De cara, já dava para saber. Estas peças só podiam ser dele: Clodovil Hernandez. Agora elas estão prontas para ganhar um novo dono. E o Fantástico teve acesso exclusivo aos mais de 150 objetos, jóias e móveis que nesta semana vão a leilão em São Paulo, três anos depois da morte de Clodovil. Nas mãos de quem tudo isso vai parar?
É o que se perguntam os amigos de Clodovil que apresentaram as peças ao Fantástico: a advogada responsável pelo testamento e um assessor, que conviveu com o estilista por mais de 30 anos.
Os objetos revelam quem era Clodovil: um homem extravagante, que gostava de luxo. Mas que nem sempre conseguia manter todo esse status. No leilão vai ter de tudo... De brinco de diamante a bolsa falsificada!Apenas as jóias foram avaliadas pela Justiça e já têm preço. A gravata com mais de mil brilhantinhos Clodovil usou no Réveillon de 2008. Preço mínimo pra quem quiser arrematar: R$ 11 mil. Mas também tem coisa mais barata: os botões de brilhante: R$ 840 o lance inicial. E o par de abotoaduras, R$150.
“Dificilmente Clodovil entrava em um lugar pra comprar uma joia pronta. Normalmente era feita por ele, desenhada por ele e feita por alguém da confiança dele”, conta a advogada e amiga do estilista Maria Hebe Pereira Queiroz.Com os móveis, era assim também. “Todas as peças que ele mandava fazer ele acompanhava, como as provas de um vestido”, revela Mauricio Petiz, amigo de Clodovil.
Os móveis ainda não têm preço. No leilão, começam com um lance mínimo de R$ 20. Esse valor é só o começo de uma disputa que pode ir longe. O leilão também tem peças do início da carreira de Clodovil. Ele adorava baús e tinha uma coleção de todos os tamanhos, um enorme, outros menores, de todas as cores, de todos os modelos. Muitos são da época que ele era estilista, ele colocava os vestidos dentro os baús e levava para os desfiles. E ele viajava com os baús lotados de roupa!Tem baú de uma das grifes mais caras do mundo. Só dá para comprar um desses no leilão ou encomendar direto da França, por quase R$ 40 mil reais. E ainda precisa esperar uns três meses para chegar. O lance mínimo inicial dos baús e das malas também é de R$ 20.“Dentre todas essas, duas apenas são falsas, são falsificadas. Pelo menos que a gente acredite são duas apenas, né? E como ele disse, não é mentira. Na mão dele, quem diria que é uma bolsa falsa?”, diz Maria Hebe.
Algumas peças bem curiosas mostram a paixão de Clodovil pelos animais. “Tinha coleção de sapinhos e pererecas. Onde ele ia, ele comprava sapinho, perereca”, relata o amigo Maurício Petiz.Clodovil não tinha herdeiros. No testamento, determinou que a herança fosse para duas entidades, Fundação Isabel Hernadez e Casas Clô, que ainda não foram criadas. Por enquanto, o dinheiro arrecadado com o leilão terá outro destino. “Tem dívidas para pagar, que precisam ser pagas”, explica a advogada. Segundo ela, as dívidas, muitas com ex-funcionários, passam de R$ 300 mil. Uma casa em Cotia, na Grande São Paulo, também já está à venda.A casa que ele tinha em Ubatuba, litoral paulista, não pode ser vendida. Foi construída em uma área de preservação ambiental e deve ser demolida. Clodovil vivia cercado pelo luxo. “Dinheiro é uma questão de cada um de nós. Eu só consigo viver no meio da beleza”, disse ele certa vez. Mas teve que abrir mão do que mais gostava quando ficou em dificuldade.
“Na verdade, o Clodovil vendia muita coisa, qualquer aperto ele dispunha das jóias, vendeu várias vezes”, conta Mauricio. Do brinco inseparável... “Ele tinha o par, né. Agora como ele ficou muito sem dinheiro, e nos só encontramos um, imaginamos que ele tenha vendido”, revela Maria Hebe.
Mas Clodovil nunca vendeu a recordação mais preciosa: a joia com a foto da mãe. Ela também estará à venda. O leilão será nesta quinta-feira (12), em São Paulo.“A nossa expectativa seria por volta de 80 mil reais, 100 mil reais. Mas em se tratando de um evento especial como esse, eu tenho a impressão de que esse valor pode ate dobrar realmente”, acredita Ulisses Barbosa da Silva, organizador do leilão.
Os amigos já começaram a se despedir das peças. “Eu não sei se tenho coragem de ver as pessoas darem x, y, z. Até porque algumas coisas pra mim têm um valor absurdo. O que tenho na memória ninguém vende, ninguém rouba", diz Mauricio Petiz, amigo de Clodovil.
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