Em São Paulo
- O ator Sam Neill vive o paleontólogo Alan Grant em cena de "Jurassic Park 3"
Espinossauro em cena de "Jurassic Park 3"
Mesmo danificadas, as moléculas tinham suas lacunas preenchidas por material genético de rãs, possibilitando a criação de embriões de Velociraptors, Dilofossauros e todo tipo de monstrengo com dentes afiados. Daí para construir um parque temático numa ilha exótica da Costa Rica...
"A história faz sentido, do ponto de vista teórico, mas é preciso saber muito mais sobre o funcionamento do código genético para a técnica dar certo", diz Reinaldo José Lopes, editor de Ciência e Saúde da "Folha de S. Paulo" e autor do livro "Muito Além de Darwin". A realidade é que nunca foram encontradas moléculas preservadas de DNA dinossauro, apenas proteínas (geralmente colágeno, presente nos ossos e pele fossilizados).O material orgânico se deteriora rapidamente, mesmo em condições excepcionais de preservação. Pelo mesmo motivo, exemplares de mamutes congelados (bem mais conservados que qualquer ossada escavada no deserto) nunca produziram um clone.Lançado em 1993, o primeiro "Jurassic Park" embarcava numa teoria que começou a ganhar força em meados dos anos 1980, para se tornar dominante no começo dos 1990 – de que os dinossauros não eram, afinal de contas, lagartos antissociais, lentos e estúpidos, como se acreditava até então.
No material extra reunido no Blu-Ray, explica-se de onde vem o fundo científico da série. Nas cenas, reunidas em pequenos documentários, fala-se sobre o trabalho do paleontólogo Jack Horner, uma das maiores autoridades no assunto, como consultor do filme – o personagem de Alan Grant é, em parte, inspirado nele.Horner pesquisa até hoje uma maneira de recriar os animais. Sua mais recente empreitada pretende estimular em galinhas características perdidas de seus ancestrais – cauda, dentes e garras, manipulando seu código genético num tipo de engenharia reversa.“É interessante ver como os dinossauros evoluíram ao longo da trilogia. No primeiro filme, os Velociraptors aparecem com a pele descoberta. No terceiro, eles já têm penas sobre a cabeça e cantam para se comunicar”, diz Lopes.
Com todo esse material em mãos, foi só Spielberg empacotar a história com cenas de ação de encher os olhos (e agarrar a poltrona), repletas de detalhes curiosos e difíceis de esquecer. O copo de água tremendo com os passos do T. Rex, o celular tocando no estômago do Espinossauro, os raptores perseguindo as crianças na cozinha do parque...
Não é de se espantar, portanto, que a trilogia esteja às vésperas de ganhar um quarto episódio. Depois de faturar cerca de US$ 2 bilhões em bilheteria, estabelecer novos padrões do uso da computação gráfica no cinema e definir a imagem dos dinossauros na cultura pop, "Jurassic Park" ganhará mais um filme. Em entrevistas recentes, Spielberg confirmou que o roteiro já começou a ser escrito. O diretor estima que o longa saia até 2015.
Para quem ainda é fascinado por essas criaturas, a notícia é boa: a dinomania parece não ter data para acabar.
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