Divulgação pela ótica de interesse de vídeos e notícias do mundo!
**MELHOR VIZUALIZADO COM O GOOGLE CHROME e FIREFOX
*ESTE BLOG PODE TER CONTEÚDO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS*
É humanamente impossível enfiar todos os sucessos de Elis Regina num único show, em cerca de uma hora e meia. Incumbida de uma missão impossível, a cantora Rakelly Calliari já prevê a reação do público amanhã e domingo, no teatro da UEM, após os shows. "As pessoas vão ficar frustradas. Todo mundo quer ouvir sua música favorita, e a Elis gravou muito material. Não dá para agradar a todos", comenta a vocalista do Samba Sim. No ano em que Elis Regina morreu, há três décadas, vítima de uma overdose de cocaína e álcool aos 36 anos, o grupo londrinense presta um tributo com o pé no samba. Canções bem conhecidas de João Bosco, Gilberto Gil, Adoniran Barbosa e Paulo César Pinheiro ganham espaço no recorte musical. Entre os clássicos, há alguns lados B para os fãs mais ardorosos. É aí que "Sai Dessa" e "Mangueira" surgem no repertório.
Divulgação
Elis Regina: cantora morta em 1982, vítima de overdose, terá os sambas de seu repertório interpretados pelos londrinenses do Samba Sim: "Se não fosse a Maria Rita, não sei o que seria", diz vocalista Rakelly, sobre a popularidade de Elis junto às novas gerações
Esta será a segunda vez que o Samba Sim presta tributo a Elis. O primeiro foi em 2010, assumindo a trilha às quintas-feiras do mês de janeiro, no Bar Valentino, em Londrina. Por lá, Elis é homenageada anualmente, sempre com um mês dedicado ao seu repertório. E não é só de MPB, não. Tem de tudo. Bandas de rock e black music também mostram suas leituras para as canções da cantora gaúcha. "É incrível como o repertório dela pode ser adaptado a outros estilos", observa.Quem está acostumado a ver shows capengas de covers, vai sentir a diferença durante a apresentação dos londrinenses. "Virou uma desgraça. Tem um monte de gente fazendo ‘Especial Maria Rita’, ‘Especial Nando Reis’, e esses artistas estão aí, em plena atividade, fazendo turnês. Já o nosso shows exigiu pesquisa musical, estudo biográfico", comenta. Debruçada sobre a obra da Pimentinha, Rakelly ganhou uma série de lições, desde a preocupação com compositores até os arranjos musicais. "É incrível como os produtores e compositores foram essenciais para ela. Observando a obra da Elis, conseguimos ampliar nosso repertório, ganhamos uma consciência maior sobre os arranjos", diz. Renovação
O público jovem não está distante do legado musical da Pimentinha. Uma das responsáveis pela mediação com novos fãs, segundo a londrinense, é Maria Rita, filha de Elis.
Imagem
Quando: Hoje, às 21h, e
amanhã, às 20h. Onde: Teatro Oficina da
UEM. Preço: R$ 15
(promocional),
à venda na Genko Mix
(Maringá Park)
"Quando ela concede entrevistas, na Rolling Stone ou em outras publicações voltadas para os jovens, ela sempre responde sobre a relação com a mãe. Se não fosse a Maria Rita, não sei o que seria", observa.
Além da Rakelly nos vocais, o Samba Sim ainda é formado por André Gião (cavaco e guitarra), André Mendes (baixo) e Leonardo Cacione (bateria).
Nos shows de Elis, o público sempre ficava apreensivo. Tudo podia acontecer. Cancelamentos de shows, em cima da hora, eram comuns. Lágrimas rolando no palco também. Felizmente, Rakelly não incorporou essas características em sua performance. Sorte anossa, sem risco de ir em vão até a UEM.
Elis Regina recebe série de homenagens em 2012; Maria Rita faz show gratuito com canções suas em abril no Auditório Ibirapuera
A cantora Maria Rita faz show gratuito com repertório baseado em músicas famosas de sua mãe, Elis Regina, em 22 de abril, no Auditório Ibirapuera (zona sul de São Paulo). A apresentação faz parte do projeto que homenageia a icônica cantora nos 30 anos de sua morte.
A série batizada "Viva Elis" leva o espetáculo a cinco capitais brasileiras. Além de São Paulo, recebem o espetáculo Porto Alegre --cidade natal da cantora--, Recife, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.Maria Rita tem a companhia dos músicos Thiago Costa (piano e teclado), Sylvinho Mazzucca (baixo), Davi Moraes (guitarra) e Cuca Teixeira (bateria), e interpreta 25 grandes sucessos de Elis.
Segundo a produção, o projeto ainda envolve uma exposição multimídia itinerante, com documentário sobre a vida e a obra de Elis Regina, e um livro baseado em sua trajetória, ambos com lançamento previsto para 2012.
Acesse o site Catraca Livre para saber informações sobre eventos gratuitos ou populares.
Maria Rita - Projeto Nivea Viva Elis - Auditório Ibirapuera - av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portões 2 (pedestres) e 3 (carros), parque Ibirapuera, zona sul, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3629-1075.Dom. (22/4): 11h. Evento gratuito.
Alexandre Rezende/Folhapress
Cantora Maria Rita (foto) faz shows gratuitos com músicas de Elis Regina; em SP, o show acontece em 22/4
Os 50 anos da morte da atriz serão lembrados no próximo Festival de Cannes
André Setaro
De Salvador (BA)
O próximo Festival de Cannes, em maio do ano em curso, vai fazer uma homenagem especial a Marilyn Monroe pela passagem dos 50 anos de sua morte, ocorrida em 5 de agosto de 1962. Custa crer que já estamos meio século sem a diva que encantou a todos os amantes do cinema e se tornou um mito sexual. Muito já se falou sobre ela e não pretendo aqui fazer uma abordagem nem biográfica nem filmográfica (apenas, em alguns casos, a latere). Acompanhei a trajetória de Marilyn em parte, porque, nascido em 1950, os seus primeiros filmes, vi-os depois nas constantes reprises do mercado exibidor. O primeiro filme que assisti com Marilyn Monroe, aos 10 anos de idade, Adorável pecadora (Let's make love, 1960), de George Cukor, na majestade do cinemascope do cinema Guarany em Salvador, constituiu-se num choque para o adolescente que era. Um choque de sensualidade, um choque de desejo, pois diante de uma autêntica boneca de carne a solicitar daqueles que a viam uma ação - seja ela qual fosse. Saí da sala de exibição avexado, mas isso outra história. Em Adorável pecadora, Marilyn é uma artista de um cabaré que está num número em que satiriza e ridiculariza um bilionário americano interpretado por Yves Montand. Este, ciente da sátira, resolve se apresentar na boite para trabalhar no número, mas não contava que iria se apaixonar por Monroe. Números musicais extraordinários, principalmente aquele, de Cole Porter, onde a diva desce de uma barra de ferro e começa a circular entre os seus pares. George Cukor sempre teve tino para a comédia, um grande diretor, principalmente de mulher. Yves Montand, ator charmant, apesar de filiado ao Partido Comunista francês e há muitos anos fiel à sua esposa Simone Signoret, não resistiu aos encantos de Monroe e teve um affair com ela, evidentemente a affair to remember, mas Signoret compreendeu e o perdoou.Em 1962, quando Marilyn Monroe morreu, a televisão tinha sido implantada em Salvador há dois anos e os aparelhos eram muito caros. Vim a ter um apenas no ano seguinte, 1963. Assim, na condição de televizinho, encontrava-me na casa de um amigo com toda a sua família reunida em volta do aparelho televisivo. com as luzes todas apagadas. Uma tia, que ouvira a notícia no rádio, tinha enviado um bilhete para mim comunicando a morte da diva, e o tinha entregado ao amigo, que me passou durante esta audiência televisiva. Saí da sala para ler o bilhete no corredor e tomei um susto.A sensualidade no cinema era vigiada pelo Código Hayes e nunca se viu uma explosão como a provocada por Marilyn Monroe. A feminilidade em pessoa, bastando, para se sentir o apelo sexual, a sua tonalidade de voz ao falar. É verdade que em 1956 já havia aparecido o furacão Brigitte Bardot. É verdade que Rita Hayworth já tinha causado muita confusão em Gilda. Ou Jennifer Jones de quatro, mas vestida, na cozinha da casa grande em Duelo ao sol, de King Vidor. A mulher como fêmea, como instinto puro da sexualidade. Sobre serem mulheres bonitas, as atrizes de Hollywood, no entanto, eram muito compostas, vestidas dos pés aos pescoços. Interessante observar, ainda que não tenha a ver com Monroe, que no apogeu do cinema americano, aquele regido pelo Código Hayes, nem os homens nem as mulheres iam o banheiro. Era feio se ir ao toalete, segundo os produtores da Velha Hollywood. O tabu, entretanto, já foi quebrado há muito tempo, principalmente nos primeiros filmes de Pedro Almodóvar, os quais, invariavelmente, apresentavam uma das atrizes, sempre sentada, num determinado momento do filme, a fazer o que se chama comumente de xixi.
O segundo filme que vi com Monroe, Quanto mais quente melhor (Some like it hot, 1959), do grande Billy Wilder, visto numa reprise três ou quatro anos depois do seu lançamento - e, a partir daí, sempre visto na tv, VHS e no DVD, uma das melhores comédias do cinema americano de todos os tempos. Monroe trabalha ao lado de Jack Lemmon e Tony Curtis, que, para fugir de gangsteres, se travestem como mulheres e acompanham, à Flórida, um conjunto musical no qual Monroe é a crooner. Não estava no programa, porém, que Curtis iria se apaixonar por ela.
Em 1955, cansado de ser simplesmente um objeto de desejo, Monroe pretende provar que também é uma boa atriz e se matricula, em Nova York, no célebre Actor's Studio, de Lee Strasberg, Stella Adler, Elia Kazan... Divorciando do jogador Joe DiMaggio, casou-se, em 1956, com o dramaturgo (muito mais velho do que ela) Arthur Miller (A morte do caixeiro viajante), um homem respeitado intelectualmente em quase todo o mundo. Monroe foi convidada por Laurence Olivier para estrelar O príncipe encantado (The Prince and the Showgirl, 1957), filmado na Inglaterra e dirigido pelo próprio Olivier. Acompanhada do marido, na chegada, Monroe estava ansiosa para mostrar ter também um papo inteligente. No restaurante, todos reunidos, Marilyn disse a Olivier: "Como adoro Beethoven!". Olivier, rápido, perguntou-lhe: "Precisamente quais movimentos, Miss Monroe?" Miller, envergonhado, quis escapar por debaixo da mesa.
Um assessor de Marilyn na época das filmagens de O príncipe encantado, cujo nome não me lembro agora, lançou, tantas décadas depois, um relato de suas experiências como profissional ao lado da atriz e revela que ela teve um caso não somente com ele, mas, também, com Laurence Olivier. A diva, segundo outros relatos que li, era quase uma ninfomaníaca. Miller se aborrecia. Mas, que fazer?
Marilyn trabalhou em mais de 30 filmes a partir da segunda metade dos anos 40 (a princípio fazendo pontas). Seus filmes mais memoráveis são Quanto mais quente melhor, O pecado mora ao lado (The seven year itch, 1955), de Billy Wilder, no qual tem aquela cena famosa do metrô quando o vento faz subir a sua saia rodada - que ficou para as antologias, Nunca fui santa (Bus stop, 1956), de Joshua Logan (o mesmo diretor do inesquecível Férias de amor/Picnic), Os homens preferem as louras (Gentlemen prefer blondes, 1953), de Howard Hawks, Torrentes de paixão (Niágara, 1953), de Henry Hathaway, Almas desesperadas (Don't Bother to Knock, 1952), de Roy Ward Baker, entre outros. Sua aparição derradeira: Something's Got to Give (1962), de George Cukor, que ficou inacabado com o seu falecimento. Antes deste, fez, em 1961, Os desajustados (The misfits), com Clark Gable, Montgomery Clift. Marilyn tinha fixação em homens mais velhos, com os quais via a figura do pai e se apaixonou pelo velho Gable, que pouco depois morreria de violento ataque cardíaco.
André Setaro é crítico de cinema e professor de comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
No detalhe, velas, flores e um cartaz onde se lê uma versão adaptada do famoso single "I will always love you", depositados em frente ao Beverly Hilton Hotel
Teatro Apollo, em Manhattan, faz homenagem a Whitney Houston
Flores e velas são deixadas pelos fãs da cantora Whitney Houston na rua do hotel onde a cantora foi encontrada morta na noite de sábado. A morte provocou uma onda de homenagens de fãs e cantores famosos
Na porta do hotel, a cantora Alicia Keys consola Clive Davis , produtor musical e grande amigo de Whitney Houston
Fãs também acenderam velas
Fãs deixam flores na porta do hotel Beverly Hilton, onde o corpo da cantora Whitney Houston foi encontrado. A cantora morreu nesse sábado (11), em Los Angeles
Pequena fã improvisa cartaz na porta do hotel onde Whitney Houston foi encontrada morta
Fãs cantam músicas de Whitney Houston nos arredores do Beverly Hilton Hotel
A atriz e cantora Jennifer Hudson fará homenagem à Whitney Houston (7/3/2010)
O Grammy Awards, maior premiação da música mundial, fará uma homenagem a Whitney Houston em sua cerimônia neste domingo (12). A cantora Jennifer Hudson foi convocada para a 54° edição do evento, que será realizada em Los Angeles, confirmou a Academia de Gravação. "O Grammy, por conta do tamanho da produção e de todos os seus elementos --tem três palcos e centenas de microfones e roupas-- é um show complexo, como um Titanic, para mudar na última hora", explicou Portnow na festa pré-Grammy. "Apesar das dificuldades, tenho uma equipe ótima e um grupo de pessoas inteligentes, e estamos decidindo como fazer algo apropriado para a festa. Certamente Whitney estará em nossos corações", disse ao site.O produtor da premiação, Ken Erlich, anunciou na CNN que a cantora Jennifer Hudson havia sido selecionada para o tributo. "Whitney era uma amiga. Trabalhei para Clive [Davis, executivo da indústria musical] desde o começo e lançamos o álbum dela quando ela tinha 19 anos", conta Erlich. "Eu a ajudei a procurar músicas e produtores e fomos apresentados nessa sala. É pessoalmente devastador, há apenas uma Whitney Houston e sentiremos muita falta dela", diz o produtor.
Whitney Houston ganhou seis Grammys durante sua carreira. O primeiro em 1985, como melhor performance vocal pop feminina com a música "Saving All My Love For You". Ela recebeu o mesmo prêmio em 1987, por "I Wanna Dance With Somebody (Who Loves Me)".Em 1993, Whitney ganhou três prêmios: melhor performance vocal pop feminina e gravação do ano por "I Will Always Love You" e álbum do ano com a trilha sonora original do filme “O Guarda-Costas”. Em 1999, como melhor perfomance feminina de R&B por "It's Not Right But It's Okay".
ASSISTA ABAIXO ÀS APRESENTAÇÕES INESQUECÍVEIS DE WHITNEY EM WASHINGTON EM 1997 E NO BRASIL EM 1994
LOS ANGELES, Fev (Reuters) - A festa do produtor musical Clive Davis antecede o prêmio do Grammy e é tipicamente um dos principais destaques da semana antes da noite do prêmio da indústria pop, mas o evento deste ano se tornou rapidamente em um tributo a Whitney Houston, que morreu no sábado.
No tapete vermelho fora o evento de sábado à noite, as maiores estrelas da indústria fonográfica foram surpreendidas pela notícia de que Houston, uma das maiores cantoras da música de todos os tempos, morreu naquela tarde no mesmo hotel, no Beverly Hilton.
No jantar de gala, o clima entre as estrelas, de Sean Combs a Tony Bennett, foi inicialmente sombrio, mas no discurso de abertura, Davis, que descobriu Houston e tornou-se um mentor da cantora, disse que era hora de celebrar sua vida.
"Simplesmente, Whitney teria desejado que a música continuasse adiante e sua família pediu que continuássemos", disse Davis para uma audiência inicialmente sombria.
Mas performances e homenagens comoventes de artistas como o rapper Combs, a banda de rock veterana britânica The Kinks, a estrela em ascensão Wiz Khalifa e a cantora de R&B Alicia Keys deixaram o clima mais alegre. E os convidados foram incentivados a lembrarem de Houston por seu legado musical.
"Whitney Houston, simplesmente, teve a maior voz no mundo. Ela foi um presente de Deus. Ouvi-la cantar era como escutar a magia. Se não fosse por Clive Davis, o mundo poderia não ter conhecido este milagre de voz", Combs disse aos presentes.
O veterano cantor Bennett começou a noite com a música "How Do You Keep The Music Playing", e fez um discurso que lembrou a morte trágica de Michael Jackson e Amy Winehouse que, como Houston, haviam sofrido o abuso de drogas durante suas vidas.The Kinks cantaram uma coletânia de seus sucessos, incluindo "Waterloo Sunset", com Jackson Brown e "The Days", com Elvis Costello, antes de animar a festa com seu famoso single de 1964 "You Really Got Me".Richard Branson recebeu o prêmio concedido pelos organizadores do Grammy, o "Presidente's Merit Award", por suas contribuições à indústria musical e como fundador da Virgin Music. A festa de entrega dos prêmios do Grammy será realizada na noite de domingo.
"Apesar de estar honrado em receber este prêmio hoje à noite, obviamente, é a celebração de uma cantora incrível e a perda de uma amiga, filha, irmã e mãe", disse Branson referindo-se a Houston.
Alicia Keys cantou um medley de seus hits, incluindo "Somewhere in a City Like Mine" e "Empire State of Mind", e disse que não seria uma cantora sem a influência de Houston. O novato britânico Jessie J dedicou uma performance emocionada de "We Are Who We Are" à Whitney.
Completando a noite, foi feita uma homenagem à cantora de soul Diana Ross, que fez uma interpretação empolgante de seu hit "Ain't No Mountain High Enough", com Jamie Foxx.
Cantora vendeu 200 milhões de discos e também atuou no cinema.
Artista foi encontrada morta em banheira de hotel de Los Angeles, nos EUA.
Mariana De LuccaEspecial para o G1, de Los Angeles (EUA)
Fãs prestam homenagens em frente ao hotel onde Whitney foi achada morta (Foto: Mariana De Lucca/G1)
Centenas de fãs passaram pelo hotel Hilton, em Beverly Hills, Califórnia, para prestar uma ultima homenagem a cantora Whitney Houston, morta aos 48 anos na tarde deste sabado (11). Emocionados, acenderam velas e deixaram flores e recados. Apesar de tristes pela perda de um grande talento, juntaram-se e entoaram de mãos dadas os maiores sucessos da cantora, como "I wanna dance with somebody" e "I will always love you".
Whitney Houston foi encontrada inconsciente na banheira de uma suíte no quarto andar no Beverly Hilton, hotel de Los Angeles. A artista chegou a ser ressuscitada pelos paramédicos e foi declarada morta às 21h55 (horário de Brasília), sendo retirada do hotel às 6h de Brasília deste domingo (12). O porta-voz da polícia americana diz que morte de Whtiney Houston não tem sinais de crime. As causas ainda são investigadas.
Velas e flores foram colocadas na calçada
(Foto: Mariana De Lucca/G1)
Na porta do Beverly Hilton, fãs prestaram diversas homenagens. A estudante Megan Maloney foi uma das que trouxeram flores. Moradora de Westwood, nas imediações de Beverly Hills, ela encarou a noite fria com mais duas amigas para prestar sua homenagem. "Enquanto todos os outros artistas estavam fazendo a mesma coisa, ela trouxe o estilo soul de volta e é por isso que eu a considero um grande ícone dos anos 80. Hoje é definitivamente um dia triste".Towada Edwards vive em Newark, em Nova Jersey, cidade onde Whitney nasceu e cresceu. Visitando Los Angeles para participar das festas e celebrações do Grammy Awards, ela chegou a participar da festa que ocorrera na noite do dia 11, organizada pelo produtor musical Clive Davis, na qual Whitney se apresentaria.
"Ninguém conseguia celebrar nada depois de uma notícia devastadora dessas. Não tem clima pra festa, eu não consegui ficar lá dentro", comentou. Ela considera a perda ainda mais difícil por ter Whitney como uma heroína de sua cidade. "Tem até uma escola em Newark que leva o nome da Whitney, ela foi importante para a nossa comunidade. Eu queria acreditar que era mentira, porque o que não faltam são boatos sobre ela, mas quando eu vi os carros da imprensa fiquei com o coração partido. Meus sentimentos vão para a família, que com certeza esta sofrendo muito agora".
Apesar da noite fria em Los Angeles, ainda se vê movimentação nas redondezas do hotel. A fã LaTanya Smith veio do centro de Los Angeles para Beverly Hills por volta da 1h da madrugada para conferir as homenagens. "Eu tenho certeza que até amanhã de manhã o gramado do hotel estará cheio de flores e velas, tem bastante gente vindo prestar uma última homenagem. Whitney era um talento muito querido, e é triste tê-la perdido tão nova".
Unidos em oração, grupo presta homenagem na porta do hotel (Foto: Mariana De Lucca/G1)
Famosos reagem nas redes sociais à morte de Whitney Houston
A surpreendente notícia da morte de Whitney Houston tornou-se, em poucos minutos, no assunto mais comentado nas redes sociais em todo o mundo. Muitos famosos escreveram comentários na madrugada deste domingo.
Mariah Carey: «Com o coração partido e lágrimas na trágica morte da minha amiga, a incomparável Sra. Whitney Houston. Ela será sempre lembrada como uma das maiores vozes deste mundo. As minhas profundas condolências à família de Whitney e para todos os seus milhões de fãs em todo o mundo».
Rihana: «Sem palavras, apenas lágrimas. #DearWhitney. Honestamente não consigo pensar em mais nada».
Jennifer Lopez: «Que perda grande. Uma das maiores vozes do nosso tempo. Mando as minhas orações para a família... #R.I.P Whitney».
Justin Bieber: «Acabei de ouvir a notícia. Uma das maiores vozes de todos os tempos. As minhas preces vão para os seus amigos e familiares».
Ricky Martin: «Whitney Houston. Estou enviando o meu amor e condolências à sua família e amigos. Voe Whitney, voe».
Kate Perry: «NÃOOOOO. Devastador demais. Nós «will always love you», Whitney, R.I.P».
Usher: «Um verdadeiro ícone do nosso tempo. O meu coração está com a família nesse momento de angústia».
Christina Aguilera: «Perdemos outra lenda. Amor e orações à família de Whitney. Ela fará falta».
Lenny Kravitz: «Whitney. Descanse em paz. Nunca haverá outra igual. Lenny».
Gloria Stefan: «Alguém por favor me diga que não é verdade que Whitney Houston morreu! Um talento tão impressionante... Chocada que tenhamos perdido a imensamente talentosa Whitney Houston! Enviando orações para a sua família, amigos e fãs. Que perda!».
Toni Braxton: «O meu coração está a chorar... RIP para a legendária diva e ícone Whitney Houston! Uma grande influência na música como um todo! Ela abriu o caminho para todo o cantor na indústria da música».
Mark Zuckerberg, criador do Facebook: «Obrigado pela maravilhosa música que trouxe para o mundo».
Jane Fonda: «Atordoada pela morte de Whitney. Tão triste».
Alicia Keys: «Sinto-me mal... A vida é preciosa, somos almas frágeis. Vamos amar-nos uns aos outros! Sinto a sua falta bela Whitney, o mundo inteiro sente a sua falta».
P. Diddy: «Meu Deus! Não posso acreditar! É um dos dia mais tristes da minha vida».
LaToya Jackson: «Não consigo entender o facto de Whitney Houston estar morta. O meu coração está com a sua mãe, a sua filha e os seus entes queridos. Whitney, sentimos a sua falta».
Quincy Jones: «Ela era talento verdadeiramente original e sem precedentes».
A partir das 20h, o E! começa a clássica contagem regressiva para a 54ª edição do Grammy, considerado o Oscar da música mundial. O canal exibe todos os indicados, os prognósticos e os primeiros looks que passarem pelo tapete vermelho.
Às 23h, o TNT começa a transmissão do Grammy 2012. Neste ano, quem lidera as indicações é o rapper Kanye West, concorrendo em sete das dez categorias.
O canal promete transmissão com tradução simultânea e o recurso da tecla SAP, para quem quiser ouvir o áudio em inglês. Apresentações de Paul McCartney, Rihanna e Coldplay.sendo preparada uma especial homenagem à Whitney Houston que morreu nesta noite.
Neste domingo (12/2), emissora reapresenta o programa Ensaio com o cantor, que interpreta seus sucessos e conta histórias sobre sua vida e carreira
Numa homenagem ao cantor Wando, que faleceu na última quarta-feira (8), a TV Cultura leva ao ar neste domingo (12/2), a partir das 23h, o Ensaio com o artista, gravado em 1994.
No programa, apresentado por Fernando Faro, Wando conta várias histórias de sua infância e fala da convivência com os pais e do início de carreira. Sempre com muito humor, o artista lembra-se das músicas que causaram escândalos, do poder de sedução e até de suas primeiras experiências com as mulheres. O artista também relembra como chegou a São Paulo; os dias que não tinha o que comer; o melhor sanduíche de pernil que comeu, presente de um amigo, quando passava fome; e do período que morava escondido num hotel. Durante o Ensaio, Wando ainda canta seus principais sucessos, incluindo Moça, Fogo e Paixão, Coisa Cristalina e Deus te proteja de Mim.
Classificação indicativa: Livre.
Obs: O programa Ensaio com Orlandivo, que estava previsto para ir ao ar na mesma data, será exibido posteriormente.
A novela das 19h, "Aquele Beijo", vai fazer uma homenagem a Yedda Alves, que morreu no dia 19.
A cena deve ir ao ar nesta sexta-feira.
Ela fazia parte do elenco de apoio da novela, como uma das costureiras da confecção Shunel.
A informação é da coluna Outro Canal, assinada por Keila Jimenez e publicada na Folha desta quarta-feira (1º).
Elis Regina e Nara Leão em foto da década de 60, época de exacerbada rivalidade entre as cantoras
Rivais na cena musical e na vida amorosa, Elis Regina e Nara Leão compartilham uma data: esta quinta-feira, 19 de janeiro. No mesmo dia em que a gaúcha famosa por sucessos como “Águas de Março” completa 30 anos de morte, a capixaba que aderiu à Jovem Guarda e ao Tropicalismo comemoraria 70 anos de idade.
Apesar da coincidência na efeméride, as homenagens às cantoras não são proporcionais. Elis terá o lançamento do projeto dos filhos Maria Rita e João Marcelo Bôscoli "Viva Elis", uma exposição multimídia que rodará o Brasil em 2012, além dos shows de Rita em homenagem à mãe. A cantora também ganhou releitura de sua biografia, "Furacão Elis", republicada pela editora Leya neste mês.O canal Viva apresenta o programa "Som Brasil: Tributo a Elis Regina", com entrevistas de familiares e um show que reuniu quatro mil pessoas no Rio de Janeiro. A caixa "Elis Regina nos Anos 60" apresenta 12 álbuns do início da carreira da cantora. Posteriormente, outro box com mais doze CD's será lançado com raridades e a segunda parte de sua discografia. Já Nara, ganhou um site com conteúdo da carreira da mãe, bancado pela filha Isabel Diegues com streaming de suas músicas, cartas, rascunhos e uma cronologia completa de sua vida. E, é isso. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Diegues disse esse é um "presente" pelo aniversário da mãe. A gravadora responsável por Nara, a Universal, disse não ter nada especial preparado. Veja abaixo curiosidades do relacionamento cheio de atritos entre as cantoras.
Conheça coincidências e rivalidades de Nara Leão e Elis Regina
Nara Leão nasceu em Vitória em 19 de janeiro e morreu aos 47 anos vítima de um tumor cerebral em junho de 1989 Elis Regina morreu aos 36 anos em 19 de janeiro de 1982 depois de ser encontrada morta por causa de cocaína e álcool
Leão namorou com Ronado Bôscoli quando trabalhava no jornal "Última Hora", onde o jornalista trabalhava. O namoro terminou depois que o músico teve um caso com Maysa Elis casou-se com Ronaldo Bôscoli em 1967. Com ele teve o filho João Marcelo Bôscoli. Ronaldo morreu de câncer na próstata em 1994
Na série "As grandes rivalidades", da extinta revista "Manchete", as duas cantoras apareceram para um ensaio fotográfico no dia 19 de janeiro... ... na ocasião, depois da sessão de fotos, um dos poucos registros das duas juntas, Elis disse que não suportava Nara e queria ir embora dali. As entrevistas foram feitas separadas
Nara sempre foi política:
"Toda essa confusão começou quando apareci com o sucesso de "A banda", de Chico Buarque. Ela concorreu no mesmo festival e, dali em diante, aconteceram coisas que pessoalmente me desagradaram. Essa agressividade pueril e desequilibrada não é interessante para nenhuma de nós"
(trecho de biografia) Elis define as diferenças entre as duas:
"Eu sou esquentada. A Nara Leão, por exemplo, é uma pessoa que tem uma paciência histórica, sentou, esperou tudo acomodar e fez um disco certo. Aliás, ela sempre faz as coisas certas nas horas corretas e para as pessoas exatas. Eu sou guerreira e pego a metralhadora para sair atrás de quem me enche o saco". (trecho de biografia) Maria Rita presta uma homenagem à mãe, Elis Regina
Alan de Faria e Thatiana Mendes
do Agora
Em 19 de janeiro de 1982, fãs da música brasileira foram pegos de surpresa.
Naquele dia, Elis Regina, aos 36 anos, morria.
Porém, o que parecia o fim de uma carreira de sucesso e repercussão mundial era o início de uma idolatria, que, mesmo depois de 30 anos da morte da cantora, ainda persiste.
E, para ajudar a reforçar o mito que foi Elis, estão para sair lançamentos de caixas de CDs com canções inéditas e livretos, além da reedição da biografia "Furacão Elis" (editora Leya) e uma turnê especial, protagonizada por Maria Rita, filha da cantora.
Questionado sobre o fato de a Pimentinha, apelido dado a Elis por Vinicius de Moraes, ser ainda lembrada e reverenciada, João Marcello Bôscoli, o seu filho mais velho, é direto na resposta: "Por causa da força do seu canto, do seu carisma e, é claro, de sua obra".
Vêm aí um ótimo tsunami de lançamentos, caixas e caixas da Elis que todos ouvimos e coisas que nunca ouvimos
Marcelo Carneiro da CunhaDe São Paulo
Pois estimados milhares de leitores, rolou uma lágrima furtiva por esse meu rosto insensível, nesse exato instante. Meu erro foi clicar num link do youtube e ouvir "Cais"cantado por Elis, acompanhada por um ilustre trio em branco e preto, como toda a grande música deve ser tocada e vista. O beiço está até agora tremendo. Com vocês acontece a mesma coisa?
Viva o youtube, viva a internet, viva a chance que temos de simplesmente cutucar um pouco e encontrar quase tudo de bom que já produzimos, para ver, ouvir, acreditar que sim, fomos capazes de criar tudo isso, e sim, tivemos, por mais incrível que pareça, uma Elis. Ela existiu, caríssimos leitores, e temos provas.
Eu a vi uma vez, tão pequena. Me faz lembrar a história do general espartano que removeu as penas de um rouxinol e disse, desapontado "É apenas uma voz, e mais nada". E mais tudo, estimado espartano, e mais tudo. Elis era uma voz e mais tudo. Olhem, ouçam. Não era?
No dia 19 de janeiro de 1982 eu estava em um trem na distante e fria Alemanha, quando alguém descobriu que eu era brasileiro e veio perguntar o que havia acontecido com Elis. Eu não sabia, fiquei sabendo naquele trem, e subitamente lá fora era não mais a Baviera, mas a Sibéria, caros leitores. A Sibéria. Desde então a gente passou a morar num frio siberiano, mesmo que nem sempre a gente perceba. Pois olhando para esses vídeos se percebe. Ouçam Meio de Campo, Canção do Sal, Ladeira da Preguiça, Tiro ao Álvaro, e, sugestão, não se arrisquem a ouvir Águas de Março, porque isso pode comprometer a alma e a cacunda de maneira irreversível.
Eu lembro de comprar Elis e Tom, em 74 mesmo, bem novinho, e ficar escutando junto com a minha namorada igualmente adolescente e apaixonada, muito mais por Elis do que por mim, no que estava muito certa. Aquilo era tão grande que até adolescente se dava conta de que havia algo no mundo maior do que o seu umbigo. Não é pouco, caros leitores, não é pouco.
Um amigo escritor defende a tese de que não existe "intérprete genial", pois a palavra genial é de uso restrito de compositores. Eu concordo discordando, mas discordo para valer no caso de Elis. Ela via o que estava lá e ninguém mais via. Ela via montanhas no meio do nada e provava. Ela transformava a nossa topografia cantando o que a gente precisava ouvir, de um jeito que ninguém jamais cantou antes, ou depois.
Eu não consigo deixar de pensar que o Brasil foi capaz de tudo isso, em pleno regime militar, apesar dele, contra ele, por conta dele. Havia Chico, havia Gil no melhor, havia Tom. E havia uma Elis juntando os pontos, dando sentido para a coisa toda, traduzindo para a gente um Adoniran, Milton Nascimento, no auge, cantando lindamente aquelas letras sem pé nem cabeça dos mineiros, cantando Bolero de Satã com Cauby Peixoto, minha gente. Alguém aí já ouviu o Bolero de Satã cantado pela Elis?
No momento dos trinta anos da morte física de Elis, vêm aí um ótimo tsunami de lançamentos, caixas e caixas da Elis que todos ouvimos e coisas que nunca ouvimos. Esse país desmemoriado aparentemente sabe o que precisa lembrar, de um jeito ou de outro. Elis, que nunca facilitou nada para ninguém, de alguma maneira conseguiu superar a obsessão brasileira com o isopor e nos fez sentir paixão pelo denso, pelo rico tecido da nossa musicalidade. Eu fico pensando se com ela o nosso presente seria outro.
Ela teria apenas 67 anos agora, se estivesse ainda mais viva do que está. Será que ela encontraria algum oasis nesse deserto que a nossa música virou? Eu creio que sim, eu sei que sim, e por isso dói tanto a falta que ela faz. Podemos e devemos ouvir o que ela fez e que é incrível, mas se ela estivesse aqui, ouvindo e olhando, quem sabe ela nos tiraria desse muito pouco em que andamos atolados? Hoje o Brasil me parece muito mais a sexta economia do que uma grande nação. Ouvindo Elis a gente se dá conta da diferença entre uma coisa e a outra.
De minha parte, assumo aqui o compromisso perante os meus milhares de leitores de que o Manuel Carneiro da Cunha, por enquanto com dois meses de idade, vai crescer e conhecer Elis. É o mínimo que se espera de cada brasileiro consciente dos seus deveres de cidadão.
Marcelo Carneiro da Cunhaé escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais.
Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe", publicados pela editora Projeto.
A morte de Elis Regina completa 30 anos no próximo dia 19. Para lembrá-la da melhor forma, dois álbuns da cantora ganharam reedições, nas quais foram acrescentadas o dobro das faixas presentes nas versões originais do LP. O pesquisador Rodrigo Faour, ao lado do filho de Elis, João Marcelo Bôscoli, organiza o projeto. O Transversal do Tempo traz o show do álbum Elis (1977), com o roteiro na íntegra do espetáculo. Já o álbum Um dia será a nova versão do álbum Montreux Jazz Festival (1982).
Foto: Reprodução
Reedições de shows históricos de Elis Regina trazem material inédito
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
O baú de Elis Regina não tem fundo. Para marcar os 30 anos da morte da cantora, em 19 de janeiro, dois de seus álbuns ganham reedições ampliadas, com mais do que o dobro das faixas que havia nas versões originais em LP. Gravado ao vivo em abril de 1978, no teatro Ginástico (Rio), "Transversal do Tempo" registra o show do álbum "Elis" (1977) --o da canção "Romaria". Foi lançado no mesmo ano em LP simples, incluindo apenas 12 canções. A nova versão, organizada pelo pesquisador Rodrigo Faour e mixada por João Marcello Bôscoli, filho mais velho de Elis, traz o roteiro completo do espetáculo, em dois atos, somando 25 números.
Folhapress
A cantora Elis Regina, que está tendo discos seus relançados
Estarão lá temas inéditos na voz dela, como "Amor à Natureza" (Paulinho da Viola), "Esta Tarde Vi Llover" (do mexicano Armando Manzanero), "Maravilha" (parceria obscura da dupla Francis Hime e Chico Buarque) e "Gente" (Caetano Veloso). Deve chegar às lojas no segundo semestre em CD duplo.
Também gravado ao vivo, "Montreux Jazz Festival" registra a participação da cantora no festival suíço, em 1979. Elis fez dois shows naquele dia. Um à tarde, em que fez uma ótima performance, e outro à noite, já cansada. Lançado meses depois de sua morte, o LP de 1982 trazia só nove faixas, retiradas quase sempre da matinê.
Marcelo Fróes, pesquisador responsável pela nova edição, reuniu todos os números apresentados por Elis naquele dia. Serão dois CDs --um com a apresentação da tarde, outro com a da noite.
Ainda que algumas canções se repitam nos dois discos, é interessante ouvir Elis variando entre seu "bom momento" e seu "mau momento". E ouvir versões nunca antes lançadas de "Triste" (Tom Jobim) e "Corrida de Jangada" (Edu Lobo e Capinan). Em sua versão completa, o disco de Montreux ganhou outro nome: "Um Dia". Fróes lembra que as duas apresentações de Montreux foram registradas também em imagem. E já trabalha a ideia de, em breve, lançar a versão completa em DVD. Em 19 de janeiro de 1992, quando se completavam dez anos de morte de Elis, reportagens sobre a efeméride lançavam a pergunta: como o Brasil pôde se esquecer tão rapidamente daquela que tantas vezes foi considerada sua maior cantora? Duas décadas se passaram, e o quadro se reverteu. Ao lado de Gal Costa e Nara Leão, Elis é, de novo, a cantora que mais influencia novas gerações de vozes femininas.
Muito dessa volta se deve à aparição, há uma década, de Maria Rita. A filha apresentou a mãe à juventude que ainda não a conhecia.
"Não conheço outro caso assim: um gênio vocal gerar uma filha que seja reconhecidamente uma das cantoras mais importantes de sua geração", diz João Marcello Bôscoli. "Nenhum plano de marketing seria capaz de promovê-las de maneira tão intensa e verdadeira."
E Maria Rita, agora, trabalha nessa promoção diretamente. Em 17 de março, data em que Elis completaria 67 anos de vida, a filha sobe ao palco do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, para estrear temporada em que interpretará o repertório da mãe. O show, que segue depois para Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio e Recife, em datas ainda não confirmadas, faz parte do projeto "Viva Elis", encabeçado por Bôscoli, que inclui ainda uma exposição itinerante. A abertura está marcada para o dia 14 de abril, no Centro Cultural São Paulo, e vai reunir fotos da cantora, imagens de entrevistas, cenas de shows e especiais de TV, ingressos e pôsteres, objetos pessoais, roupas, documentos e, é claro, sua música. A Universal Music prepara uma caixa com a discografia de Elis na gravadora. Além dos álbuns de carreira, lançados entre 1965 e 1979, há ainda três CDs com material raro ou inédito (leia acima). Mas ainda há muito material inédito de Elis no baú. "A partir de nossa pesquisa de imagens, pretendemos lançar os especiais de TV gravados em Portugal, Alemanha e França", diz Bôscoli. Marcelo Fróes enumera mais possibilidades: "Já ouvi shows dela com a orquestra de Erlon Chaves, em 1970, e conheço pelo menos duas apresentações com Tom Jobim, em 1974, além de programas de rádio com o grupo de Luiz Loy, nos anos 1960".
Parece certo: os próximos anos prometem uma Elis inesquecível.
editoria de arte/folhapress
Furacão de Homenagens Marca os 30 Anos sem Elis
Cantora reaparece em CDs, shows, exposição e documentário
por Guilherme Bryan
Trinta anos depois da morte, em 19 de janeiro de 1982, a cantora Elis Regina é alvo de uma série de homenagens, que inclui relançamento de CDs, a reedição de uma biografia clássica e show-tributo da filha Maria Rita, com produção de outro filho, João Marcelo Bôscoli.
O primeiro item a ser lançado deve ser a caixa Elis Regina nos Anos 60, com 12 álbuns gravados pela cantora na primeira fase da carreira. Um segundo box também já está a caminho. “Serão [no total] 24 álbuns contendo toda a discografia da artista na Universal Music, com CDs de raridades”, explica Alice Soares, gerente de marketing estratégico e responsável pelos lançamentos e relançamentos de catálogo nacional da Universal. “É uma homenagem da gravadora, lembrando os 30 anos que estamos sem Elis.”
ELIS E ADONIRAN: UMA DUPLA QUE SEMPRE DEU SAMBA
Elis e Adoniran se encontraram diversas vezes pela vida. No primeiro encontro, no programa O Fino da Bossa, Elis não segurou as gargalhadas diante da irreverência de Adoniran. Em 1978, transformou o samba “Saudosa Maloca” em quase uma lamento. A crítica avacalhou, Adoniran adorou. Rendeu um passeio no Bixiga... Tudo acertado! Ainda teve o “Tiro ao álvaro”, em 1980. Na mosca! No livro Adoniran, uma biografia (Editora Globo), o jornalista José de Campos Jr. relatou os encontros de Elis e Adoniran. O sambista morreu meses depois de Elis e, até no último momento, encontrou uma forma de homenageá-la. Abaixo, transcrevo alguns trechos do livro:
Os dois na bossa
No dia 12 de julho de 1965, interpretando “Saudosa Maloca”, Elis recebeu Adoniran Barbosa no palco do superlotado Teatro Record para uma histórica entrevista de 10 minutos. O ponto alto do quadro foram os duetos de Elis e Adoniran: acompanhada pelo violinista Mário, da dupla cantou “Prova de carinho” e “Bom dia, tristeza” (...)Com o êxito de O fino da bossa, a Record recebeu a proposta da TV Excelsior fluminense para realizar uma versão semanal do programa no Rio de Janeiro. (...)Quando Alberto Helena resolveu relacionar Adoniran como convidado especial de um dos programas, alguns integrantes do staff do programa questionaram se o compositor teria o mesmo tratamento do público carioca. (...)
A resposta veio antes mesmo da entrada do convidado. Assim que Elis anunciou o artista, o público, de pé, entoou em uníssono os versos de “Trem das onze”, em um coro tão perfeito que assustou até mesmo os produtores do programa. (..) Foi somente de muita insistência da produção que Elis se despediu de Adoniran.
A verdadeira “Saudosa Maloca”
Produção e estrela de Transversal do Tempo corriam contra o próprio para deixar tudo acertado bem antes da estreia nacional do show, marcada para 17 de novembro no Teatro Leopoldina, em Porto Alegre. Mas a cantora encontrava dificuldades para contatar o autor de uma canção que não abria mão de levar ao palco. (...) Elis disse que estava tentando marcar um encontro com Adonirana fim de pedir a ele a autorização para interpretar “Saudosa Maloca”, mas o compositor sempre dava um jeito de escapar. A cantora começou a ficar preocupada e pediu a intercessão de Walter Negrão. O autor ligou então para o colega, e descobriu que o compositor não estava mesmo com muita voglia de encontrar a cantora – o motivo, ninguém nunca soube. Macaco velho, poré, Negrão conseguiu dobrar o veterano, marcando assim um encontro na Padaria Real, próxima à Tupi.(...)
O compositor esperou Elis em um final de tarde na Real, ao lado de Negrão. Os minutos se passavam e nada de a cantora chegar. Adoniran, impaciente, ameaçou ir embora mais de uma vez. Após algumas doses de espera, Elis desembarcou de moto (a foto que abre esse post é desse encontro), na garupa de César Camargo Mariano. E os quatro deram início a uma conversa descontraída, em que Adoniran, como era de esperar, cedeu aos encantos e autorização a interpretação de “Saudosa Maloca” (...)Adoniran ainda voltaria a se encontrar com Elis no final do ano, para as gravações de Ano Novo da cantora, exibido no dia 1º de janeiro de 1979 pela Rede Bandeirantes.(...)
Em 1979, também chegaria ao mercado o LP do show Transversal do Tempo, gravado ao vivo no Teatro Ginástico do Rio de Janeiro. “Saudosa Maloca” estava entre as dez selecionadas, para felicidade de seu autor, que creditava a Elis o revival da música.
“Saiu bom?”
O produtor Fernando Faro vinha planejando um terceiro álbum do compositor desde 1978. O produtor selecionaria a nata do elenco da Emi-Odeon para homenagear o aniversariante. (...)
A descontração do homenageado só foi quebrada no dia programada para a participação de Elis. Antes mesmo do horário da gravação, Adoniran estava nervoso, dizendo que a Pimentinha não vinha. Envolvida com a estreia de seu show Saudades do Brasil, a cantora realmente atrasou à beça. A cada dez minuto, o compositor virava-se para o artista gráfico Elifas Andreato e recomendava: “Vamos embora. Ela não vem.Ela está muito ocupada com outras coisas, imagina se vai ter tempo pra mim”. Quando Elis finalmente chegou a Botafogo, deu um longo abraço em Adoniran e entrou sem demora no estúdio para realizar o primeiro ensaiode “Tiro ao Álvaro”. O veterano artista olhou para Elifas, incrédulo: “E não é que ela veio mesmo, rapaz?”O duo e Elis e Adoniran seria o ponto alto do disco, tanto que a gravadora resolveu prensar um compacto simples com a música para distribuí-la para a imprensa com divulgação da obra.
Adeus, Elis, adeus, Adoniran
Adoniram sentiu demais a morte da Pimentinha, e fez questão de marcar presença na programação do Mês Musical Elis Regina, a ser promovido pela Secretaria Municipal da Cultura em março.
(...)Por volta das 5 horas do dia 23 de novembro de 1982, Adoniran entrou em coma; às 17h15, no quarto 503, sob os Olhares da mulher e da cunhada, parou de respirar.
O último tributo, porém veio com o toque de silêncio do instrumento do corneteiro-mor da Sociedade dos Veteranos de 32, Elias do Santos, queatendeu um pedido feito por Adoniran alguns meses antes. O compositor contou ter se emocionado com o toque de missão cumprida executado pelo veterano no enterro de Elis e registrou “Não se esqueça de mim. Mas eu não quero o toque de missão cumprida. Quero o toque de silêncio”
Escrito por Danilo Casaletti
"Trem Azul": 30 anos do último show de Elis Regina
Há exatos 30 anos, Elis Regina (1945-1982) subia ao palco pela última vez. Foi com o show Trem Azul, dirigido por Fernando Faro. Elis começou sua carreira cantando, ainda menina, em estações de rádio em Porto Alegre, sua cidade natal. O sucesso veio com “Arrastão”, defendida por Elis no I Festival de Música Popular Brasileira, em 1965. Foi assim, pela televisão, que o Brasil conheceu a voz de Elis, seus gestos firmes e, por vezes, exagerados. Logo em seguida, aos 20 anos de idade, ela passou a comandar um programa, o Fino da Bossa, líder de audiência. Não era só voz. Era imagem. Usava suas expressões e seu corpo para cantar.
Em “Trem Azul” – obviamente não sabendo que esse seria o último show da cantora –, o diretor Fernando Faro transformou Elis novamente em uma estrela de TV. “O azul eram as linhas da TV à noite, na casa das pessoas”, diz Faro. Era como se fechasse um ciclo. Uma carreira. Com essa inspiração, o show alterava momentos de drama, como em “Se eu quiser falar com Deus”, e de pura descontração, como no pout pourri de sucessos da época intercalados como vinhetas de programas de televisão.
A estreia de “Trem Azul” foi em São Paulo, no dia 22 de julho, no Canecão São Paulo. Depois seguiu para Curitiba e Porto Alegre. No final de outubro, chegou ao Rio de Janeiro, onde cumpriu temporada no teatro João Caetano. Em 11 de dezembro de 1981, Elis subiu pela última vez ao palco. Foi para uma única apresentação no Rio Palace (atual Hotel Sofitel, em Copacabana).
Neste especial, ÉPOCA resgata a história dessa temporada por meio de entrevistas, depoimentos, fotos e relíquias do show. Tudo serve para reconstruir “Trem Azul” e entender o momento pelo qual Elis passava na carreira e na sua vida pessoal. Uma homenagem à cantora que, por conta de seu talento e seu legado, resiste ao tempo e ainda é aclamada como uma das maiores cantoras do país.
Elis Regina durante uma entrevista com Klaudio Kleiman (Revista Expreso Imaginario). Buenos Aires, dezembro de 1979 | Foto: Wikimedia
No próximo dia 19, o aniversário de morte da cantora Elis Regina completará 30 anos. Uma pesquisa recente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP investigou sua trajetória musical durante os anos 60 e 70. Conduzido pela historiadora Rafaela Lunardi, Em busca do “Falso Brilhante”. Performance e projeto autoral na trajetória de Elis Regina (Brasil, 1965-1976) mostra como a artista mudou de perfil ao longo de sua carreira, transformando-se em símbolo do discurso ideológico ao final dos anos 70. Além disso, de acordo com a pesquisadora, Elis contribuiu para o estabelecimento do gênero MPB (Música Popular Brasileira): “Nos anos 60, ela foi uma espécie de porta-estandarte da música brasileira, e posteriormente, uniu o samba, o baião, a bossa nova e a marcha ao pop, o rock e o soul, passando por todas as fases e dialogando com as diversas demandas do mercado de música no Brasil”.
Orientada pelo professor Marcos Napolitano, Rafaela baseou-se em todos os discos de Elis (álbuns completos, compactos simples e duplos), materiais audiovisuais (DVDs e vídeos disponíveis na internet), artigos de imprensa (jornais, revistas e web) para compor seu trabalho sobre a cantora. “Busquei o maior número de gravações da época, além de ter feito uma ampla pesquisa em arquivos da cidade de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre e Curitiba por matérias escritas sobre ou por Elis, ou de eventos de que tenha participado”, conta.
O Fino
Elis começou sua carreira como cantora de rádio, ainda menina, no Rio Grande do Sul, na década de 1950. A primeira guinada de sua carreira foi em 1964, quando chegou ao Rio de Janeiro e cantou no famoso Beco das Garrafas, em Copacabana. No ano seguinte, já era uma das maiores estrelas do país, graças ao programa O Fino da Bossa, da TV Record, que apresentava junto com Jair Rodrigues. “Nessa fase, Elis seguia uma linha mais ‘vozeirão’, cantando em alto volume, abusando de efeitos e ornamentos vocais, acompanhada de arranjos orquestrais com metais proeminentes e com repertório mais ligado às questões do morro e do sertão”, explica Rafaela.Na época, a cantora era muito criticada por nomes como Augusto de Campos e Júlio Medaglia. “Ambos, adeptos da modernidade musical e tributários da Bossa Nova, afirmavam que Elis ajudava a promover o subdesenvolvimento da música popular brasileira ao cantar e apresentar-se de forma muito entusiástica, ao estilo carnavalesco”.
Em Pleno Verão
Memorial em homenagem a Elis Regina | Foto: Wikimedia
No final dos anos 60, Elis procura mudar seu estilo, trafegando entre vários gêneros musicais, como o pop, o rock e o soul, chegando até a cantar Beatles e Roberto Carlos, ícones de um ritmo que combatera anos antes, com a Marcha contra a Guitarra Elétrica. A partir de 1971, porém, a cantora vai assumir um tom mais engajado, com uso de instrumentos eletroacústicos e maior controle vocal, além de abrir espaço para compositores como Belchior, Ivan Lins e a dupla João Bosco & Aldir Blanc. Trata-se da fase do encontro com Cesar Camargo Mariano, pianista e arranjador que foi seu marido no período.
“Surpreendeu-me muito perceber que a Elis Regina que cresci ouvindo e que continua tocando nas rádios é aquela da fase final de sua vida e carreira, a Elis engajada na luta contra a Ditadura Militar, da luta pela Anistia, de “Como nossos pais” e “Romaria”. Essa é, sobretudo, a memória que se guarda da cantora nos dias de hoje, pela qual tornou-se icônica e monumentalizada.”, diz a historiadora. “Outras fases de sua carreira acabam sendo esquecidas. A não ser os contemporâneos a Elis, poucos conhecem, por exemplo, sua fase pop-rock, cantando Beatles”.
Esquecimento
Rafaela ressalta que, ainda que as músicas da cantora nunca tenham caído no esquecimento desde que faleceu, a biógrafa de Elis, Regina Echeverria, aponta que a memória da cantora esteve em ostracismo no decorrer da década de 1990 e passou por um momento de revalorização somente a partir dos anos 2000. “Visitei o túmulo de Elis Regina no Cemitério do Morumbi em setembro de 2010. O túmulo de Elis, diferente do de Ayrton Senna, que também está sepultado no mesmo cemitério, não estava decorado, nem possuía recados, faixas, coroas, cartas, bilhetes ou vasos de flores recém colocadas. De acordo com os coveiros do local e da floricultura do cemitério, seu túmulo é muito pouco visitado”, exemplifica a pesquisadora.Além disso, Rafaela também acredita que a cantora teve, durante muito tempo, sua história negligenciada pelo mundo acadêmico. “É de grande importância, então, que a sociedade brasileira conheça, valorize e não se esqueça dos indivíduos talentosos e que contribuíram para a conformação de nossa história, seja ela no setor artístico, político, econômico, científico. Espero que meu trabalho venha a contribuir nesse sentido”, completa.
A saudade da Elis Regina
Corria o ano de 1982. A ditadura militar estava em seus estertores e os movimentos sociais viviam às testilhas com os generais. Ainda era arriscado colocar o pescoço em manifestações políticas. Eu estava começando neste ofício como calouro do curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria.
Um mês antes do ingresso na UFSM, mais precisamente no dia 19 de janeiro de 1982, portanto há precisos 30 anos, uma voz vibrante silenciava. Elis Regina, na flor dos 36 anos, considerada pelos críticos como uma das maiores intérpretes da Música Popular Brasileira (MPB), morria por causa de uma fatal mistura de cocaína com bebida alcoólica.Por contraditório que pareça, os trotes universitários daquela época eram bem mais civilizados do que os de hoje. O coordenador do curso havia organizado uma semana de debates para recepcionar os bichos, da qual todos participavam. Por coincidência, o editor da Veja estava lá. Na inesperada morte da cantora, a revista tinha estampada na capa uma performática foto de Elis Regina com o título: “A tragédia da Cocaína”. Lembro da imagem que ilustra este editorial como se fosse hoje. Ouvia as canções de Elis Regina no rádio e só anos mais tarde entendi o real significado do “Bêbado e a Equilibrista”, música de João Bosco e Aldir Blanc, escrita em 1979. Eram as dores do Brasil, as mortes, os exílios e os desaparecimentos cantados em uma música que virou o hino da anistia. “Meu Brasil. Que sonha com a volta do irmão do Henfil. Com tanta gente que partiu num rabo de foguete. Chora a nossa pátria mãe gentil, choram Marias e Clarices no solo do Brasil. Mas sei que uma dor assim pungente. Não há de ser inutilmente, a esperança, dança na corda bamba de sombrinha”. Maria era mãe de Betinho (irmão de Henfil) e Clarice, mulher do jornalista assassinado na ditadura Vladimir Herzog. As Marias e as Clarices, no plural, faziam referência às mães, às irmãs ou às mulheres de pessoas que morreram, lutando por um ideal, um sonho, de ver o Brasil democrático e livre.
Meus colegas veteranos protestaram com veemente indignação, afirmando que a chamada de capa da revista era sensacionalista e denegria a imagem da maior intérprete da MPB da época. Mesmo diante da hostilidade da plateia e da desvantagem numérica, o editor da Veja não se mixou. Defendeu a capa dizendo que se tratava da mais pura realidade, por mais cruel que ela fosse. Eu, como estava chegando no pedaço, assisti aquela peleia de gente grande quieto, lá no fundão do auditório.Lembrei da Elis Regina e dessa história na noite do Reveillon que passou. A televisão estava ligada na Globo, enquanto transcorria a confraternização familiar. Uma duvidosa seleção de cantores, com muitas músicas de mau gosto, desfilava na tela. Lá pelas tantas, apareceu um tal de Michel Teló com o pegajoso refrão que as crianças cantavam e coreografavam com grande entusiasmo. “Delícia, delicia, assim você me mata, ai, se eu te pego, ai, ai, se eu te pego”. Não sei o porquê, fiz as contas. Lembrei da morte da Elis Regina, dos 30 anos que tinham passado. Embora não fosse um ardoroso fã seu, de repente, do nada, bateu uma enorme saudade das canções da Elis Regina.
Murilo Pinheiro Edição revista e ampliada de 'Furacão Elis' é lançada em janeiro
Considerada uma das biografias mais completas da cantora, obra chega às livrarias em janeiro,mês dos 30 anos da morte da 'Pimentinha'
A editora LeYa Brasil lança em janeiro – mês em que se completam 30 ano da morte de Elis Regina - 'Furacão Elis', a biografia de um dos ícones da MPB, em versão revista e ampliada, escrita pela jornalista Regina Echeverria, que já biografou outros grandes nomes da música como Gonzaguinha e Cazuza.
Nas mais de 240 páginas de 'Furacão Elis' - incluindo a discografia completa da cantora em ordem cronólogica – Regina Echeverria relata a trajetória não apenas da música e de uma das cantoras brasileiras mais populares dos últimos anos, mas de um país, que vivia momentos difíceis na política.
Ficha Técnica:
Título: Furacão Elis
Autora: Regina Echeverria
Formato: 16 x 23 cm
Nº de páginas: 272
Preço: 39,90
A grande Elis Regina agradou tanto brasileiros quanto franceses. A sua passagem pelo Olympia, respeitada casa de shows parisiense, ficou marcada por um feito histórico: até Elis, a casa nunca tinha permitido que o mesmo artista fizesse duas temporadas no mesmo ano em seu palco.
No entanto, em 1968, Elis fez tanto sucesso com a sua turnê francesa que o Olympia acabou abrindo uma exceção para a brasileira. No mesmo ano, ela lançou um compacto com o nome de “Elis Regina em Paris” onde cantava, em dueto com Pierre Barouh (aquele mesmo, o do filme “Um homem e uma mulher”), a deliciosa versão francesa de “Noite dos mascarados”, canção de Chico Buarque.Vale mencionar que, devido este grande sucesso, muita gente acha que Elis foi a primeira brasileira a se apresentar no Olympia, o que não é verdade. A primeira brasileira a pisar lá foi Marlene, a convite de Édith Piaf. Mas esta é uma história para outro dia.
30 anos sem Elis Regina
Nascida em 17 de Março de 1945 em Porto Alegre, Elis Regina de Carvalho Costa é considerada por muitos críticos a maior intérprete da música brasileira de todos os tempos.
Elis Regina era dona de uma inigualável e versátil voz, acompanhada de performances de palco perfeitas, além da personalidade única que tanto a caracterizou.
Influenciada por grandes nomes como Francisco Alves e Dolores Duran, a garotinha estrábica mostrava a vontade de ser estrela desde pequena. Aprendera piano em uma escola da prefeitura de Porto Alegre, porém abandonara a ideia de ser pianista quando chegara a época de ir para o conservatório, pois não tinha condições financeiras para ter um piano em sua casa. Devido a isso Elis optou por treinar a própria voz e torná-la seu próprio instrumento, já que esta não precisava ser comprada.
Elis Regina
Elis passou a cantar em reuniões familiares. Com sete anos de idade sua mãe, Dona Ercy, decidiu levá-la para participar do programa de rádio em Porto Alegre “O Clube do Guri”. Devido à timidez de Elis, tal inicial participação não fora possível, já que linda voz da cantora não saiu.
Cinco anos depois a garotinha pediu uma nova chance para a mãe e voltou ao programa. Sua voz impressionou de tal forma, que Elis passou a ser a atração principal e assistente do locutor e apresentador Ary Rego.
Aos 13 anos, Elis já era a atração principal em Porto Alegre assinou seu primeiro contrato com a Rádio Gaúcha e ganhou seu primeiro cachê, na época de 50 Cruzeiros por mês, que contribuiu muito para a renda familiar.
O início da carreira de Elis só foi possível graças a um trato entre a cantora e sua mãe: Elis não poderia descuidar-se dos estudos, o que foi corretamente cumprido. Elis Regina tinha sua carreira em ascensão e as melhores notas em boletins escolares.
Sua saída de Porto Alegre se deu aos 15 anos de idade, quando junto ao pai, o senhor Romeu, viajou para gravar o seu primeiro LP, Viva a Brotolândia, em que Elis foi tida como instrumento principal para a luta contra grandes interpretes da Jovem Guarda como Cely Campelo, o que não agradou muito a garota, já que queria mostrar o seu próprio estilo e percepção musical sem copiar ninguém.
Elis tornou-se enfim uma cantora consagrada ao vencer o Festival da Música em 1965, interpretando o grande sucesso Arrastão de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Não demorou muito para fosse contratada para apresentar o famoso programa “Os dois na Bossa”, junto com o amigo, Jair Rodrigues, e a seguir “O fino da Bossa” sendo então a cantora mais bem paga do momento.
A carreira de Elis passou então a deslanchar, o que nada atrapalhou sua vida pessoal. Elis casou-se em 1967 com o produtor Ronaldo Boscôli, o que muito surpreendeu a imprensa, já que os dois eram tidos como inimigos jurados. Deste casamento Elis recebeu o prazer de ser mãe pela primeira vez, João Marcelo Boscôli nasceu em 1970. O casamento chegou ao fim em 1972.
Elis e seus filhos João Marcelo, Maria Rita e Pedro
No mesmo ano, Elis casou-se com Cesar Camargo Mariano, pianista que a acompanhava desde 64. Cesar foi importantíssimo para a vida profissional da cantora, já que não foi apenas seu marido, e sim parceiro Musical de Elis, responsável pelos belíssimos arranjos que deixavam a obra da cantora ainda mais rara. Com César, Elis teve dois filhos, os cantores Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, que pouco conviveram com a mãe, mas que trazem belas lembranças suas. O relacionamento durou nove anos, terminando de forma intempestiva seis meses antes do falecimento de Elis.
Cesar Mariano terminou a educação não apenas dos filhos que teve com a cantora, mas também de João Marcelo Bôscoli, o primogênito.
Elis foi responsável pela apresentação de grandes compositores como Gilberto Gil, Edu Lobo, João Bosco e Milton Nascimento, que eram anônimos até cederem músicas para esta grande cantora.Elis teve a infelicidade de não ser a primeira a gravar Chico Buarque, embora tivesse tido a oportunidade. De acordo com ela, o primeiro contato que tivera com o compositor não foi satisfatório, Chico mostrou-se extremamente calado e mal dialogou com Elis, embora tivesse belo repertório musical. Elis que ainda não conhecia a personalidade tímida do cantor, acreditou que este não tivesse simpatizado com ela. Nara Leão então ficou com grande parte do Repertório apresentado a pimentinha. Anos depois, Elis pode então imortalizar Atrás da Porta de Chico Buarque, ainda se lamentando pelo belo repertório que perdera de interpretar.
Elis também foi responsável por grandes musicais, como Falso Brilhante, que unia a música ao Circo e Transversal do tempo além de ter sido a escolhida por João Bosco e Aldir Blanc para interpretar o hino da Anistia Brasileira pós ditadura, O bêbado e o Equilibrista que recebia de volta a pátria Brasileiros oprimidos e expulsos pelo regime militar.
Elis Regina foi um grande nome não apenas em solo brasileiro. Em 1978 pode representar o Brasil no Festival de Montreux, juntamente com Caetano Veloso e Rita Lee. A cantora islandesa Bjork , influenciada pela cantora e fã assumida, chegou a visitar o Brasil com o único intuito de conhecer os três herdeiros da cantora, João Marcelo Bôscoli, Pedro Mariano e Maria Rita.
Esta grandiosa cantora deixou-nos há 30 anos, em 19 de Janeiro de 1982. O Brasil recebeu de forma impactante a noticia de sua morte, mas isso não silenciou sua carreira. Elis Regina ainda é o nome que mais vende na indústria fonográfica brasileira, influenciando gerações e tendo deixado grande legado a história da música brasileira
Elis em Paris
Por Penélope
A grande Elis Regina agradou tanto brasileiros quanto franceses. A sua passagem pelo Olympia, respeitada casa de shows parisiense, ficou marcada por um feito histórico: até Elis, a casa nunca tinha permitido que o mesmo artista fizesse duas temporadas no mesmo ano em seu palco.
No entanto, em 1968, Elis fez tanto sucesso com a sua turnê francesa que o Olympia acabou abrindo uma exceção para a brasileira. No mesmo ano, ela lançou um compacto com o nome de “Elis Regina em Paris” onde cantava, em dueto com Pierre Barouh (aquele mesmo, o do filme “Um homem e uma mulher”), a deliciosa versão francesa de “Noite dos mascarados”, canção de Chico Buarque.Vale mencionar que, devido este grande sucesso, muita gente acha que Elis foi a primeira brasileira a se apresentar no Olympia, o que não é verdade. A primeira brasileira a pisar lá foi Marlene, a convite de Édith Piaf.
Fernando Faro: "Na estreia, Elis pulou em cima de mim" (Especial 30 anos do show "Trem Azul)
A brasileira Elis Regina morreu há quase 30 anos. Amy, precocemente, saiu de cena no início deste ano. Por uma iniciativa do DJ Rafael Nelvam – e não tem nada de oficial nisso – as duas cantoras se encontram em um “mashup”, nesse caso, de música, que vem fazendo sucesso no YouTube.
“Rehab de Março” junta a batida do maior sucesso de Amy com a “Águas de Março”, um clássico da música brasileira composto por Tom Jobim. A gravação usada pelo autor é de uma apresentação de Elis para a televisão, em 1973. Nela, a cantora está acompanhada do pianista César Camargo Mariano. O resultado é curioso. Vale ressaltar que o autor do “dueto” não faz qualquer menção ou associação maldosa sobre as cantoras. O que imperou, neste caso, e não poderia ser diferente, foi a ideia de realizar um encontro entre dois grandes talentos da música mundial.
Para assistir e curtir sem julgamentos ou preconceitos
(Danilo Casaletti)
Segunda parte do especial sobre Elis Regina traz cenas de show histórico da cantora na TV Brasil
Elis Regina no show do Canecão
O Musicograma de sábado (14), às 21h30, exibe a segunda parte do especial Elis Vive, sobre Elis Regina. O programa traz imagens de um show da cantora no Canecão, em 1980, no Rio de Janeiro, Saudade do Brasil. Gravado exclusivamente pela extinta TVE do Rio de Janeiro, o show tem direção de Ademar Guerra e direção musical de César Camargo Mariano. Ficou em cartaz durante cinco meses, fazendo grande sucesso.O programa mostra uma entrevista da artista no camarim, onde ela diz que não pretendia ser cantora profissional. Elis pensava em estudar literatura ou letras. Mas, aos poucos, “foi gostando e achando engraçado essa coisa de cantar”, como definiu mais tarde.
Elis conta histórias de quando chegou ao Rio de Janeiro, em março de 1964, e da ajuda que teve de Paulo Gracindo, que conseguiu para ela um contrato na TV Rio onde fez “Noite de gala” e outros programas. E que conheceu Edu Lobo, cantando no Beco das Garrafas. Que a partir dali foi convidada para defender a musica Arrastão, no 1º Festival de Musica Popular, e ai sua carreira deslanchou.
No repertório do programa, Redescobrir, do Gonzaguinha; Presidente Bossa Nova, Juca Chaves; Maria Maria, Milton Nascimento/Fernando Brant; Aquarela do Brasil, Ary Barroso; O Primeiro Jornal, Suely Costa; Sabiá, Tom Jobim/Chico Buarque, entre outros. Horário: 21h30 Fonte: TV Brasil
Clássicos da MPB: Elis Regina e Tom Jobim - Elis & Tom
Por Luiz Felipe Carneiro
Em 1974, Elis Regina estava comemorando dez anos na gravadora Philips. Por causa da data redonda, a gravadora queria presentear Elis com o que ela quisesse. A cantora, como não é boba nem nada, acabou optando por gravar um disco com o maestro Antônio Carlos Jobim - aliás, uma ideia original do produtor André Midani -, compositor que Elis mais gravou em toda a sua carreira, seguido de perto pela dupla João Bosco e Aldir Blanc. Sábia decisão, que acabou gerando um dos grandes discos da carreira de Elis, de Tom e de toda a música popular brasileira.Em seu livro Música, Ídolos e Poder: do Vinil ao Download, André Midani fala um pouco sobre a concepção do álbum. "Elis ia celebrar dez anos de carreira em 1974, aniversário que merecia de todos nós a maior atenção. Menescal e Armando Pittigliani, em particular, queriam produzir um disco espetacular, memorável! Porém... Qual? Essa era a questão. (...) Voltando aos dez anos de carreira de Elis, em consenso com Roberto Oliveira - administrador da carreira de Elis Regina - Menescal, Armando e eu pensamos que Tom Jobim seria o parceiro ideal para a celebração.
O maior compositor do Brasil em dueto com a maior cantora do Brasil."Aceito o convite, Elis e seu marido Cesar Camargo Mariano viajaram para a Califórnia, e quando lá chegaram já estava instalado um clima tenso no ar. Tom Jobim não concordava com o fato de Cesar ficar responsável pelos arranjos, além de implicar com o seu piano elétrico. Tom chegou até mesmo a ligar para os maestros Claus Orgeman e Dave Grusin, que não puderam participar do projeto, por falta de tempo.
Conformado com a situação, o disco começou a ser gravado, com Elis colocando voz praticamente ao vivo nas canções, e Tom tocando piano em algumas faixas e violão em "Chovendo na Roseira". O maestro Bill Hitchcock também participou do LP, regendo uma orquestra de cordas em cinco de suas 14 faixas. O acompanhamento ficou por conta dos músicos que acompanhavam Elis naquele ano: Hélio Delmiro (guitarra), Luizão Maia (baixo), Paulo Braga (bateria) e Oscar Castro Neves (violão), além do próprio Cesar Camargo Mariano (piano elétrico e, eventualmente, piano acústico)."Águas de Março", a primeira faixa do álbum - produzido por Aloysio de Oliveira e gravado nos estúdios MGM de Los Angeles em fevereiro e março de 1974 - talvez seja o dueto mais famoso da história da MPB. A canção já havia sido gravada anteriormente por Elis, mas o dueto com Tom consegue ser mais fantástico. Os dois casaram as suas vozes de uma maneira perfeita e espontânea, apesar do clima não muito favorável durante as gravações. Outros duetos de Tom e Elis também fazem parte do álbum. "Corcovado", além da voz, conta com o piano de Tom Jobim.
As cordas regidas por Bill Hitchcock e o arranjo econômico de Cesar Camargo Mariano, com ênfase na voz da cantora gaúcha, fazem desta faixa outro grande momento do disco.O famoso "Soneto de Separação", de Vinícius de Moraes, também é outro destaque.
As vozes dramáticas de Elis Regina e Tom Jobim, somadas ao piano único do maestro, fazem da gravação uma das mais tristes do repertório de Elis. A última faixa do disco também é mais um dueto; mais do que isso, "Inútil Paisagem" é um encerramento perfeito. Apenas as vozes dos dois e o piano de Tom. Simples, econômico e magnífico.
Mas nem só de duetos vive Elis & Tom. Se as músicas que têm a participação de Tom soam mais dramáticas, as faixas que contam apenas com Elis e sua banda são mais descontraídas e alegres. A impressão que fica é a de que, sem Tom ao seu lado, a cantora relaxou e se soltou mais. "Só Tinha de Ser com Você", "Triste", "Brigas, Nunca Mais" e "Fotografia" são bons exemplos. Todas estas quatro faixas são mais puxadas para a bossa nova, sem o peso das cordas de Bill Hitchcock.
A bateria sincopada e a batida característica de violão se sobressaem, e a sonoridade fica bem mais leve.Em outras faixas, como "Modinha" (com uma interpretação sensacional de Elis), "Retrato em Branco e Preto" e "Por Toda a Minha Vida", Tom participa com o seu piano. O resultado, como pode ser notado, é muito mais tenso e completamente diferente das quatro em que ele ficou de fora. Em "Chovendo na Roseira", Tom Jobim não só tocou piano, como também participou com o seu violão.
Em 2004 foi lançada a versão deste álbum em DVD-áudio, com uma mixagem em seis canais (5.1) supervisionada por Cesar Camargo Mariano a partir dos masters originais de oito canais. Além de todas as faixas do LP original, o DVD traz alguns diálogos entre Tom e Elis, além de uma versão alternativa mais rápida de "Fotografia" e a inédita (na voz dos dois) "Bonita".
ELIS REGINA, A DITADURA MILITAR E LUIS INÁCIO LULA DA SILVA
Este artigo é um primor. O autor: Sérgio Luz. A revista: Continente Multicultural, uma das melhores do País.
Sair da vida para um cemitério, é comum, acontece com todo mundo. Mas sair de um cemitério para a vida, só mesmo simbolicamente. Pois foi o que aconteceu com uma gaúcha chamada Elis Regina Carvalho Costa que, em 36 anos de vida, gravou 27 LPs, 14 compactos simples e seis duplos, que venderam um total de quatro milhões de cópias – um número até hoje impressionante. Em poucos anos, Elis sai do Inferno para o Paraíso. Ao Inferno, ela chega ao ser “enterrada” no Cemitério dos Mortos-Vivos do Cabôco Mamadô – para onde o cartunista Henfil, no semanário O Pasquim, mandava pessoas que, na opinião dele, colaboravam com a ditadura militar no início da década de 70. Ao Paraíso, Elis ascende ao liderar um grupo de artistas de esquerda (Fagner, Belchior, Gonzaguinha, João Bosco, Macalé e Carlinhos Vergueiro, entre outros), que faz vários shows para levantar dinheiro para o Fundo da Greve do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, no ABC paulista, em 1979.Essa vivência política é um lado pouco conhecido de Elis Regina que, aos 18 anos, foi sozinha para o Rio de Janeiro, onde chegou a morar num quarto-e-sala na Rua Barata Ribeiro, 200, em Copacabana (um prédio tipo balança-mas-não-cai, celebrizado numa peça de teatro, “Um Edifício Chamado 200”, de Paulo Pontes).
Em 1965, acontece o estouro: Elis vence o I Festival de Música Popular, da TV Excelsior, com “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Elis fez pelo menos três shows antológicos: Falso Brilhante (1975), Transversal do Tempo (1977) e Saudade do Brasil (1980). Dos seus discos, a maioria de qualidade acima da média, o melhor é o que gravou com Tom Jobim, em 1974, nos EUA, considerado uma obra-prima, mesmo por quem não gosta de Elis Regina. Por causa do seu gestual no palco, agitando os braços como se nadasse de costas, Elis foi chamada de Elis-Cóptero e Élice-Regina, mas o apelido que pega, mesmo, é o que lhe dá Vinicius: Pimentinha. Sim, porque, dali em diante, já como estrela conhecida no país inteiro, ela iria, por assim dizer, apimentar muitos aspectos da vida cultural brasileira, durante praticamente duas décadas.
Do cemitério à anistia – O episódio mais apimentado da vida de Elis, sem dúvida, foi o seu “enterro” no Cemitério do Cabôco Mamadô. Lá, ela fez companhia a gente como Wilson Simonal, Amaral Neto (um deputado carioca de direita, defensor da pena de morte e alcunhado de Amoral Nato), e Flávio Cavalcanti (um apresentador de TV que liderou, metralhadora na mão, a invasão e depredação do jornal Última Hora, no Centro do Rio de Janeiro, logo no início de abril de 1964).Elis foi “enterrada” por Henfil por duas atitudes em relação ao Governo Federal, na época chefiado pelo ditador-de-plantão general Garrastazu Médici, o mais sanguinário dos militares-presidentes. Primeiro, foi a gravação de uma chamada veiculada em todas as TVs, a partir de abril, conclamando o povo a cantar o Hino Nacional no dia 7 de setembro de 1972. Foi o ano do Sesquicentenário da Independência, uma data que a ditadura aproveitou ao máximo (inclusive com a organização de uma Mini-Copa de futebol, vencida pela Seleção Brasileira).
Vários outros artistas também apareceram em chamadas de TV, promovendo a Olimpíada do Exército, em filmes produzidos pela Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República. A AERP foi uma reedição atualizada do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) do Estado Novo (1937-1945). Por isso, Marília Pêra, Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Glória Menezes, entre outros, também foram “enterrados”.A segunda atitude de Elis que provocou a ira-santa de Henfil (e um segundo “enterro…”) foi a apresentação dela na Olimpíada da Semana do Exército, em setembro do mesmo ano, 1972.Hoje, mais de 30 anos depois do Cemitério do Cabôco Mamadô do Pasquim, é preciso entender aqueles tempos-de-chumbo para compreender a postura radical de Henfil. Vivia-se um momento de intensa repressão política. Mas a razão principal do “enterro” de Elis, está no próprio Henfil – um artista engajado que não fazia concessões, e pagou por isso –, que tinha um irmão exilado, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, um militante que fugiu do Brasil para não ser assassinado pelos órgãos de segurança.
E Betinho, indiretamente, teve a ver com um dos motivos para a passagem de Elis do Inferno para o Paraíso: a gravação, em março de 1979, de uma das músicas politicamente mais engajadas da MPB, “O Bêbado e a Equilibrista”. De João Bosco e Aldir Blanc, a música foi uma espécie de hino de um dos mais importantes movimentos políticos da História do Brasil: a luta pela anistia ampla, geral e irrestrita. A campanha foi lançada em janeiro de 1978, com a criação do Comitê Brasileiro de Anistia (CBA), no Rio de Janeiro. “O Bêbado e a Equilibrista” – que emociona até hoje, fala na “volta do irmão do Henfil”. Na época, Betinho – que, como Henfil e o outro irmão, Francisco Mário, era hemofílico e pegou Aids numa transfusão de sangue – estava no México, esperando, justamente, a anistia.
Elis e Henfil: cara-a-cara – O “coveiro” Henfil e sua “defunta” Elis acabaram se encontrando, por iniciativa dela. Sobre esse momento, Henfil deu, três anos depois da morte da cantora, um depoimento tão sincero quanto comovente a Regina Echeverria, autora de “Furacão Elis” (Nórdica – Rio de Janeiro, 1985). O cartunista não pediu desculpas por tê-la “enterrado”, mas se arrependeu. Os dois acabaram amigos sinceros, trabalharam juntos e se falaram até dois meses antes da morte da cantora. Com a palavra, Henfil:
– Foi igualzinho a hoje. De repente, os artistas são arrebanhados pelo Governo, só que – eu não sabia – debaixo de vara, de ameaças, para fazerem uma campanha da Semana do Exército. O que eu vi, na realidade, foi o comercial de televisão. Me aparece o Roberto Carlos dizendo: “Vamos lá, pessoal, cantar o Hino Nacional”. E, de repente, a Elis surge regendo um monte de cantores, de fraque de maestro, regendo o Hino Nacional. E nessa época nós estávamos no Pasquim e eu, mais que os outros, contra-atacando todos aqueles que aderiram à ditadura, ao ditador-de-plantão. (…). Eu só me arrependo de ter enterrado duas pessoas – Clarice Lispector e Elis Regina. (…) Eu não percebi o peso da minha mão. Eu sei que tinha uma mão muito pesada, mas eu não percebia que o tipo de crítica que eu fazia era realmente enfiar o dedo no câncer. Quando nos encontramos anos depois, (…) fomos jantar numa cantina perto do Teatro Bandeirantes e ela fez questão de sentar na minha frente. (…) De repente, ela começou a falar: “Pô, bicho, eu te amo tanto, bicho, te gosto tanto”. E eu já não estava gostando dessa história de “bicho”, porque eu não gostava do jeito que ela falava, nunca gostei. Daí me irritei e disse: “Elis, o que você está querendo dizer com isso? ”. Aí, ela começou a chorar. As pessoas na mesa enfiaram a cara no prato, todos sabiam o que eu tinha feito, só eu não sabia. Ela disse: “Pô, você me enterrou”, e começou a me esculhambar, dizendo que aquilo foi uma covardia, que ela estava ameaçada. (…) Elis nunca me perguntou se eu estava atacando porque ela estava defendendo um regime militar que queria matar meu irmão. (…) Resolvi engolir.
Ela terminou de falar, entendeu meu subtexto: “Tá, Elis, eu aceito”. (…) Evidente que os militares estavam pressionando o país inteiro. Eu sabia disso, os militares faziam censura prévia no meu jornal (Pasquim), presença física, todo dia. (…) Então, tinha todo o direito de criticar uma pessoa que ia para a televisão se entregar. Eu não mudei em nada e ela percebeu isso. (…)
– Ela tinha a preocupação de me provar que tinha mudado. Que continuava uma pessoa de confiança ideologicamente. (…) Como se eu fosse inspetor de quem não é de esquerda. Aí, mandava dinheiro: do show que fez no Canecão, inclusive para que eu entregasse aos grevistas de São Bernardo. (…)
No enterro, uma roupa censurada – A atividade política de Elis Regina não se limitou apenas aos shows para os grevistas do ABC ou à gravação do Hino da Anistia. Por exemplo: ela se engajou no esforço de vários artistas para saber o paradeiro do pianista Tenório Júnior, que fazia uma excursão a Buenos Aires, acompanhando Vinicius de Moraes e Toquinho. O músico foi preso na rua, em março de 1976 – sem documento, quando ia a uma farmácia comprar remédio para asma – possivelmente confundido pela repressão argentina com um guerrilheiro.
Elis casou duas vezes (com o compositor Ronaldo Bôscoli e com o músico César Camargo Mariano), e teve três filhos (o músico e produtor João Marcelo Bôscoli e os cantores Pedro Mariano e Maria Rita). Morreu em São Paulo por overdose de cocaína, às 11h45 do dia 19 de janeiro de 1982. O velório foi no Teatro Bandeirantes, por onde passaram mais de 60 mil pessoas. No dia seguinte, 20 de janeiro, Elis é enterrada no Cemitério (de verdade) do Morumbi. Seu corpo vestia uma roupa que ela foi proibida, pela Censura, de usar no show Saudade do Brasil – uma camiseta com um desenho da Bandeira do Brasil onde, no lugar do “Ordem e Progresso”, estava escrito: ELIS REGINA. Quer dizer: Elis Regina Carvalho Costa, politicamente falando, riu por último ao ser enterrada com a roupa censurada. Tanto que, hoje, é lembrada pela música “O Bêbado e a Equilibrista” e a anistia, e não pela sua “passagem” pelo Cemitério dos Mortos-Vivos do Cabôco Mamadô do irmão do Betinho.