Segundo o secretário de Gabinete do Japão, Yukio Edano, a radiação estava acima do padrão estabelecido pelo governo, mas não impunha risco imediato à saúde humana. Ele não detalhou de quanto foi a radiação encontrada.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que a contaminação é de iodo radioativo e que o governo japonês interrompeu a venda destes produtos. A agência da ONU disse ainda que há sim risco à saúde humana, caso os alimentos sejam consumidos. "Apesar do iodo radioativo ter uma vida curta de cerca de oito dias e se dissipar naturalmente em uma questão de semanas, há um risco de curto-prazo para a saúde humana se o iodo radioativo na comida for absorvido pelo corpo humano".
Nesta semana, a União Europeia (UE) recomendou aos países do bloco que façam um maior controle de radioatividade nos alimentos importados do Japão.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Os controles são voluntários, mas, no caso haja constatação de níveis de contaminação radioativa acima do teto autorizado, os países do bloco estão obrigados a informar a Bruxelas. A UE importou 9.000 toneladas de frutas e verduras em 2010, além de alguns tipos de pescado.
Especialistas temem as consequências da contaminação do solo e águas com o material radioativo lançado ao ar pela usina nuclear. O material pode efetivamente contaminar os alimentos, entrando na cadeia alimentar da população, o que causaria um risco ao longo de semanas e mesmo meses aos japoneses.
O leite de vaca é especialmente vulnerável, segundo especialistas, caso os animais entrem em contato com o pasto contaminado. O produto é muito consumido pelo homem, não só em sua forma natural, mas como ingrediente de vários alimentos processados.
ESTÁVEL
Neste sábado, as autoridades continuam lançando água para reduzir a temperatura dos reatores de Fukushima Daiichi e conter um vazamento massivo de material radioativo. Os bombeiros devem lançar 1,260 toneladas de água no reator. A operação, segundo a agência de notícias Kyodo, deve durar sete horas.
Edano disse que as condições no reator 3 ficaram relativamente estáveis depois que bombeiros lançaram 60 toneladas de água em uma piscina fervente que abriga combustível nuclear usado. A operação foi realizada pouco depois da 0h (12h de sexta-feira em Brasília), do lado de fora do prédio que abriga o reator.
"Nós estamos tentando deixar as coisas sob controle, mas estamos em uma situação imprevisível ainda", disse Edano.
Damir Sagolj/Reuters | ||
Membros das Forças de Autodefesa carregam vítima encontrada em carro, mais de uma semana após tremor |
O objetivo primário é impedir qualquer vazamento massivo de materiais radioativos da piscina que abriga o combustível usado para o ar. O aumento da temperatura da água desta piscina, normalmente de 40ºC, faz com que a água se dissipe e exponha as varetas de combustível nuclear usado. Sem o líquido, que as isola do exterior, elas ficam então suscetíveis às altas temperaturas e podem derreter. No pior dos cenários, podem liberar material altamente radioativo. Edano disse ainda que os bombeiros preparam a mesma operação para o reator 4. Já nos reatores 5 e 6, as equipes conseguiram manter a temperatura baixa usando apenas um sistema de circulação de água nas piscinas, já que um dos geradores de emergência foi restaurado neste sábado. Com o religamento, a temperatura caiu de 68,8°C para 67,6°C, em quatro horas.
O ministro de Defesa, Toshimi Kitazawa, disse separadamente que a temperatura de superfície nos reatores 1 e 4 estavam a 100ºC ou menos na manhã deste sábado (noite de sexta em Brasília) e que a condição em ambos está mais estável do que o esperado. Ele foi instruído pelo premiê Naoto Kan a monitorar os arredores da usina nuclear. Já a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., conseguiu conectar os cabos de energia aos prédios dos reatores 1 e 2. A ideia é fazer uma checagem dos equipamentos e ligar os cabos na manhã de domingo (noite de sábado em Brasília).
A restauração da energia elétrica pe crucial para que o sistema de resfriamento, danificado pelo terremoto, volte a ser ligado --o que facilitará a manutenção da temperatura nos reatores.
Projeto original de Fukushima esconde uma bomba-relógio dupla
SABINE RIGHETTI/FOLHA/DE SÃO PAULO
CLAUDIO ANGELO/FOLHA/DE BRASÍLIA
CLAUDIO ANGELO/FOLHA/DE BRASÍLIA
Uma opção de projeto da usina nuclear Fukushima 1 transformou o local em uma bomba-relógio dupla e acendeu um sinal amarelo sobre usinas nucleares: a estocagem do combustível usado no mesmo prédio do reator.
Além de três reatores que estão com núcleo esquentando, a piscina que guarda o chamado combustível gasto do reator 4 está secando. E o combustível gasto dos reatores 5 e 6 está mais de duas vezes mais quente. Isso pode gerar uma explosão com efeitos trágicos, já que esse material --uma mistura de urânio, plutônio e outros elementos letais-- é 1 milhão de vezes mais radioativo do que o combustível novo.
Depois de queimadas no núcleo do reator, as varetas que abrigam esse material ficam em água, tanto para resfriar o combustível quanto para "blindar" a radiação. "Mas a água está quente e evaporando, e o ar está começando a entrar em contato com os combustíveis estocados. Isso pode dar uma ignição", explica Luís Antônio Albiac Terremoto, do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).
"Certamente a piscina não está íntegra, porque está vazando água", diz Leonam Guimarães, da Eletronuclear. Para piorar a situação, o reator 4 estava em manutenção quando aconteceu o terremoto de 11 de março. A presença do combustível em uso, menos radioativo mas muito mais quente que o combustível gasto, provavelmente causou a elevação na temperatura da água.
E a radioatividade desse combustível gasto torna virtualmente impossível que os trabalhadores se aproximem da unidade 4 para reparos. "Essas varetas não estão num prédio de contenção, estão nadando numa piscina", diz o geoquímico Rodney Ewing, da Universidade de Michigan (EUA), especialista em rejeitos nucleares. Várias usinas atômicas no mundo adotam o mesmo projeto de Fukushima, de armazenar o combustível gasto no mesmo prédio do reator. Angra 2 e Angra 3 estão entre elas. Em Angra 1, a estocagem fica anexa ao prédio. "Mas a questão é por que nós mantemos esse material em piscinas", diz Ewing. Segundo ele, uma alternativa seria armazenamento a seco. Depois de um tempo, o material da piscina pode ser levado para outro local de estocagem --ou, como no Japão, reprocessado. Mas o reprocessamento é caro e mal visto nos EUA porque tem alto teor de plutônio, material usado em bombas. "A lição que aprendemos de Fukushima é que nós precisamos de um plano de longo prazo", conclui Ewing.
Japão: tremor de 6,1 graus atinge Ibaraki, a nordeste de Tóquio
Mag/Data | 2004 | 2005 | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | Média anual | Proj. 2011 |
8.0 a 8.9 | 2 | 1 | 2 | 4 | 0 | 1 | 1 | 1 | 1 (1) | 4 |
7.0 a 7.9 | 14 | 10 | 9 | 14 | 12 | 16 | 21 | 6 | 17 (1) | 28 |
6.0 a 6.9 | 141 | 140 | 142 | 178 | 168 | 144 | 151 | 66 | 134 (2) | 312 |
5.0 a 5.9 | 1515 | 1693 | 1712 | 2074 | 1768 | 1895 | 1944 | 606 | 1319 (2) | 2872 |
4.0 a 4.9 | 10888 | 13917 | 12838 | 12078 | 12291 | 6801 | 10402 | 1802 | 13000 | 8541 |
Total | 31194 | 30478 | 29568 | 29685 | 31777 | 14820 | 21473 | 3185 | ||
Mortes | 228802 | 88003 | 6605 | 712 | 88011 | 1790 | 226729 | 193 |
(1) Baseado em observações desde 1900
(2) Baseado em observações desde 1990
Projeção: Tendência caso a quantidade de abalos seja mantida
Obs: Os valores podem sofrer correções à medida que são aferidos
(2) Baseado em observações desde 1990
Projeção: Tendência caso a quantidade de abalos seja mantida
Obs: Os valores podem sofrer correções à medida que são aferidos
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