segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tiroteio nas proximidades do sambódromo prejudica desfile da Vila Isabel, última a desfilar na madrugada de segunda (20)

Do UOL, em São Paulo
 
A Vila Isabel entrou no sambódromo carioca às 5h40 de segunda-feira (20) e teve sua evolução prejudicada por um tiroteio ocorrido no Morro de São Carlos, nas proximidades da Sapucaí. Com o tiroteio, a rua Frei Caneca, atrás do sambódromo, foi fechada pela polícia e os carros da Beija-Flor e da Porto da Pedra ficaram engarrafados, impedindo que os carros da Vila Isabel deixassem a dispersão. A dificuldade em retirar as alegorias fez com que o ritmo do desfile tivesse que ser diminuído pouco depois da metade, mas a escola não estourou o tempo limite de 82 minutos.
Segundo informações da Folha.com, traficantes tentaram assaltar integrantes da Porto da Pedra quando eles deixavam a passarela do samba e houve tiroteio entre seguranças da escola e os bandidos. Duas pessoas teriam ficado feridas.
 
A cantora Mart´nália toca na bateria da Vila Isabel acompanhada da rainha Sabrina Sato (20/2/2012) Danilo Verpa/Folhapress
Com um enredo sobre Angola, a Vila Isabel desfilou depois de Renascer de Jacarepaguá, Portela, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente, Porto da Pedra e Beija-Flor, e retomou a origem africana que lhe deu o primeiro título de sua história, em 1988 (com o enredo Kizomba).
Desta vez, a escola que encerrou a primeira noite de desfiles do Carnaval do Rio trouxe o samba-enredo "Você Semba Lá .... Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola", de autoria do cantor e compositor Martinho da Vila.
Quarta colocada em 2011, a Vila misturou elementos como o semba (estilo musical angolano) e o kuduro (uma dança típica do país) com alegorias de temática tribal assinadas pela carnavalesca Rosa Magalhães, em seu segundo ano consecutivo na organização do desfile da escola.A bateria dos mestres Wallan e Paulinho contou com a apresentadora Sabrina Sato como rainha. A paulista treinou dança africana para sua apresentação à frente dos ritmistas da escola.A fantasia de Sabrina representava uma guerreira angolana. "Me identifiquei com o enredo porque Angola tem muito a ver com nosso povo e nossas raízes. Eu sou uma guerreira, esse desfile vai ser maravilhoso, vamos arrasar", disse a rainha ao UOL. "Nunca pensei em pisar na Sapucaí, ainda mais como rainha de bateria", completou Sabrina. Ela comentou ainda a ida do Pânico para a Bandeirantes. "Estou de coração aberto, vamos com tudo nessa nova fase. Mudanças são sempre boas".
A comissão de frente, bastante inventiva, trazia caçadores que se deslocavam e sumiam no meio da vegetação da savana. Ao centro, um rinoceronte estilizado que era montado e desmontado durante uma cena de caçada.O carro abre-alas, "A Fauna Selvagem Angolana", trouxe uma profusão de animais africanos, como girafas, zembras, crocodilos, chitas e antílopes.
Em seguida, Rosa optou por colocar no segundo carro um imbondeiro de nove metros de altura, um baobá africano muito comum em território angolano. O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada, seu caule pode ter um diâmetro de mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água, dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo. É um baobá africano”, explica Rosa.O segundo carro, "Imbondeiro - A Árvore da Vida", trazia uma árvore de nove metros de altura representando um baobá africano muito comum em território angolano. O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada e seu caule pode ter um diâmetro de mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água, dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo”, explicou a carnavalesca Rosa Magalhães.O castelo da lendária “Rainha Jinga” foi representado na terceira alegoria, toda feita em palha e decorada com máscaras de estilo tribal. A rainha Nzinga Mbandi Ngola, ou “Jinga”, era do reino de Matamba e viveu de 1581 a 1663. Sua figura é marcante na história angolana pois representou a resistência à ocupação pelos portugueses.Já na quarta alegoria, a escola levou um navio negreiro para representar a vinda dos negros escravizados de Angola. “Vieram mais de quatro milhões de negros de Angola direto para o Rio. A viagem demorava um mês”, contou Rosa.A chegada dos escravos ao Cais do Valongo, um mercado a céu aberto no Rio construído no fim do século 18 para o desembarque de milhares de escravos, também teve destaque na quinta alegoria da Vila Isabel. As influências africanas na música e festas brasileiras estão presentes na quinta alegoria.Para fechar o desfile, o último carro levava Martinho da Vila e 75 baluartes da escola. Martinho, considerado embaixador cultural da lusofonia, disse que tem uma relação de carinho com os países africanos de língua portuguesa. “É uma honraria, ganhei esse título quando Angola não tinha embaixada no Brasil. Eu recebia as autoridades logo no período da independência”, disse.

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