaldo [Faria. Na história, ele interpreta Adolfo, pai de Amanda] são legais porque a Janete protege a família. O texto está genial.
UOL – Mas o que mais te atrai no texto dela?
Carolina Ferraz – A Janete constrói os heróis de um jeito muito gratificante para o ator. Eles são muito humanizados, realistas, com defeitos. A Amanda é bacana, poderia namorar o cara que quisesse, mas não monta o escritório de arquitetura, tem de assumir a família, a empresa, fica sem tempo para namorar e conhece um cara de outro universo, isso é que é bacana. Será que Herculano sabia? Ele tem um plano e no meio de tudo pinta a Amanda.
Carolina como Norma de "Beleza Pura", a do bordão "Eu Sou Rica!"
Carolina Ferraz – Fiz “Férias Sem Volta” [1993], um especial de dez anos da morte dela, depois “Pecado Capital” [1998] e agora “O Astro”.
UOL – Qual é o papel mais marcante que você já fez?
Carolina Ferraz – Outro dia eu estava conversando com um grande ator e ele me questionou quantas novelas eu lembrava que ele tinha feito. Na lata, eu me lembrei de umas seis. A gente tem de aproveitar porque a cada década, vamos lembrar de uns dois trabalhos. A gente torce para que nada dê errado. A gente trabalha, tenta fazer dar certo, mas tem o lance da empatia, que às vezes acontece. Amo todas as personagens. Por algumas eu tenho carinho especial. Tenho uma gratidão enorme pelo Lombardi [Carlos Lombardi, autor] porque ele foi o cara que me falou que eu era engraçada e tinha de fazer comédia. E me deu a Rubi [de “Kubanacan”, novela exibida em 2003 na Globo]. Milena [da novela “Por Amor”, exibida em 1997 na Globo] foi o máximo, a primeira vez que me casei com um autor, uma comunhão muito prazerosa. Também teve a Rebeca de “Belíssima” [novela exibida em 2005 na Globo] e a Norma de “Beleza Pura” [novela exibida em 2008 na Globo]. Tem um site no Japão de japonesinhas tentando falar “Eu sou rica” [bordão da Norma na trama]. E a cena foi parar no YouTube porque vaza uma câmera, não tem nada a ver com o eu sou rica [risos].
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