IVAN FINOTTI/FOLHA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Cyndi Lauper arrasou no show desta terça-feira à noite na Via Funchal, em São Paulo. Isso não significa que a apresentação tenha sido excelente.
Foi ótima em relação aos hits da cantora, que tocou tudo o que os fãs esperavam. De "She Bop", numa versão bem funkeada, a "The Goonies Are Good Enough", passando pelas ótimas baladas que foram sucesso nos anos 80. Aos 57 anos, Lauper precisa ser incluída urgentemente na categoria dos showmen que espantam pela vitalidade apesar dos anos avançados, tais como Mick Jagger, 67, ou Paul McCartney, 68. A exemplos desses, a nova-iorquina Lauper é um foguete. Carismática e inquieta, logo na segunda música desceu ao meio da plateia para cantar junto aos paulistanos. Não satisfeita, subiu numa cadeira. Ainda achando pouco, escalou uma mesa do Via Funchal e ficou lá em cima cantando um blues.
Se desculpou por não falar português e várias vezes interrompeu o show para ir perguntar à percussionista como se pronunciava uma frase ou outra. A percussionista era a brasileira Lan Lan, que, em uma palavra, detonou! Trouxe um suíngue baiano ao som de Lauper e transformou a ótima "Change Of Heart" literalmente num sambão. Um espanto.
Carlos Cecconello/Folhapress | ||
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A cantora norte-americana Cyndi Lauper na Via Funchal, em São Paulo, ontem |
Num desses momentos divertidos, parou "Girls Just Wanna Have Fun" no meio só porque havia uma mulher na mesa da frente que insistia em permanecer sentada. "Desculpe, mas você vai ter que dançar. Não sou Frank Sinatra, sabe?" O show terminou exatamente à meia-noite, com as baladas "Time After Time" e "True Colors", cantadas em coro pelo público. Mas se essa descrição toda remete a uma show irrepreensível, é que faltou falar das canções do último álbum de Lauper, "Memphis Blues". Foi um disco elogiado, que chegou a ficar em primeiro lugar na parada de blues norte-americana. Traz, entre outras canções tristes, "Rollin' And Tumblin'", de Muddy Waters, também gravada recentemente por Bob Dylan, em seu premiado "Modern Times" (2006). E se Lauper soa bem com uma cantora de blues no estúdio, ao vivo a coisa não funciona muito bem. Talvez se ela fosse negra, talvez se ela fosse pobretona, talvez se ela fosse infeliz, talvez se tivesse nascido nos cafundós do Mississippi, mas Lauper não é nada disso. E sua leitura de clássicos da tristeza norte-americana simplesmente não conseguem alçar voo. À parte isso, Cyndi Lauper arrasou.
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