Em São Paulo
A advogada da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), Eliana Lúcia Ferreira, afirmou que a organização já pagou a fiança de 72 manifestantes presos após a operação de reintegração de posse na reitoria da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo ela, o valor total é de R$ 39.240 (R$ 545 por manifestante). O dinheiro foi arrecadado por filiados da organização em todo o país.
A polícia está processando os alvarás de soltura dos estudantes e, como eles devem ser feitos um a um, o processo deve levar algumas horas.
Enquanto isso, na USP, os estudantes decretaram greve geral, em protesto contra as prisões.
Redução de fiança
A Polícia Civil anunciou que o valor da fiança para liberação dos estudantes detidos após a reintegração de posse, que ocorreu na manhã de hoje, foi reduzido de R$ 1.050 para R$ 545.Edvaldo Faria, coordenador da central de flagrantes da terceira delegacia da seccional oeste, disse que a decisão de reduzir o valor da fiança foi tomada "por se tratar de estudantes". "Analisamos prós e contras e decidimos pela redução do valor. Alguns teriam de se sacrificar para pagar [a fiança]", disse.
Indagado se a decisão foi influenciada pela manifestação que ocorre do lado de fora do 91º DP, na qual cerca de 150 estudantes pedem a liberação dos detidos, o delegado foi taxativo. "Isso foi decidido antes", disse. O delegado também negou as acusações de que os estudantes estão sofrendo perseguição política.
Reintegração de posse
A reintegração de posse da reitoria da USP terminou por volta das 7h20 da manhã desta terça-feira. Segundo Maria Yamamoto, coronel da PM, "não houve resistência; eles foram pegos de surpresa". Até uma estudante com uma garrafa de vinagre foi detida. Os policiais militares pensaram que a garrafa nas mãos da mulher era uma bomba caseira. A identidade da mulher não foi divulgada.O prazo para os estudantes deixarem o edifício venceu na noite de segunda (7), às 23h. Em assembleia realizada ontem, os estudantes optaram por permanecer no prédio. Havia cerca de 600 estudantes na reunião.Os alunos ocupam o local desde a madrugada da última quarta-feira (2), em manifestação contra a presença da Polícia Militar no campus da USP no Butantã e contra processos administrativos envolvendo funcionários da USP.Debate sobre a PM
A presença dos policiais no campus -defendida pelo reitor, João Grandino Rodas, e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)- passou a ser mais frequente e em maior número após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio deste ano. Em setembro, o reitor e o governador assinaram um convênio, autorizado pelo Conselho Gestor do Campus, para regulamentar a atividade da PM na USP.
Os contrários à PM no campus dizem que a medida abre precedente para a polícia impedir manifestações políticas "que comumente ocorrem dentro do campus" e citam o episódio de junho de 2009, quando a Força Tática da PM entrou na universidade para reprimir um protesto estudantil e acabou ferindo os estudantes e jogando bombas dentro de unidades.Como alternativa à PM, o DCE defende que a segurança do campus não seja militarizada, isto é, que seja de responsabilidade da Guarda do Campus. A entidade defende que haja mais iluminação das vias do campus e que a USP mais seja aberta à comunidade externa, aumentando a circulação de pessoas.
Uma parcela dos alunos ¿sobretudo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e da Escola Politénica¿ defende a presença da PM, argumentando que isso aumenta a segurança dos frequentadores do campus.
Libertação de estudantes da USP é marcada por protestosA saída dos estudantes da USP, detidos na desocupação do prédio da reitoria, terminou somente às quatro horas da madrugada desta quarta-feira (9).
Dimenstein-São apenas delinquentes mimados
O que estamos vendo na USP não tem nada de político ou ideológico. É apenas delinquência. Não existe nenhuma causa. Não representa nem remotamente aquela comunidade universitária.
Aquele grupo que invadiu a reitoria imagina-se acima da lei e o ataque físico que fizeram contra os jornalistas apenas reforça a visão de que ali não há valores democráticos. Não respeitaram nem mesmo uma decisão da própria assembleia dos estudantes.
O que incomoda no caso da PM do campus não é a questão da autonomia universitária - como se um posto policial ferisse a autonomia universitária - mas a vontade de que, naquele espaço, não tenha ordem.
São como adolescentes mimados que querem fazer o que bem entendem sem limites.
Autonomia universitária é uma coisa. O que eles fazem com o dinheiro do contribuinte, danificando uma propriedade pública, é outra.
Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.
Nenhum comentário:
Postar um comentário