Do UOL, em Los Angeles
Se alguém tivesse alguma dúvida de que este era o ano de "O Artista" e "A Invenção de Hugo Cabret", bastava olhar para o cenário e o ambiente do teatro do complexo Hollwyood & Highland: no palco, painéis em estilo art nouveau lembravam os primeiros anos da Academia. Ali, do outro lado do Hollywood Boulevard, no hotel Roosevelt; na plateia, moças vestidas como as vendedoras de cigarros e balas dos palácios do cinema dos anos 1920 e 30 ofereciam sacos de pipoca aos ilustríssimos espectadores; e nas mesas do lobby e dos bastidores, grandes vasos de rosas vermelhas substituíam os arranjos tropicais dos anos anteriores.
Tudo falava de um tempo longínquo, quando a indústria engatinhava e a Academia era recém-nascida. Os anos 1920- 1930 – quando "O Artista" e "Hugo Cabret" se passam – foram os anos formadores do cinema, o ano da expansão das companhias europeias e da criação dos primeiros estúdios do que viria a ser Hollywood. Há alguns meses, a Academia deu a partida a um ciclo de celebrações dessa era da inocência com a exibição do primeiro filme a ganhar um Oscar – "Asas", uma produção da Paramount de 1927. E, até a noite de domingo, o primeiro e único filme mudo a ganhar um Oscar.
Esse é o poder da nostalgia, da vontade de voltar ao básico do cinema. Se, um ano atrás, em plena recessão e com a anglofilia de "O Discurso do Rei" dominando a temporada-ouro, alguém dissesse que as glórias de 2012 seriam divididas entre dois filmes sobre as origens do cinema, e que um deles seria mudo e preto e branco, seria tomado como louco.
BRASIL NO OSCAR
Depois de perder o Oscar de melhor canção original para "Os Muppets", Carlinhos Brown, um dos autores de "Real in Rio", da trilha sonora da animação "Rio", não se deixou abalar e tuitou: "Não foi dessa vez, mas valeu muito!"
As oito estatuetas que a Weinstein Co. levou na noite de domingo – cinco para "O Artista", dois para "Dama de Ferro" e uma para longa documentário "Undefeated" – não vieram à toa, mas como resultado de uma longa estratégia, cuidadosamente implementada há meses. No caso de "O Artista", desde que os irmãos viram o filme de Hazanavicius no festival de Cannes. Nos outros dois, com um tremendo corpo a corpo que se intensificou nas últimas semanas de votação, e que levaram Meryl Streep a um triunfo que lhe escapava há anos (e ultrapassando a primeira favorita, Viola Davis, que contava com os amplos cofres da Disney no apoio a "Histórias Cruzadas").
E, embora distribuído pela Paramount, "Hugo Cabret" e seus cinco Oscars sublinham o poder de outro independente, o produtor Graham King, que desde "Gangues de Nova York" é o estrategista financeiro de Martin Scorsese.
A história acaba sempre lembrando quem realmente faz sentido na trajetória do cinema – e foi muito bom ver, em tempos politicamente complicados, a Academia se erguer acima de tudo e laurear o puro poder cinematográfico de "A Separação", primeiro filme iraniano a ganhar um Oscar. No calor do momento, o que os prêmios revelam é, de certa forma, o inconsciente da indústria. Não o que ela diz, ou faz, ou planeja. Mas, por mais estranho que possa parecer, o que ela sente.
"O Artista" e "Hugo Cabret" ganham cinco prêmios no Oscar 2012; filme francês fica com principais categorias
Do UOL, em São Paulo
Produtor Thomas Langmann, diretor Michel Hazanavicius e elenco de "O Artista" sobem no palco após a vitória do filme no Oscar 2012 (27/2/12)
Jean Dujardin sobe no palco com o cãozinho Uggie depois de "O Artista" ser consagrado como melhor filme no Oscar 2012 (27/2/12)
Outros prêmios
Abrindo a noite, "A Invenção de Hugo Cabret" levou as estatuetas de melhor fotografia e melhor direção de arte. Tom Hanks foi o escolhido para apresentar os primeiros prêmios do Oscar 2012.Mark Bridges, de "O Artista" levou a estatueta de melhor figurino. Cameron Diaz e Jennifer Lopez foram as apresentadoras do prêmio de melhor figurino. Em seguida, elas entregaram o prêmio de maquiagem para Mark Coulier e J. Roy Helle, por "A Dama de Ferro".O prêmio de melhor filme estrangeiro ficou com "A Separação", do iraniano Asghar Farhadi. O filme já havia levado o Urso de Ouro em Berlim 2011 e o Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira.O prêmio de melhor atriz coadjuvante foi para Octavia Spencer, por "Histórias Cruzadas". É o primeiro Oscar da atriz. Christian Bale, premiado como melhor ator coadjuvante em 2011, entregou a estatueta.
O prêmio de edição ficou com Kirk Baxter e Angus Wall, por "Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres". Os dois editores venceram na mesma categoria no ano passado por "A Rede Social", também dirigido por David Fincher. A comediante Tina Fey e o ator Bradley Cooper foram os apresentadores do prêmio.Fey e Cooper também apresentaram o prêmio de melhor edição de som, que ficou com "A Invenção do Hugo Cabret". A dupla de apresentadores entregou em seguida o prêmio de melhor mixagem de som para Tom Fleischman e John Midgley, também por "Hugo".
O DITADOR NO TAPETE VERMELHO
Depois de criar polêmica ao afirmar que iria ao Oscar 2012 vestido como "O Ditador" e supostamente ser banido da cerimônia, o comediante Sacha Baron Cohen não só compareceu ao prêmio caracterizado como o personagem de seu próximo filme, como também derrubou falsas cinzas do ex-ditador norte-coreano Kim Jong Il no apresentador do "E!", Ryan Seacrest
"Undefeated", de TJ Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas venceu o prêmio de melhor documentário, desbancando "Pina", do alemão Wim Wenders. Gwyneth Paltrow e Robert Downey Jr., par romântico de "Homem de Ferro 2", foram os apresentadores do prêmio. Robert subiu ao palco dizendo que estava filmando um documentário, chamado "O Apresentador".“Rango”, de Gore Verbinski, foi o vencedor do Oscar de melhor animação. "Me perguntaram se 'Rango' era um filme para crianças. Eu não sei. O que eu sei é que é um filme feito por um monte de adultos se comportando como crianças", disse o diretor em seu agradecimento. O comediante Chris Rock, que já deu voz a diversos personagens animados, entregou o prêmio da categoria.
"A Invenção de Hugo Cabret" (Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Hennemg) ficou com o prêmio de melhores efeitos visuais. Foi o quinto prêmio do filme de Scorsese, que ganhou ainda o Oscar de fotografia, direção de arte, mixagem e edição de som. Ben Stiller e Emma Stone foram os apresentadores do prêmio.Confirmando as expectativas, Christopher Plummer ficou com o prêmio de melhor ator coadjuvante por "Toda Forma de Amor". Foi o primeiro Oscar do ator de 82 anos. A estatueta foi entregue pela atriz Melissa Leo, vencedora do Oscar de atriz coadjuvante em 2011, como manda a tradição dos prêmios da Academia.Ludovic Bource venceu o Oscar de melhor trilha sonora original por "O Artista". Penélope Cruz e Owen Wilson, estrelas dos dois últimos filmes de Woody Allen, entregaram a estatueta.
BRASIL NO OSCAR
Depois de perder o Oscar de melhor canção original para "Os Muppets", Carlinhos Brown, um dos autores de "Real in Rio", da trilha sonora da animação "Rio", não se deixou abalar e tuitou: "Não foi dessa vez, mas valeu muito!"
O Oscar de melhor canção original ficou com "Os Muppets", por "Man or Muppet", deBret McKenzie, que derrotou "Real in Rio", de "Rio", música dos brasileiros Sergio Mendes e Carlinhos Brown com letra de Siedah Garrett."Os Descendentes" ganhou seu primeiro e único Oscar da noite na categoria de melhor roteiro adaptado, para Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash. Payne agradeceu em havaiano e dedicou o prêmio à mãe. Woody Allen ganhou o prêmio de roteiro original por "Meia-Noite em Paris", mas não compareceu à cerimônia para receber seu Oscar. Angelina Jolie foi a apresentadora do prêmio.O irlandês "The Shore" (Terry George e Oorlagh George) ganhou o prêmio de melhor curta-metragem. Já o prêmio de documentário curta foi para "Saving Face", de Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chemoy, sobre mulheres atacadas por ácido no Paquistão. O Oscar de curta de animação ficou com "The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore", de William Joyce e Breon Oldenburg.Michel Hazanavicius ganhou o Oscar de melhor direção por "O Artista", batendo veteranos como Martin Scorsese, Woody Allen e Terrence Malick.Jean Dujardin ficou com o Oscar de melhor ator por "O Artista". O ator francês dividia as atenções com George Clooney, que concorria por "Os Descendentes". Seguindo a tradição da Academia, a apresentadora foi a vencedora do Oscar de melhor atriz em 2011, Natalie Portman.Meryl Streep ganhou o Oscar de melhor atriz por "A Dama de Ferro", a terceira estatueta de sua carreira, que já lhe valeu 17 indicações. Streep dividia as preferências com Viola Davis, de "Histórias Cruzadas". Seguindo a tradição da Academia, o apresentador foi o vencedor do Oscar de melhor ator em 2011, Colin Firth.
Apresentação
O comediante Billy Crystal apresenta a 84ª edição do Oscar
Francês 'O artista' ganha os principais prêmios do Oscar 2012
Longa ganhou cinco prêmios, incluindo melhor filme, diretor e ator.
'A invenção de Hugo Cabret' também teve cinco estatuetas, todas técnicas.

Com elenco e equipe de 'O artista' ao fundo, produtor Thomas Langmann discursa no Oscar após longa vencer o prêmio de melhor filme (Foto: Gary Hershorn/Reuters)
A única razão que nos impossilita de considerar o Oscar 2012 como uma cerimônia de sotaque francês é o fato de o principal vencedor ser um filme mudo. De resto, a 84ª edição do evento organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que aconteceu neste domingo (26), colocou em destaque "O artista": confirmando um favoritismo que foi se desenhando ao longo de praticamente todos principais prêmios do cinema internacional nesta temporada, a produção franco-belga levou as estatuetas de melhor filme, diretor (Michel Hazanavicius) e ator (Jean Dujardin). Com dez indicações, levou ainda as distinções de figurino e trilha sonora original.Embora a conta final em favor de "O artista" não tenha sido propriamente uma surpresa, o princípio desta noite de gala no Hollywood and Highland Center (antigo Kodak Theatre) mostrou-se favorável a outro concorrente de destaque. Nomeado em 11 categorias, "A invenção de Hugo Cabret" surgiu muito bem, ao levar os dois primeiros prêmios: fotografia e direção de arte. O ritmo, no entanto, não se manteve. No desenrolar da sessão, esta primeira incursão de Martin Scorsese pelo 3D conquistou outras três estatuetas - edição de som, mixagem de som e efeitos visuais. Igualou o francês, mas com prêmios usutalmente considerados "técnicos", de menor apelo.
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