sábado, 19 de março de 2011

Japão registra primeira contaminação de alimentos por radiação

O governo japonês registrou neste sábado, pela primeira vez desde a crise nuclear na usina de Fukushima Daiichi, radiação acima do recomendado em leite e espinafre nas províncias de Fukushima e Ibaraki.
Segundo o secretário de Gabinete do Japão, Yukio Edano, a radiação estava acima do padrão estabelecido pelo governo, mas não impunha risco imediato à saúde humana. Ele não detalhou de quanto foi a radiação encontrada.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que a contaminação é de iodo radioativo e que o governo japonês interrompeu a venda destes produtos. A agência da ONU disse ainda que há sim risco à saúde humana, caso os alimentos sejam consumidos. "Apesar do iodo radioativo ter uma vida curta de cerca de oito dias e se dissipar naturalmente em uma questão de semanas, há um risco de curto-prazo para a saúde humana se o iodo radioativo na comida for absorvido pelo corpo humano".
Nesta semana, a União Europeia (UE) recomendou aos países do bloco que façam um maior controle de radioatividade nos alimentos importados do Japão.

Editoria de Arte/Folhapress

Os controles são voluntários, mas, no caso haja constatação de níveis de contaminação radioativa acima do teto autorizado, os países do bloco estão obrigados a informar a Bruxelas. A UE importou 9.000 toneladas de frutas e verduras em 2010, além de alguns tipos de pescado.
Especialistas temem as consequências da contaminação do solo e águas com o material radioativo lançado ao ar pela usina nuclear. O material pode efetivamente contaminar os alimentos, entrando na cadeia alimentar da população, o que causaria um risco ao longo de semanas e mesmo meses aos japoneses.
O leite de vaca é especialmente vulnerável, segundo especialistas, caso os animais entrem em contato com o pasto contaminado. O produto é muito consumido pelo homem, não só em sua forma natural, mas como ingrediente de vários alimentos processados.
ESTÁVEL
Neste sábado, as autoridades continuam lançando água para reduzir a temperatura dos reatores de Fukushima Daiichi e conter um vazamento massivo de material radioativo. Os bombeiros devem lançar 1,260 toneladas de água no reator. A operação, segundo a agência de notícias Kyodo, deve durar sete horas.
Edano disse que as condições no reator 3 ficaram relativamente estáveis depois que bombeiros lançaram 60 toneladas de água em uma piscina fervente que abriga combustível nuclear usado. A operação foi realizada pouco depois da 0h (12h de sexta-feira em Brasília), do lado de fora do prédio que abriga o reator.
"Nós estamos tentando deixar as coisas sob controle, mas estamos em uma situação imprevisível ainda", disse Edano.

Damir Sagolj/Reuters
Membros das Forças de Autodefesa carregam vítima encontrada em carro, mais de uma semana após tremor
Membros das Forças de Autodefesa carregam vítima encontrada em carro, mais de uma semana após tremor

O objetivo primário é impedir qualquer vazamento massivo de materiais radioativos da piscina que abriga o combustível usado para o ar. O aumento da temperatura da água desta piscina, normalmente de 40ºC, faz com que a água se dissipe e exponha as varetas de combustível nuclear usado. Sem o líquido, que as isola do exterior, elas ficam então suscetíveis às altas temperaturas e podem derreter. No pior dos cenários, podem liberar material altamente radioativo. Edano disse ainda que os bombeiros preparam a mesma operação para o reator 4. Já nos reatores 5 e 6, as equipes conseguiram manter a temperatura baixa usando apenas um sistema de circulação de água nas piscinas, já que um dos geradores de emergência foi restaurado neste sábado. Com o religamento, a temperatura caiu de 68,8°C para 67,6°C, em quatro horas.
O ministro de Defesa, Toshimi Kitazawa, disse separadamente que a temperatura de superfície nos reatores 1 e 4 estavam a 100ºC ou menos na manhã deste sábado (noite de sexta em Brasília) e que a condição em ambos está mais estável do que o esperado. Ele foi instruído pelo premiê Naoto Kan a monitorar os arredores da usina nuclear. Já a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., conseguiu conectar os cabos de energia aos prédios dos reatores 1 e 2. A ideia é fazer uma checagem dos equipamentos e ligar os cabos na manhã de domingo (noite de sábado em Brasília).
A restauração da energia elétrica pe crucial para que o sistema de resfriamento, danificado pelo terremoto, volte a ser ligado --o que facilitará a manutenção da temperatura nos reatores.
Projeto original de Fukushima esconde uma bomba-relógio dupla
SABINE RIGHETTI/FOLHA/DE SÃO PAULO
CLAUDIO ANGELO/FOLHA/DE BRASÍLIA

Uma opção de projeto da usina nuclear Fukushima 1 transformou o local em uma bomba-relógio dupla e acendeu um sinal amarelo sobre usinas nucleares: a estocagem do combustível usado no mesmo prédio do reator.
Além de três reatores que estão com núcleo esquentando, a piscina que guarda o chamado combustível gasto do reator 4 está secando. E o combustível gasto dos reatores 5 e 6 está mais de duas vezes mais quente. Isso pode gerar uma explosão com efeitos trágicos, já que esse material --uma mistura de urânio, plutônio e outros elementos letais-- é 1 milhão de vezes mais radioativo do que o combustível novo.
Depois de queimadas no núcleo do reator, as varetas que abrigam esse material ficam em água, tanto para resfriar o combustível quanto para "blindar" a radiação. "Mas a água está quente e evaporando, e o ar está começando a entrar em contato com os combustíveis estocados. Isso pode dar uma ignição", explica Luís Antônio Albiac Terremoto, do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).
"Certamente a piscina não está íntegra, porque está vazando água", diz Leonam Guimarães, da Eletronuclear. Para piorar a situação, o reator 4 estava em manutenção quando aconteceu o terremoto de 11 de março. A presença do combustível em uso, menos radioativo mas muito mais quente que o combustível gasto, provavelmente causou a elevação na temperatura da água.
E a radioatividade desse combustível gasto torna virtualmente impossível que os trabalhadores se aproximem da unidade 4 para reparos. "Essas varetas não estão num prédio de contenção, estão nadando numa piscina", diz o geoquímico Rodney Ewing, da Universidade de Michigan (EUA), especialista em rejeitos nucleares. Várias usinas atômicas no mundo adotam o mesmo projeto de Fukushima, de armazenar o combustível gasto no mesmo prédio do reator. Angra 2 e Angra 3 estão entre elas. Em Angra 1, a estocagem fica anexa ao prédio. "Mas a questão é por que nós mantemos esse material em piscinas", diz Ewing. Segundo ele, uma alternativa seria armazenamento a seco. Depois de um tempo, o material da piscina pode ser levado para outro local de estocagem --ou, como no Japão, reprocessado. Mas o reprocessamento é caro e mal visto nos EUA porque tem alto teor de plutônio, material usado em bombas. "A lição que aprendemos de Fukushima é que nós precisamos de um plano de longo prazo", conclui Ewing.

Japão: tremor de 6,1 graus atinge Ibaraki, a nordeste de Tóquio

OSAKA, Japão, 19 Mar 2011 (AFP) -Um terremoto de 6,1 graus de magnitude atingiu neste sábado a província de Ibaraki, localizado a menos de uma centena de quilômetros a nordeste de Tóquio, anunciou a agência meteorológica japonesa.Não foi lançado alerta de tsunami, segundo a mesma fonte.O terremoto estremeceu os imóveis em Tóquio, mas no momento não tinham sido reportado danos materiais, indicou a emissora pública NHK.Os voos no aeroporto da capital, Narita, foram temporariamente suspensos por medidas de segurança, disse a fonte.
Quantidade de terremotos no ano
Mag/Data2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011Média anualProj.
2011
8.0 a 8.92 1 2 4 0 1 1 11 (1)4
7.0 a 7.914 10 9 14 12 16 21 617 (1)28
6.0 a 6.9141 140 142 178 168 144 151 66134 (2)312
5.0 a 5.91515 1693 1712 2074 1768 1895 1944 6061319 (2)2872
4.0 a 4.910888 13917 12838 12078 12291 6801 10402 1802130008541
Total31194 30478 29568 29685 31777 14820 21473 3185
Mortes22880288003 6605 712 88011 1790 226729 193
Até 18 de março de 2011
(1) Baseado em observações desde 1900
(2) Baseado em observações desde 1990
Projeção: Tendência caso a quantidade de abalos seja mantida
Obs: Os valores podem sofrer correções à medida que são aferidos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...