Jovens confessam agressão contra pai, mas negam homofobia

JULIANNA GRANJEIA/FOLHA
DE SÃO PAULO

Os dois jovens, de 25 e 30 anos, identificados pela Polícia Civil de São João da Boa Vista (216 km de São Paulo) como agressores de pai e filho em uma exposição na última sexta-feira (25) confessaram o crime. Um autônomo de 42 anos teve parte da orelha cortada durante a briga.

Rivaldo Gomes - 19.jul.11/Folhapress

Pai mostra a orelha cortada após ser confundido com casal gay ao abraçar o filho em feira de exposição no interior de SP

O homem afirmou que a agressão aconteceu após ele abraçar seu filho. Os suspeitos perguntaram se eles eram gays. "Passou um grupo, perguntou se nós éramos gays, eu falei que não, que era meu filho. Aí falaram que agora estava liberado e que tinha que dar beijinho. Teve uma discussão e eles foram embora, mas depois voltaram", afirmou o pai. Os dois suspeitos negaram que o motivo da agressão tenha sido preconceito, segundo o chefe dos investigadores do 1º DP de São João da Boa Vista, Fernando Ceschin. Um dos jovens já havia prestado depoimento na terça-feira (19), o outro foi ouvido hoje. A polícia pediu a prisão temporária dos dois, que foi negada pela 2ª Vara Criminal de São João da Boa Vista. Segundo o Tribunal de Justiça, o pedido de prisão "não preenchia as condições para concessão do pedido, dispostas no artigo 1º da Lei nº 7.960/89". Ainda de acordo com Ceschin, um dos suspeitos confessou também ter mordido o autônomo.
CIRURGIA
O pai passou por uma avaliação médica hoje no Hospital das Clínicas de São Paulo. De acordo com ele, será possível fazer a cirurgia de reconstrução da orelha. "Não vai ser fácil, o médico disse que vai precisar de três ou quatro cirurgias, que será usado um pedaço da costela e, mesmo assim, a orelha não vai ficar perfeita", afirmou o homem.
Ele disse que tanto os médicos de São João da Boa Vista quanto os de São Paulo afirmaram que o ferimento foi causado por um objeto cortante, apesar do suspeito ter dito à polícia que foi uma mordida.