Apesar do foco na retomada do território, falta de prisões preocupa a população. Das centenas de criminosos da favela, só cinco foram capturados

No domingo, os policiais foram para a Rocinha com apenas 23 mandados de prisão em mãos. Ou seja: fora os condenados já procurados pela Justiça, só seria possível capturar os traficantes em flagrante, portando armas ou drogas, cometendo algum delito ou resistindo a ordens da tropa.O tamanho e a complexidade da geografia da Rocinha é um complicador para a polícia. Sem mandado judicial, um criminoso que até o sábado desfilava seu fuzil pode perfeitamente ficar em casa, trocar de roupa, descer para São Conrado e desaparecer em um ônibus. Antevendo o risco de um fracasso nas prisões, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, em seu primeiro pronunciamento após a ocupação, no domingo, minimizou a importância das prisões, pelo menos neste estágio da ocupação. “O objetivo é libertar a população do jugo do fuzil”, destacou. Beltrame tem razão. As prisões, no primeiro momento da ação, não são a prioridade. Mas a população se preocupa, com razão, com o baixo número de bandidos capturados. Os traficantes remanescentes são a pedra no sapato da UPP do Fallet e do Fogueteiro, onde a corrupção derrubou o comandante e o subcomandante da unidade recém-criada. No Alemão, o Exército está às voltas com ações de traficantes que tentam desestabilizar a ocupação e tentam jogar o estado contra a população.
As apreensões de material na Rocinha deixam claro que a estimativa de centenas de bandidos não estavam exageradas. Às 11h desta segunda-feira foi divulgado novo balanço do material recolhido. Os itens que mais chamam atenção são cerca de 16 mil munições de diversos calibres, 20 pistolas, 15 fuzis, uma submetralhadora, três granadas, 171 carregadores e 61 bombas artesanais.A Rocinha, como já sabia a polícia, também funcionava como um entreposto para diversos tipos de crimes. A polícia recuperou até agora 75 motocicletas, dois automóveis, 50 cartões de crédito, 27 máquinas caça-níqueis e diversos produtos roubados.Em entrevista à Globonews na manhã desta segunda-feira, Beltrame afirmou que, depois do controle do território, a fase é de vasculhar a favela e de estabelecer contato, apresentar o trabalho e conquistar a confiança dos moradores. São eles, moradores, quem mais pode ajudar a localizar os criminosos. A polícia pede que moradores denunciem esconderijos e locais armas, drogas e produtos roubados pelos telefones (21) 2253-1177, o serviço 190 da PM, ou o gabinete da Chefia de Polícia Civil (21 2332-9915).
(Com reportagem de Cecília Ritto-VEJA)
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