Ator Rodrigo Andrade fala de primo gay assassinado e diz que homofóbicos são enrustidos

O ator Rodrigo Andrade que vive o personagem Eduardo em Insensato Coração revelou esta semana na revista Contigo! Um drama familiar causado pela homofobia. Na novela, o ator de 27 anos vive um rapaz que aos vinte e poucos anos começa a se aceitar como homossexual e em breve verá sua mãe, que é amiga de vários gays, não aceitar sua orientação sexual.

Na vida real, Andrade teve um primo homossexual que foi assassinado há 15 anos. O rapaz foi morto com um tiro nas costas enquanto passeava com o cachorro. O assassino chegou e disse que não poderia haver gay no bairro em que morava e matou o primo do ator. Ele contou ainda que o assassino era menor e foi preso e depois solto. O episódio, que aconteceu quando o ator ainda era pequeno – Eduardo contou que nem sabia na época que o primo era gay – e que ao pegar o papel lembrou do primo. “Queria que o meu personagem fosse um referencial para combater esses atos de violência, mostrando que o importante é o caráter e a dignidade e não a sexualidade”, contou o ator afirma que pesquisou muito sobre o assunto.
Para o ator, grande parte dos que são contra os homossexuais é porque não admitem a própria homosexualidade. “Em minha opinião, grande parte dos homofóbicos são enrustidos. Lógico que não vou generalizar. Isso não sou só eu que estou dizendo. Foi comprovado cientificamente. Uma universidade dos Estados Unidos fez uma pesquisa e colocou 30 homofóbicos e 30 pessoas indiferentes à sexualidade alheia. Os dois grupos assistiram a um filme pornô e os homofóbicos se excitaram mais ao ver cenas entre dois homens fazendo sexo”, falou o ator sobre uma pesquisa realizada pela faculdade de Psicologia da Universidade da Georgia, nos EUA.Confira a entrevista abaixo.
Contigo! Online: É verdade que um primo seu que era gay foi assassinado por um homofóbico?
Rodrigo Andrade: Sim, isso já faz uns 15 anos. Na época eu era muito novo e só soube da história mais tarde. Eu nem sabia que meu primo era gay. Eu sei que ele estava passeando com o cachorro na rua e um marginal chegou perto e falou que não poderia ter gay naquele bairro onde eles moravam. O meu primo ignorou e saiu andando. Nisso, o rapaz atirou nas costas dele.
Foi assim, gratuitamente? Esse assassino chegou a ser preso e condenado?
Sim, foi do nada mesmo. Não aconteceu nem uma tentativa de assalto. Eu soube que era um menor e chegou a ficar preso durante um tempo. Só que, por incrível que pareça, esse sujeito foi solto e ainda passou em frente à casa da minha tia (mãe do primo que ele tirou a vida) e falou piadinhas, fez gracinhas. Soube também que, depois disso, ele chegou a matar outro rapaz. Agora não sei que rumo ele tomou.
Veio em sua cabeça esse episódio quando soube que interpretaria um gay?
Sim, me veio em mente, mas na verdade eu era muito novo quando isso tudo aconteceu. Quando peguei o personagem, eu sabia que ele teria uma responsabilidade social muito grande, principalmente por estar no horário nobre da TV Globo. Eu pensei no meu primo, mas também fiz muita pesquisa na ciência contemporânea, Eu não queria fazer o trabalho na base do “achismo”. Queria que o meu personagem fosse um referencial para combater esses atos de violência, mostrando que o importante é o caráter e a dignidade e não a sexualidade.
Você acha que muitos homofóbicos são na verdade homossexuais não assumidos?
Em minha opinião, grande parte dos homofóbicos são “enrustidos”. Lógico que não vou generalizar. Isso não sou só eu que estou dizendo. Foi comprovado cientificamente. Uma universidade dos Estados Unidos fez uma pesquisa e colocou 30 homofóbicos e 30 pessoas indiferentes à sexualidade alheia. Os dois grupos assistiram a um filme pornô e se excitaram mais ao ver cenas entre dois homens fazendo sexo.
Recentemente, aconteceu o primeiro beijo gay em novelas, em Amor e Revolução, do SBT. Esse beijo foi entre duas mulheres. Você acha que o público tolera mais o homossexualismo feminino? E se fossem dois homens?
Acredito sim. As pessoas aceitam mais quando se trata de mulheres. O grande tabu vai ser quando dois homens se beijarem. Vai ser bem mais expressivo quando for na TV Globo, com a audiência toda que ela tem.
E você acha que tem possibilidade de acontecer isso por meio de seu personagem?
Não tenho ideia. Acho que o Ricardo Linhares falou que isso não dependeria só dos autores e sim de mais alguém da emissora liberar. Independente disso, eu acho que ele vai ter um romance bonito. Quanto a mim, só posso dizer que estou preparado para fazer o que os autores escreverem. Se rolar o beijo, eu vou ficar contente e fazer com o maior carinho, mas se não rolar, também não vou ficar frustrado.
Como está sendo a repercussão nas ruas? Escuta gracinhas?
Não. Vou ser muito sincero, eu até esperava escutar piadinha ou sofrer algum ato de homofobia. Nunca percebi nada. A forma que as pessoas chegam é a mais legal, com muito carinho. Nunca fui confundido com o personagem. Acho que as pessoas agora já sabem separar mais o ator do personagem. Estou achando até engraçado porque quando eu fiz o Téo, em Caras e Bocas, que era um pegador, a implicância do público era bem maior. Tanto as meninas se aproximavam para dar em cima quanto os homens provocavam para arrumar confusão. Nessa novela não acontece nada. Tem até uma campanha grade no Twitter que é “sai do armário, Eduardo!”. Já escutei isso na rua, mas sempre em tom de brincadeira.
Deixando um pouco o Eduardo de lado. E o Rodrigo Andrade, está com o coração ocupado?
Sim, estou com Mellina Torres. Completamos seis meses de namoro. Ela é estudante e não tem nada a ver com o meio artístico.