Chico Felitti descreve o caminho entre 2 estranhos se conhecerem e um casal subir ao altar.
O amor do analista fiscal André Moreira, 30, foi posto à prova pelo analista de mídias sociais João Geraldo Netto, 29. De verdade.
João fez um teste com cinco perguntas dissertativas de conhecimento bem específico para o namorado responder, enquanto o casal pegava uma praia em Ilha Grande (RJ), no fim de 2012.
O inquisidor entregou seu tablet para o namorado, enquanto tomavam sol. O aparelho passou um vídeo em que João fazia os questionamentos, como se fosse um programa de TV que chamou de “Show do Mozão”.
A provinha tinha conteúdos como “Qual é o nome carinhoso que eu te chamo, sem ser ‘momozão’?”, ao que ele respondeu corretamente “Príncipe”. E “Qual é minha cor favorita?”, com aproveitamento de 100% na resposta “verde”.
No fim, em vez de um prêmio em dinheiro, o bom aluno André ganhou uma prenda em ouro (“Que vale mais do que dinheiro”, já defendia Sílvio Santos, patrono desse tipo de jogo): uma aliança e um pedido em casamento.
Veja o pedido de casamento de João a André:
A cena foi filmada e colocada na internet. O show deu audiência: mais de cem mil pessoas já assistiram ao vídeo. “Não esperava”, diz João: “Marquei no Facebook só os meus amigos mais próximos. Era para mostrar que eu ia me casar mesmo, que meu relacionamento é meio recente, mas de verdade e todo fofo”.
A fofura começou um ano e meio atrás, quando os namoros anteriores de ambos estavam no fim. Eles se encontraram num restaurante em Petrópolis, cidade de um e de outro. Já tinham se visto no Facebook, no Orkut. “Eu dava umas olhadas, umas paqueradas de longe. Futucava os perfis dele na internet. O normal de quem acha uma pessoa interessante”, diz André.
Mas não passou de contato visual. Até que ficaram sabendo da iminente solteirice do outro. Foram conversar sobre os fins e acabaram se beijando no carro. Duas semanas depois de Netto se separar, já era namoro. “Eu sou um cara para casar”, defende ele.
No que André concorda. “Quando a gente fez um ano, foi jantar num restaurante japonês. Eu fiquei na expectativa de ter um pedido, ou pelo menos uma aliança para assegurar o relacionamento.
Não rolou e fiquei até meio frustrado.”
Mal sabia que João, que nunca quis usar aliança de ouro (“Odeio dourado!”), já tinha comprado um par delas e planejava mais do que passeios para a viagem a Ilha Grande. Netto mobilizou um amigo do trabalho para fazer os vídeos em que apresentava as perguntas que terminariam em “Você quer casar comigo?”.
No caminho de ida à ilha, ele fez testes. “Fiquei muito inseguro de ele dizer não. Então perguntava: ‘Você tem certeza de que eu sou a pessoa com quem você quer passar o resto da sua vida?”
A insegurança tinha onde se escorar: “Eu falava que queria me casar. E ele dizia ‘Eu só quero me casar de verdade quando estivermos morando 100% do tempo juntos’”, conta João Netto.
O que ainda não é o caso.
Nesta semana João se mudou para Brasília. Fará um projeto de mídias sociais para o Ministério da Saúde, para quem tinha feito campanhas de prevenção ao HIV desde 2010. André, por ora, fica no Rio.
Já compraram um estoque de passagens para remediar a distância, de mais de 1.000 km. A cada 15 dias, um visitará o outro. Mas o vai e vem é transitório. “Ele vai para Brasília”, diz Netto, “assim que tudo estiver tudo certinho lá.”
Daí eles se casam. João quer que seja na praia, André que ainda seja neste ano. “Acho que vai acabar sendo natural, como foi o registro da união”, diz André.
Foram só os dois ao cartório, numa sexta do último novembro. “Eu tinha emendado um feriado no trabalho.”
Quando chegaram à porta, foi a vez de João fazer a André uma última pergunta do “Show do Mozão”. Disse: “É isso mesmo que você quer?”. Ouviu como resposta: “Se for o que você quer é o que eu quero”. Netto entrou na repartição já chorando. Felicidade aos noivos.
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